Rosana Gimael Blogueira

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quinta-feira, 29 de outubro de 2015

"EU TE AMO"

Deparei-me tempo atrás com essa postagem sobre o "Eu te amo" da querida e luminosa escritora Claudia Ferreira a quem tive o prazer de conhecer em minhas andanças pelo Rio de Janeiro.
Palavras oportunas diante de situações que tenho vivenciado ultimamente.

Sinto-me mulher "destemida" em relação a paixões e ou amores. Mas confesso que sempre estranhei o uso demasiado do "Eu te amo"em situações em que mal as pessoas se conhecem e já disparam gratuitamente essa tão profunda frase "a torto e a direito". Assim como o beijo, pra mim o "Eu te amo" tem um valor imensurável quando há verdadeiros sentimentos, quando há um envolvimento maior em um relacionamento.

Não me soa em nada verdadeiro - assim do nada - o "Eu te amo"...fica vazio, perde-se o sentido maior. Isso não tem nada a ver com princípios, educação, valores etc e tal. Penso que a frase perde a credibilidade, o encantamento quando dita a esmo. Fico desconfiada por demais - pra não dizer com "a barata atrás da orelha"- diante de um homem que me diz isso a toda instante ou mesmo em uma primeira conversa ou encontro. Agora, se com o avançar do relacionamento, quando pinta uma maior intimidade,  um estar muito bem um com outro, na descoberta dos pequenos rituais do dia a dia, quando ambos os parceiros se percebem tomados de amor e de reconhecimento  um para com o outro - além da imprescindível  química, claro! - aí é outra história.

Há também situações, além do relacionamento "homem x mulher"em que tenho presenciado o "Eu te amo" sendo pronunciado de forma banal. Já é difícil  entre tantos familiares e amigos - cara a cara - proferir a frase de maneira espontânea e convincente, imaginem com estranhos! Certa vez, ao visitar  uma igreja, vi-me cercada de fiéis- muuuitos e desconhecidos - se aproximando de mim, abraçando-me ( e beijando-me) efusivamente e todos proferindo-me  a frase incessantemente ...me senti  acuada e com uma sensação muito estranha, inexplicável!

Talvez a maturidade tenha me trazido outras coisas as quais priorizo mais que tudo, porém desde sempre fui assim ressabiada com rompantes fortuitos, gratuitos. Eu tenho que sentir veracidade nas atitudes, nos sentimentos, ter uma grande admiração pelo outro... do contrário, fica tudo muito "pobre" demais, incoerente, duvidoso, banal demais!

É, acho mesmo que é muito "Eu te amo" pra pouca verdade...


terça-feira, 27 de outubro de 2015

A MÚSICA E EU...PARTE II

Resolvi  ouvir  as  últimas  vertentes da música desse nosso país – sempre com repertório tão vastamente peculiar. E reouvir algumas outras do passado.
Sou extremamente ligada nessa linguagem através da qual consigo encontrar uma conexão maior e que, de certa forma, me exorciza de certas turbulências que, por vezes, têm o hábito de me visitarem. Na maioria das vezes, são turbulências do bem, proporcionam-me uma “vibe”   interessante e é quando sinto um vibrante pulsar que me dá uma sensação de que estou na vida pro que der e vier. E sem elas, essas minhas hóspedes transitórias, tudo seria menos colorido...tudo seria tão  insosso!

