Rosana Gimael Blogueira

Powered By Blogger

quarta-feira, 25 de março de 2015

Para minha querida Maria Ignês Scorsoni!

Pra vc, minha amada e inesquecível professora Maria Ignês Scorsoni, que muito me inspirou, que me introduziu ao fascinante instrumento: o piano!Que esteve comigo dos seis aos dezoito anos, me apresentando o melhor da arte, o melhor da música clássica, que me apurou os ouvidos, que me fez entender a melhor, a mais pura, a mais sensível das linguagens, que esteve comigo nos bons e nos maus momentos, ofereço essa melodia que tanto nos emocionava, que nos "tocava" profundamente: Moonlight Sonata, de Beethoven!
Vá em paz, rodeada de Anjos e que o Senhor a acolha tão lindamente como vc me acolheu e acolheu a tantos outros em tantos momentos!
E que você encante a todos lá em cima, com sua costumeira maestria e domínio desse lindo instrumento!
Bjos e até um dia.
Rosana

As "meninas' que marcaram a minha infância

Veio-me da querida Neusair na primeira postagem à página inicial do meu Face, a música Only You, do The Platters. Ao ouvi-la, logo a seguir, em uma dessas manhãs frias e de sol anêmico, curiosamente, ela não me remeteria a algum baile ou a algum momento romântico mas a certas “meninas” que chegavam, naquele instante, em flashes à minha memória afetiva. Coloquei a linda melodia inúmeras vezes e enquanto a ouvia, palavras, tipo escrita automática, fluíam do teclado, despejando-se na tela, galopantes, céleres, sem que eu muito me pusesse a pensar. Apenas estava eu, naquele momento, imbuída do sentir, fotografando por escrito o que surgia nessa minha memória. E as "meninas" ali, intercalando-se...indo e vindo à minha frente, sobrepondo-se uma a frente da outra em uma sequência colorida.
(...)
As primeiras a chegarem foram Dona Tutu Balloni e Dona Silene Sousa. As duas mulheres vestiam calça preta, um pouco acima do tornozelo, blusa de xadrezinho beeeem miúdo vinho e branco - o uniforme delas. Eram as minhas “tutoras” primeiras no Parque Infantil. Inseparáveis, à beira da piscina (imensa!), ao lado dos brinquedos do parquinho, supervisionando a garotada; lá estavam elas cantarolando músicas infantis, fazendo as costumeiras brincadeiras, lindas, de batom, unhas ( longas e vermelhas!) bem feitas, alegres, vibrantes a nos assessorar, a nos descortinar novos horizontes, a nos iniciar no aprendizado da vida, no espírito de solidariedade, na amizade, inspirando-nos com seus exemplos, com suas atitudes. Incansáveis, lindas amigas e companheiras, doces e animadíssimas professoras! Eu me concentrava na delicadeza delas, no timbre suave da voz delas, nas mãos a delinearem gestos no ar, nas histórias que nos contavam, no carinho delas para com todos nós, meninas e meninos entre 5 e 7 anos!
Depois vieram D. Estella Tavano e D. Nena, inseparáveis irmãs de cabelos prateados que caminhavam sempre de braços dados pela avenida. D.Estella estava sempre alegre e, apesar de um defeitinho na perna que a fazia mancar, dançava , cantarolava e não parava quieta um só instante! Ela foi a minha professora de solfejo, me dando as primeiras noções de música, preparando-me para a minha amada e inesquecível Maria Ignês Scorsoni, minha professora de piano, que muito me incentivou e me inspirou no universo desse instrumento-essa merece uma crônica à parte, tamanha dedicação, carinho e   brilhantismo fora do comum! A D. Nena, mais tímida, concordava sempre com o que D. Estella decidia, tinha um temperamento mais calmo e ambas se complementavam...Não se casaram e eram muito queridas, eram elegantes, eram prendadas, eram carinhosas com todos nós e sempre estavam presentes em nossas reuniões festivas. Eram duas “jovens” senhoras carismáticas. E elas nos enchiam de mimos, elogios, carinhos, conselhos e ...bolos deliciosos!
Seguem-se agora a D. Auxiliadora Vieira Dias e D.Ester Campos...elegantérrimas, antenadíssimas com as últimas tendências, arrojadas, de um bom-gosto indiscutivelmente refinado. Auxiliadora, mineira de Alfenas; Ester, irmã do Hermínio, da nossa cidade. As duas comandavam o Saloon, espaço mineiro charmosíssimo na avenida principal. Nesse espaço estilo meio “western” além das tradicionais balas de café(de-li-ci-o-sas!), eram vendidas coisas de Minas, isso na década de 60. E ali, concentravam-se jovens lindos, bem trajados e animados, sob comando da dupla luminosa, ambas adornadas de roupas e acessórios exuberantes, coloridos...lindas as duas e encantadoras na arte de receber, recepcionar, vender, entreter...prosadoras impecáveis e sempre apresentando novidades!.
