Rosana Gimael Blogueira

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domingo, 22 de novembro de 2015

AS PRIMAS


O ANTES...
ROSANA  E  ZARIF
O DEPOIS
Era uma vez duas meninas inseparáveis
Habitantes da Cidade-Universo.
Nasceram  primas com ascendência libanesa
Cresceram - as primogênitas -   em meio a paparicos
De pais corujas - amorosos “mocinhos”.

Elas não eram muito chegadas a bonecas
Elas gostavam mesmo era de brincarem na rua.
Enquanto a  mais velha – alguns dias apenas
Seguia descobrindo e ouvindo o bom Rock and Roll- ancorada por Jorge
A mais nova incursionava pela Bossa Nova - endossada por Michel.

Quando crianças
Enquanto uma se recusava a calçar sapatos - lançava-os longe
A outra se recusava a usar óculos - quebrava-os todos.

Na juventude cada qual perseguiu seu ideal de vida...
Enquanto a mais velha aproveitava a efervescência da revolucionária  turma
Da esquina do Itaú
A mais nova enveredava-se pelo sol
Ora pedalando
Ora debruçada sobre os livros - transitando entre todas as "tribos"
Sem a nenhuma delas pertencer.

Ambas seguiram livres, libertas de todas as amarras
Apoiadas pelos pais (compadres-cunhados)
Ambas tiveram sua juventude em berço esplêndido
Ambas tiveram lá seus grandes amores
Ambas se permitiram ser felizes vivendo cada qual
O momento - como se fosse o último.
As meninas não eram de falar muito
Elas faziam acontecer.

O tempo passou...
Seguiram o curso de suas escolhas
Mantiveram suas essências a duras penas.
O tempo passou...
Houve momentos em que  a distância aumentou.
Tornaram-se o resultado de suas escolhas
Mas sempre mantiveram conversas  afinidades lindas  lembranças
E os bons amigos - muitos deles em comum com as duas.

Hoje - quando se reencontram -  o tempo pára.
Quando se olham, se  reconhecem
E tudo é como sempre foi:
Sintonia total.

Então - nesses momentos -  os gostos e afinidades se misturam
Risadas incontidas ternura imensa emergem
E tudo se dilui em doces gestos
Em alegria pura
Em Laços eternos.

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

ALMA DE NOIVA

Diferentemente da grande maioria das mulheres, eu nunca sonhei em me casar e, principalmente, sempre fui  avessa ao convencional, ao tradicional e, claro, aos rituais das cerimônias de casamento, da Igreja à festa.

Vejam  bem, eu utilizei o verbo no passado. Eu nunca sonhei em me casar até encontrar Luigi e por ele me apaixonar e, com ele, sonhar, fazer planos e  senti-lo como o  primeiro e o último amor.
Eu o conheci em uma das minhas viagens inusitadas entre montanha e praia, sozinha. Deparei-me em uma encruzilhada, com Zeus – meu deus grego, Luigi- a pedir carona, já que o carro dele estava ali no acostamento com problemas no motor.  Não costumo dar caronas, mas algo muito forte me impelia a fazê-lo e fui o que fiz, sem pensar duas vezes.

E lá fomos nós na estrada esburacada e empoeirada à cidadezinha mais próxima onde eu estava hospedada –  a   cidade-natal  dele – mística, adorável, no alto das montanhas mineiras.
E, no caminho, entre uma trilha sonora deliciosa e papos também pra lá de interessantes, trocamos telefones. Entre mensagens e telefonemas e novos encontros, engatamos  um namoro que durou  dois anos. Graças a ele, o Luigi, a seus encantos, ao que junto dele vivi em tão pouco tempo, não pude evitar  e sucumbi ao desejo de me casar com toda pompa e circunstância. Sim, esse homem feito pra mim, despertou em mim sentimentos os quais nunca havia eu sentido. Tudo nele é inspirador: a sua sensibilidade, a generosidade, o jeito de cuidar das pessoas, dos animais, da natureza, a paciência dele para comigo, a cabeça fervilhante dele recheada de ideias fascinantes e o olhar dele ao mundo a sua volta me seduziu, me encantou, me fez sonhar,  idealizar coisas com as quais nunca havia sonhado. E, claro, colocá-las em prática!

E, então me coloquei a pensar, por que não reverenciar esse nosso amor, sacramentá-lo diante de Deus e dos homens? E  por que não “ingressar”  no ritual que eu sempre rejeitara?
 Como diria minha avó,  haveria um dia em que chegaria o homem certo em minha vida, em que eu sentiria um certo “clique” rsrs  e, com certeza, eu mudaria de ideia! Pois foi assim mesmo. Senti  o tal “clique”, a sensação de que eu o conhecia há milênios,  um certo pertencimento, um reconhecimento de almas afins. Senti  em Luigi o companheiro-amigo-confidente-cúmplice-amante-alma  gêmea e tudo o mais,  inexplicável em palavras. Temos uma sintonia afinada de corações, de mentes, de espíritos além da nossa “química” de corpos, de pele – claro.