O bacana é que consigo sempre ser espectadora de um filme e isso me faz sentir ter o controle remoto pra pausar, retroceder, avançar, rever rindo muito ou  chorando numa  boa, sentindo a mescla dessas emoções e, depois disso, me permito abrir-me para novas sensações do meu presente.
E entre um acorde aqui outro acorde acolá não tem, claro, como  evitar  de viajar através das letras (como a maioria)- que fala de amores, de fácil entendimento,  estilo coloquial bem eloquente - das personagens e suas histórias e  vida pregressa, dando asas ao coração e à imaginação.
Nesses momentos vou esparramando coisas e coisas não me preocupando em me fazer ser entendida. Me  alegraria se um ou outro pudesse apenas sentir o quanto somos frágeis na área do bem(ou mal) amar.  Ou ainda se pudesse driblar –em melodias e letras- a sisudez de certas situações e ou embaraços que vamos encontrando pela vida. A linguagem da música é a voz da alma que, em certos momentos,  precisa se fazer presente, entendida, acarinhada.
Entre lágrimas e sorrisos cada qual convive com o enredo e ou consequências de suas escolhas, muitas vezes sem escolhas rsrs. E cada um de nós  tem seus mecanismos de defesa, ataque ou contra-ataque...ou somos ou estamos quase sempre indefesos quando se trata das tênues relações do coração com o mundo, de nós com o outro-íntimo ou estranho; ou aquele que nos foi íntimo um dia e hoje é mais estranho do que qualquer outro estranho rsrs.
E quando  se trata de sentimentos mal resolvidos nos pegamos nos questionando sem ter respostas. E a palavra de ordem é bola pra frente dentre tantas outras “gotas de sabedoria” para que sigamos em frente sem olhar para trás. Parece simples. Se assim o fosse não veríamos tantas pessoas tão desencontradas- exceto , claro, em álbuns de retrato e em redes sociais onde todos são felizes, realizados ou se revelam em atitudes e palavras sinalizando que algo não anda nada bem e acabam por deslizarem ao revelar as tais fraquezas tão nossas, tão humanas, tão inquestionáveis e  -  quase sempre - tão mal interpretadas ou mal digeridas.
Mas voltando à música, preparei aqui uma coletânea de canções não tão famosas nem tão nobres e ou antológicas, mas traduzem dores do coração, da alma, do espírito. Algumas  delas  revelam sensações, sentimentos  inerentes ao humano, não tão “tocantes” nem tão “corretas”, românticas ou não , ou outras que não nos enlevam ou, digamos, acrescentam. Mas tornam-se interessantes à medida que se propõem dizer pra certas pessoas ou até pra nós mesmos coisas que nem sempre temos coragem de  verbalizar.
 Espero que possam, em momento oportuno, ouvi-las em momentos descontraídos  pra rir, chorar, dançar, refletir, inspirar.  A pretensão  é a pura diversão. Ou apenas sentir...Puro deleite. 
                                                            

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

"Teus abraços precisam dos meus"

Eis um "hino" para corações vazios, para almas que não se reconhecem, para aqueles que sofrem por  amores idos ou vindos, para os que não reconhecem sentimentos nobres...ou para todos, sejam aqueles que acreditam em amores libertadores ou não, para os que têm corações abastecidos de sentimentos maiores - sempre! 

domingo, 18 de outubro de 2015

Na gangorra com Cronos


Sob o compasso do deus do tempo
Lento dormente devorador
A espera vai se preenchendo na plenitude do espírito
E se encontra nas cavidades
E nelas se esgota e se perde.

No pulsar do sangue
O côncavo procura - em vão - o convexo na noite oca
A distância de oceanos separa amantes
O amor posto que ausente empalidece anêmico
E a dor da saudade sentida
Ecoa latente
E  segue
Ferindo feito faca afiada
Cravada no sôfrego peito.

Então mergulho em águas cristalinas
E encontro você no azul
E nos beijamos
E de nossas bocas em movimento vivo
Saem peixinhos e flores
Cores e fragrâncias indefiníveis.

E no tremular das ondas
Sem querer nos mordemos
Essa dor é doce
E se nos afogamos
Num breve absorver simultâneo de fôlego
Essa instantânea morte é bela

E encerra a noite mais um dia
De ausência diluída em música
Em escritos desmedidos débeis vãos
Em acordes esvaindo-se fluidos no firmamento
E no sentir dos corpos que se clamam e que se ouvem.

Cala-se então o desejo no torpor do Beaujolais-Nouveau
E então sinto ali no tinto encorpado e jovem
O teu sabor frutado
O teu tremular contra mim
Como uma lua na água ondeada...


