Rosana Gimael Blogueira

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quarta-feira, 25 de março de 2015

Para minha querida Maria Ignês Scorsoni!

Pra vc, minha amada e inesquecível professora Maria Ignês Scorsoni, que muito me inspirou, que me introduziu ao fascinante instrumento: o piano!Que esteve comigo dos seis aos dezoito anos, me apresentando o melhor da arte, o melhor da música clássica, que me apurou os ouvidos, que me fez entender a melhor, a mais pura, a mais sensível das linguagens, que esteve comigo nos bons e nos maus momentos, ofereço essa melodia que tanto nos emocionava, que nos "tocava" profundamente: Moonlight Sonata, de Beethoven!
Vá em paz, rodeada de Anjos e que o Senhor a acolha tão lindamente como vc me acolheu e acolheu a tantos outros em tantos momentos!
E que você encante a todos lá em cima, com sua costumeira maestria e domínio desse lindo instrumento!
Bjos e até um dia.
Rosana

As "meninas' que marcaram a minha infância

Veio-me da querida Neusair na primeira postagem à página inicial do meu Face, a música Only You, do The Platters. Ao ouvi-la, logo a seguir, em uma dessas manhãs frias e de sol anêmico, curiosamente, ela não me remeteria a algum baile ou a algum momento romântico mas a certas “meninas” que chegavam, naquele instante, em flashes à minha memória afetiva. Coloquei a linda melodia inúmeras vezes e enquanto a ouvia, palavras, tipo escrita automática, fluíam do teclado, despejando-se na tela, galopantes, céleres, sem que eu muito me pusesse a pensar. Apenas estava eu, naquele momento, imbuída do sentir, fotografando por escrito o que surgia nessa minha memória. E as "meninas" ali, intercalando-se...indo e vindo à minha frente, sobrepondo-se uma a frente da outra em uma sequência colorida.
(...)
As primeiras a chegarem foram Dona Tutu Balloni e Dona Silene Sousa. As duas mulheres vestiam calça preta, um pouco acima do tornozelo, blusa de xadrezinho beeeem miúdo vinho e branco - o uniforme delas. Eram as minhas “tutoras” primeiras no Parque Infantil. Inseparáveis, à beira da piscina (imensa!), ao lado dos brinquedos do parquinho, supervisionando a garotada; lá estavam elas cantarolando músicas infantis, fazendo as costumeiras brincadeiras, lindas, de batom, unhas ( longas e vermelhas!) bem feitas, alegres, vibrantes a nos assessorar, a nos descortinar novos horizontes, a nos iniciar no aprendizado da vida, no espírito de solidariedade, na amizade, inspirando-nos com seus exemplos, com suas atitudes. Incansáveis, lindas amigas e companheiras, doces e animadíssimas professoras! Eu me concentrava na delicadeza delas, no timbre suave da voz delas, nas mãos a delinearem gestos no ar, nas histórias que nos contavam, no carinho delas para com todos nós, meninas e meninos entre 5 e 7 anos!
Depois vieram D. Estella Tavano e D. Nena, inseparáveis irmãs de cabelos prateados que caminhavam sempre de braços dados pela avenida. D.Estella estava sempre alegre e, apesar de um defeitinho na perna que a fazia mancar, dançava , cantarolava e não parava quieta um só instante! Ela foi a minha professora de solfejo, me dando as primeiras noções de música, preparando-me para a minha amada e inesquecível Maria Ignês Scorsoni, minha professora de piano, que muito me incentivou e me inspirou no universo desse instrumento-essa merece uma crônica à parte, tamanha dedicação, carinho e   brilhantismo fora do comum! A D. Nena, mais tímida, concordava sempre com o que D. Estella decidia, tinha um temperamento mais calmo e ambas se complementavam...Não se casaram e eram muito queridas, eram elegantes, eram prendadas, eram carinhosas com todos nós e sempre estavam presentes em nossas reuniões festivas. Eram duas “jovens” senhoras carismáticas. E elas nos enchiam de mimos, elogios, carinhos, conselhos e ...bolos deliciosos!
Seguem-se agora a D. Auxiliadora Vieira Dias e D.Ester Campos...elegantérrimas, antenadíssimas com as últimas tendências, arrojadas, de um bom-gosto indiscutivelmente refinado. Auxiliadora, mineira de Alfenas; Ester, irmã do Hermínio, da nossa cidade. As duas comandavam o Saloon, espaço mineiro charmosíssimo na avenida principal. Nesse espaço estilo meio “western” além das tradicionais balas de café(de-li-ci-o-sas!), eram vendidas coisas de Minas, isso na década de 60. E ali, concentravam-se jovens lindos, bem trajados e animados, sob comando da dupla luminosa, ambas adornadas de roupas e acessórios exuberantes, coloridos...lindas as duas e encantadoras na arte de receber, recepcionar, vender, entreter...prosadoras impecáveis e sempre apresentando novidades!.