E finaliza-se mais uma cena, mais um instantâneo flash: as irmãs gaúchas austeras, místicas, fechadas. As três mulheres –uma delas, jovem, de olhos lindamente amendoados, diziam ser filha de uma delas-, de semblantes pesados, cabelos negros, deixavam “rastros” de forte cheiro de água- de- colônia, cheiro esse que se recendia aos quatro ventos, por onde passavam...todas com rouge rosa -choque e batom e unhas idem... também eram inseparáveis e o que chamava a atenção sobre elas eram as roupas rodadas, amplas, coloridas com cinturas beeem marcadas por grossos cintos de fivelas imensas, brincos de argola, anéis e correntes grossas de ouro mais parecendo ciganas essas três soturnas mulheres . A vida delas era um mistério! Elas preservavam a sete chaves a intimidade, o que incitava a garotada a ser espevitada, endiabrada...essas mulheres provocavam um certo tumulto quando pelas crianças passavam...e todas elas curiosas em querer saber mais sobre aquelas misteriosas “gaúchas-ciganas”!
Havia aquelas também que me marcaram pelo "frisson", provocando um outro tipo de tumulto por onde passavam por serem mais "destemperadas", ousadas, "sanguíneas"...as "Bibas", as "Peixeiras"... E nin-guém desafiava enfrentá-las ...por na-da! E elas, aos homens seduziam, os arrebatavam! 
Aliás, cada uma dessas "meninas" acima ( e outras tantas!) dariam interessantes protagonistas de boas histórias...
Essas "meninas" trouxeram de volta pra mim, neste momento, explosões de cores, cheiros de tempos bons e muito bem "sentidos".
E há, ainda, muitas outras que fizeram parte da minha infância e também da minha juventude, em Cosmópolis. E eram elas receptivas, cúmplices, amigas de todos, solidárias nas confidências conosco, dando sábios toques, sempre atenciosas , queridas por muitos de nós, desde sempre.....a querida Vicentina Bontempo e a Adelaide Leone, tão generosas seeempre, nos enchendo de presentes, de atenções, de gentilezas...Vicentina foi a que me recebeu de braços abertos e com muito afeto na Caixa, sempre me ensinando tantas coisas, com tanta paciência, zelo, sabedoria.
E temos a nossa querida amiga  Neusair Vieira da Silva , a que através de sua postagem me inspirou, hoje, a escrever. Uma mocinha que manteve seu ar de menina, seu coração jovem, seu sorriso amplo...lembro-me dela junto a sua irmã também linda como ela...trabalhavam de frente a loja do meu pai, na Telefonia, época de uma comunicação difícil, mas de amizade fácil, verdadeira, linda demais. Sempre alinhadas, sempre alegres, participavam ativamente do que acontecia conosco, vibravam com as coisas boas que nos aconteciam, condoíam-se conosco nos momentos mais difíceis. Sempre estiveram presentes lindamente em nossas vidas!
E agora a voz da minha mãe ecoa, forte, dentro de mim, duelando comigo insistente: “É melhor você voltar, esse seu " isolamento"não tá te fazendo bem, você tá muito nostálgica demais, tá muito voltada pro passado”! Mãe sempre tem razão? Seja o que for, nada é premeditado quando damos vazão a sensações e ou sentimentos que fluem alheios a nossa vontade. E, no meu caso, escrever acaba por ser um mergulho na alma. E ao postar esses tais “mergulhos”, posto-os imaginando passar pra alguém algo mais pra "ser"sentido do que "ter"sentido.. é assim que acontece. Algo que desperte algum "sentido". Ou toque todos os "sentidos".
(...)
Vou dar mais alguns outros mergulhos – hoje mornos pra quentes, dada a "condição climática" do meu coração- e eu sugiro a vocês, meus queridos amigos, a fazerem o mesmo cada qual à sua maneira...a ouvirem uma música que realmente “toque” a alma e deixar um “filmezinho” bem legal - ou uma “cena” dele - preencher gostosamente a memória de vocês. Isso pode vir a surpreendê-los. Isso pode aquecer o coração...pode-quem sabe?- despertá-los para pequenos ou grandes milagres...ainda mais se vocês estiverem acompanhados de um bom tinto ou ainda de alguém que hoje os encaminhe para a sensata constatação: "Somente você (sim, só você mesmo, aí que me ouve agora!) pode fazer a escuridão brilhar!"

Comentários
0 Comentários

Nenhum comentário:

Postar um comentário