E diante das labaredas da fogueira alta em noite de gelo
Aos pés da montanha
Eu te desenho
E te espero.

* Inspirada pelos clássicos das letras, da música, pela Lua, pelas estrelas, por Apolo...

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

* “Em minha casa há muitas moradas”

Elas vêm e vão no compasso das quatro estações
Trazem consigo suas peculiaridades
Hóspedes contraditórias polêmicas emocionais guerreiras
Sensíveis destemidas ousadas passionais
Necessárias para que eu sobreviva imune ao caos
Que muitas vezes chega sorrateiro dentro de mim
Em meio a falsas verdades
A egos inflados
A amores e desamores intensos
Em meio a paixões desmedidas e descabidas
“In”cabíveis.

Sentimentais sonhadoras idealistas hormonais virais.
Heloise Guinevere Juliette Anita Drusilla
Todas deliciosamente “in”.
E outras há “in”findas dentro de mim
Hera Afrodite Psiquê Eurídice Athenas
Que se duelam e e depois se adulam
Simone Camille Frida Alice Mata Hari
“In”stalam-se dentro de mim
“In”sistem em mim!
E carregam inquietações assombramentos excessos
A falta de bom-senso o desacato a autoridades ineptas
O escancaramento a perplexidade o estranhamento
Completas de vaidades futilidades
E seriedades.

Transbordam em mim
Instaurando-me o repúdio
Ao óbvio
À burrice coletiva
Aos que se travestem de intelectuais arrebanhando simpatizantes
Por causa alguma!
Esmeralda Dulcineia Penélope Florbella Pagu
Elas despejam em mim a negação
Ao falso moralismo à acomodação à violência à hipocrisia à injustiça
Não “imprimem” em mim rótulos vazios
Quaisquer tipos de preconceitos
Discursos reacionários ou pragmáticos
Tampouco a autoafirmação e a autopiedade
Trazem o conflito permanente entre yin e yang
E um verdadeiro embate contra os “ismos”.

Promovem em mim uma constante batalha entre o ego e o self
Fizeram-me elas a ovelha furta-cor do rebanho há muito desgarrada
E não obstante ser eu de Vênus regida por Saturno e fascinada por Mercúrio
Afugentam-me elas da ordem e do traço reto
De uma previsível rotina ...da mesmice!

Habitam em mim trazendo a “ternura de mãos que se afagam“
Um eterno deslumbrar
Um contentar e descontentar
Um encantamento pela vida
Sem par.
(...)
Dentro de mim mora uma hóspede vitalícia
A lua!
Dentro de mim há muitas mulheres
“In”úmeras mulheres de fases!
“In”quietas “in”domadas “ in”conformadas “ in”tangíveis.
Contudo
A paz e a doçura
ainda cabem dentro de mim.

Moram em (“in”) mim palavras e palavras
“In”tensa é a que melhor me define
A que diz ”in”pra vida!
Moradas diversas
Hóspedes ** “made in and made of Life”!
...........................................................................
Rosana Outonal rsrsrs
* Ou Um poema não (in) sóbrio de uma noite escura

** Hóspedes “feitas de Vida e feitas na Vida!

sexta-feira, 9 de outubro de 2015

CRIANÇA FELIZ


Meu pai - Michel - e eu
O doce de batata-doce de coração vem
das mãos do Seu  Banjo
(o dono do bar na cidade-universo).
Os olhos indagadores  da menina apontam ansiosos
para o seu progenitor
que consente com olhar complacente o gesto
do velho e bondoso homem grande.
A  "menina-apêndice' do pai delicia-se com o regalo
enquanto observa atenta o seu redor.
Bolas do campo de  bocha correm desencontradas
E a mão da menina é entrelaçada
pela mão protetora do pai.

Homens conversam animados
em torno da mesa do bar.
Garrafas suadas copos transbordando
burburinho abafado pelos gritos do "truco".
E a menina atenta a tudo agora
sentada no colo do pai.