E finaliza-se mais uma cena, mais um instantâneo flash: as irmãs gaúchas austeras, místicas, fechadas. As três mulheres –uma delas, jovem, de olhos lindamente amendoados, diziam ser filha de uma delas-, de semblantes pesados, cabelos negros, deixavam “rastros” de forte cheiro de água- de- colônia, cheiro esse que se recendia aos quatro ventos, por onde passavam...todas com rouge rosa -choque e batom e unhas idem... também eram inseparáveis e o que chamava a atenção sobre elas eram as roupas rodadas, amplas, coloridas com cinturas beeem marcadas por grossos cintos de fivelas imensas, brincos de argola, anéis e correntes grossas de ouro mais parecendo ciganas essas três soturnas mulheres . A vida delas era um mistério! Elas preservavam a sete chaves a intimidade, o que incitava a garotada a ser espevitada, endiabrada...essas mulheres provocavam um certo tumulto quando pelas crianças passavam...e todas elas curiosas em querer saber mais sobre aquelas misteriosas “gaúchas-ciganas”!
Havia aquelas também que me marcaram pelo "frisson", provocando um outro tipo de tumulto por onde passavam por serem mais "destemperadas", ousadas, "sanguíneas"...as "Bibas", as "Peixeiras"... E nin-guém desafiava enfrentá-las ...por na-da! E elas, aos homens seduziam, os arrebatavam! 
Aliás, cada uma dessas "meninas" acima ( e outras tantas!) dariam interessantes protagonistas de boas histórias...
Essas "meninas" trouxeram de volta pra mim, neste momento, explosões de cores, cheiros de tempos bons e muito bem "sentidos".
E há, ainda, muitas outras que fizeram parte da minha infância e também da minha juventude, em Cosmópolis. E eram elas receptivas, cúmplices, amigas de todos, solidárias nas confidências conosco, dando sábios toques, sempre atenciosas , queridas por muitos de nós, desde sempre.....a querida Vicentina Bontempo e a Adelaide Leone, tão generosas seeempre, nos enchendo de presentes, de atenções, de gentilezas...Vicentina foi a que me recebeu de braços abertos e com muito afeto na Caixa, sempre me ensinando tantas coisas, com tanta paciência, zelo, sabedoria.
E temos a nossa querida amiga  Neusair Vieira da Silva , a que através de sua postagem me inspirou, hoje, a escrever. Uma mocinha que manteve seu ar de menina, seu coração jovem, seu sorriso amplo...lembro-me dela junto a sua irmã também linda como ela...trabalhavam de frente a loja do meu pai, na Telefonia, época de uma comunicação difícil, mas de amizade fácil, verdadeira, linda demais. Sempre alinhadas, sempre alegres, participavam ativamente do que acontecia conosco, vibravam com as coisas boas que nos aconteciam, condoíam-se conosco nos momentos mais difíceis. Sempre estiveram presentes lindamente em nossas vidas!
E agora a voz da minha mãe ecoa, forte, dentro de mim, duelando comigo insistente: “É melhor você voltar, esse seu " isolamento"não tá te fazendo bem, você tá muito nostálgica demais, tá muito voltada pro passado”! Mãe sempre tem razão? Seja o que for, nada é premeditado quando damos vazão a sensações e ou sentimentos que fluem alheios a nossa vontade. E, no meu caso, escrever acaba por ser um mergulho na alma. E ao postar esses tais “mergulhos”, posto-os imaginando passar pra alguém algo mais pra "ser"sentido do que "ter"sentido.. é assim que acontece. Algo que desperte algum "sentido". Ou toque todos os "sentidos".
(...)
Vou dar mais alguns outros mergulhos – hoje mornos pra quentes, dada a "condição climática" do meu coração- e eu sugiro a vocês, meus queridos amigos, a fazerem o mesmo cada qual à sua maneira...a ouvirem uma música que realmente “toque” a alma e deixar um “filmezinho” bem legal - ou uma “cena” dele - preencher gostosamente a memória de vocês. Isso pode vir a surpreendê-los. Isso pode aquecer o coração...pode-quem sabe?- despertá-los para pequenos ou grandes milagres...ainda mais se vocês estiverem acompanhados de um bom tinto ou ainda de alguém que hoje os encaminhe para a sensata constatação: "Somente você (sim, só você mesmo, aí que me ouve agora!) pode fazer a escuridão brilhar!"

terça-feira, 24 de março de 2015

segunda-feira, 23 de março de 2015

Se o mundo permitir a gente ama!