Daqui a dois dias estarei casada. Tudo – da cerimônia no civil e no religioso à festa-  foi planejado nos mínimos detalhes por nós dois,  inclusive a trilha sonora que nos embalou.  O bacana é que ele participou de todos os detalhes, pacientemente.  Lógico que sobre o meu vestido ele nem sequer imagina o quão impactante será.


Devo-lhes confessar  que estamos  mais confiantes que ansiosos, pois fomos ciceroneados e respaldados  por profissionais de indiscutível gabarito. Além, claro, de termos a certeza do nosso amor, de que fomos feitos um para o outro!

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

"CIRANDA DO AMOR"



Era uma vez uma mulher que cruzou inusitadamente o caminho de um homem.
Uma mulher pronta pra esquecer o passado ruim. Um homem sem medo de se apaixonar novamente. Ambos malsucedidos no último relacionamento. Ambos com corações doloridos.
E ,entre olhares e mensagens, em dois meses os dois estavam juntos.
E essa mulher apresentou a ele novos horizontes.
E esse homem apresentou a essa mulher novas formas de sentir.
E eles se propuseram o “trato do amor livre".
E os dois juntos entraram em sintonia física, mental  e espiritual.
E foram dias e noites reveladoras - entre sol, chuva, lua, estrelas, nas quatro estações, durante três outonos, em cenários paradisíacos.
E eles se fizeram felizes.
Até um dia em que pintaram as diferenças
E o antigo “trato do amor livre” se desfez.
Ela subverteu seus valores.
Ele subverteu seus princípios.
E ela viu-se perdida de amor.
E começaram as cobranças que deram nó na cabeça dele.
E ele começou a entender que ela fora um engodo.
E ela entendeu que ele era livre demais
E que ambos não aguentariam o tranco.
E a insegurança dela  tornou-o confuso.
E ela depositara nele expectativas infundáveis.
E ele percebeu o ponto fraco dela e deleitou-se.
E ela negou-lhe amor, ironicamente cega de amor por esse homem-peça do Destino?
Um dia ele se cansou de tanta incoerência e das “desfeitas” daquela mulher
Foi-se embora
E deixou-a a ver navios.
Declarou-se ele, logo depois e publicamente,  em redes sociais ao seu novo, único e último amor.
E ele deixou claro o tamanho de sua nova paixão.
E eis que a “ex “ , quando desse rompante tomou conhecimento, tornou-se a pior das criaturas.
Começou a espernear, a chantagear, a cobrar atitudes
Daquele homem-personagem que ela  criara.
E começou literalmente a infernizar o novo casal.
Um dia, ao cobrá-lo de uma suposta  dívida,
Teve uma resposta fatal:
“Quero vê-la maravilhosamente bem, mas beeeeeeem longe de mim”!
E ela - em estado de choque - entendera que ele nunca a amara
Apesar da bondade e generosidade daquele homem, das gentilezas dele, das noites ardentes, dos dias luminosos, dos planos deles  etc  e tal.
E anunciou a ele, em noite sábia, que o perdoava  por não atender às expectativas dela.
E com linda, tocante  e convincente mensagem a ele, virou ela a página.
E ela o deixou  em paz para seguir livre, sem nenhum tipo de amarra ou dívida com ela.
Isso depois de ela ter aprontado tudo o que pôde, sem escrúpulos e com o coração esmagado.
E, desde então, ele se tornou um homem sem amarras, um ser absolutamente feliz e a cada dia mais apaixonado pela nova mulher.
Tornou-se ele um menino descobrindo o seu primeiro, único e último amor
E seguiu ele em frente, sem olhar para trás
E  sem mais nenhuma palavra com a mulher do passado sombrio.
E ela seguiu com um novo amor que tudo por ela faz.
E ela segue com aquele homem do passado no corpo, na alma, no coração.
E ela ouve as palavras quentes  do homem do passado- o mestre do ponto G dos ouvidos femininos- ao pé da cama.
E ela sente o calor dele todas as noites como sempre o sentira , mesmo quando não demonstrava por ele o amor desmedido que tinha, ressentida que estava com suas atitudes.
E ela se vê  agora enternecida no meio da madrugada olhando para o seu novo "amor" ao seu lado
Dormindo serenamente e nela enroscado.
E ela sussurra nos ouvidos desse homem  palavras de amor
Tomada pelo outro  em pensamentos, sombras deliciosas do passado, que insistem e persistem em visitá-la a despeito de tudo o que se passou.
Ela não mais pensa, apenas sente ondas de amor invadindo seu corpo, sua alma, seu coração.
E ela sente as tais ondas invadindo também o corpo, a alma, o coração daquele homem do passado que -temporariamente- está longe dela.
E essa mulher sente coisas que só as mulheres sabem e sentem.
E ela nem quer saber se amanhã de manhã alguém virá dizer o quão linda foi  a última postagem dele para com a sua nova paixão.
Porque ela sabe que é uma questão de tempo:  mais dia, menos dia estarão juntos, inaugurando uma nova fase, prontos os dois para uma nova história. Nem que seja em outro plano.
Ela sente que  o que for de verdade, será para sempre.
Ela apenas sente que  os enganos, as sombras se dissiparão.
E tudo passará.
Tudo se fará sentir.
E eles se reinventarão.
E tudo se fará Luz.