O bar do Banjo cheio
de homens assuntos bebidas.
O campo de bocha terra batida
em terreno plano.
E a menina aninhada    
nos braços do pai.
Menina atravancada
embrenhada
na barra da calça do pai.

Descortina-se o mundo colorido
em domingo de guloseimas infindas.
E lá vem mais doces
pirulito do  zorro bananinha paçoquinha
cocada suspiro maria-mole
pé-de-moleque jujuba delicado balas toffee.
O momento é de pura magia      
supremo encantamento.      
O mundo poderia acabar ali
entre doces mil  beijos estalados
alegria sem fim.                                                                                
Depois vem o passeio na praça
com  chafariz e peixinhos coloridos
a dançarem na água azul.
E vem a foto para eternizar
o momento.

E o pai de sorriso contido e mãos generosas
faz a menina contente.                                
Criança feliz
protegida acarinhada
amada pelo pai.







terça-feira, 6 de outubro de 2015

Dois por Dois


Estrelas cadentes
Embrenharam-se  em seus cabelos
Turvaram sua vista
Tumultuaram seus passos
De súbito viu-se  enroscada em braço estranho.

O olhar alheio crivou-se no seu
A noite tingiu-se de prata
Bocas úmidas se colaram
Corpos trêmulos se enroscaram
O coração se fez liquefeito.

Almas reconhecidas
Apresentações dispensadas
Corpos incandescentes
Olhares  inflamados
O instante se fez átomo. 

Naquela noite de céu constelado
O certo e o incerto
Desfizeram-se em moléculas
De etílico amor.
                                        E consumou-se um rarefeito sentir.                                       
                                                                                                                    
                                                                                                                     
Imagem: google



quinta-feira, 1 de outubro de 2015



“Quis evitar teus olhos, mas não pude reagir”


                                        
Diz o mais que pop, o “muso”, Lulu Santos 
Quando  um certo alguém cruzar  o teu caminho
E te mudar a direção  
E esse alguém  despertar o sentimento
É melhor não resistir e se entregar! 
(...)
E , então, essa pessoa cruza o seu caminho 
E você  se depara  com os seus  batimentos cardíacos a mil 
E com o cheiro amadeirado   - ou almiscarado 
(Ou  qualquer outro cheiro que  te desperte  rumo a outra galáxia)
Desse certo alguém, agora, impregnando  você.

E  você  começa a caetanear, djavanear, buarquear  
Pela estradas, pela areias, pelas montanhas, à beira-mar
Rindo feito um ser abobado
E ,então , com o vento  batendo no rosto  a revirar  os cabelos 
E com os  olhos fechados
Você congela a imagem do primeiro beijo 
Feito uma oração
Seu mantra visual
E você se inspira, transpira, respira o  vaivém infindável 
Das sensações únicas da primeira vez
E aí, quando finalmente você  percebe o poder da química
Você já se embrenhou  por paragens  inimagináveis.

E  você descobre
Que aquele beijo que chegou de mansinho
Sim, aquele beijo -  entremeado de sorrisinhos  bestas 
Tornou-se assustadoramente incendiário
Que o entrelaçar de corpos é muito bom 
E com essa pessoa
-Essa que você julga 
Ser a certa, a primeira e a última da sua vida- 
É bom  demais!

E, então, você sente  a vida novamente
Pulsar dentro e fora de você  na velocidade- luz
Essa  mesma luz que agora irradia
Dos seus poros
Da sua boca, do seu olhar
E te  faz um ser único.

E aí você  se dá conta
De que suas emoções já tingiram a paisagem de cores ainda mais vibrantes
De que o precipício e o paraíso são sinônimos
De que você  já não mora mais em você
De que é tudo novo... de novo!

E , aí, sob uma  super  lua - em uma certa noite de primavera
Você apenas entoa sua mais nova  prece:
“Que sejam feitas todas as nossas vontades
  Assim na Terra como no Céu”.