Se o mundo permitir a gente ama!

Deixa pra trás tudo o que te faz  mal
Dogmas rótulos convenções
Deixa o céu se abrir
Deixa o sol te  invadir
Te incandescendo
Te  apresentando uma nova vida

O  amor é o motivador maior
 O nosso combustível
Viver  intensamente é o nosso lema
Sempre!
Te  lembras?

Nada mais é tão sagrado
Corpo alma espirito urgem
Afagos toques olhares beijos
Dizem mais do que as palavras
Vãs...

Vem comigo pra esta highway
Lá no horizonte
Longe da aridez desse deserto
O amor se faz presente
Ainda agora
Vem

Se o mundo permitir
Se VOCÊ  se permitir
A gente  ama
Longe da aridez desse deserto
O amor nos espera
O amor acontece.


quinta-feira, 19 de março de 2015

UM GIRO PELA INFORMÁTICA




Quem nunca ouviu ou mesmo disse: "Meu HD é de 500 Gigabytes!", " Sua memória Ram é de 256 Megabytes!" Mas o que quer dizer isso? Por que este termo? Essa dica é para acabar de vez com todas suas dúvidas a respeito deste tão comentado assunto. Não fique mais por fora, aproveite a dica!


Os computadores "entendem" impulsos elétricos, positivos ou negativos, que são representados por 1 e 0, respectivamente. A cada impulso elétrico, damos o nome de Bit (BInary digiT). Um conjunto de 8 bits reunidos como uma única unidade forma um Byte.

Para os computadores, representar 256 números binários é suficiente. Por isso, os bytes possuem 8 bits. Basta fazer os cálculos. Como um bit representa dois valores (1 ou 0) e um byte representa 8 bits, basta fazer 2 (do bit) elevado a 8 (do byte) que é igual a 256.

Os bytes representam todas as letras (maiúsculas e minúsculas), sinais de pontuação, acentos, sinais especiais e até sinais que não podemos ver, mas que servem para comandar o computador e que podem, inclusive, serem enviados pelo teclado ou por outro dispositivo de entrada de dados e instruções.

Para que isto aconteça, os computadores utilizam uma tabela que combina números binários com símbolos: a tabela ASCII (American Standard Code for Information Interchange). Nesta tabela, cada byte representa um caractere ou um sinal.

A partir daí, foram criados vários termos para facilitar a compreensão humana da capacidade de armazenamento, processamento e manipulação de dados nos computadores. No que se refere aos bits e bytes, tem-se as seguintes medidas:

1 Byte = 8 bits

1 Kilobyte (ou KB) = 1024 bytes

1 Megabyte (ou MB) = 1024 kilobytes

1 Gigabyte (ou GB) = 1024 megabytes

1 Terabyte (ou TB) = 1024 gigabytes

1 Petabyte (ou PB) = 1024 terabytes

1 Exabyte (ou EB) = 1024 petabytes

1 Zettabyte (ou ZB) = 1024 exabytes

1 Yottabyte (ou YB) = 1024 zettabytes

É também através dos bytes que se determina o comprimento da palavra de um computador, ou seja, a quantidade de bits que ele utiliza na composição das instruções internas, como por exemplo:

8 bits - palavra de 1 byte

16 bits - palavra de 2 bytes

32 bits - palavra de 4 bytes

Na transmissão de dados entre computadores, geralmente usa-se medições relacionadas a bits e não a bytes. Assim, existem também os seguintes termos:

1 Kilobit (ou Kb) = 1024 bits

1 Megabit (ou Mb) = 1024 Kilobits

1 Gigabit ou (Gb) = 1024 Megabits

quarta-feira, 18 de março de 2015

Homenagem a dois Mestres da MPB,Tom e Elis...AMOOOO!!!!


Presenciei ao vivo essa mulher vibrante em Sampa, no show Falso Brilhante, em fevereiro de 1976..A.música foi feita por  Chico Buarque e Francis Hime e não fazia parte do repertório do referido show. Essa canção -" uma das mais poderosas e dilacerantes letras de amor e ódio da música brasileira"- me remete a alguns poucos e intensos momentos "altamente  fossídicos" em meus tempos de "coração sequestrado"...rsrs



Tom  e a canção antológica que um dia "embalou" uma linda história de amor!

A história de Ligia contada  ( e adaptada) em prosa...

1968, Ipanema, no Veloso...Tom Jobim e o fotógrafo Paulo Góes, deparam-se com duas lindas moças na varanda do bar e se aproximam. Uma delas, Lygia Marina de Moraes, jovem muito bonita, sobrinha de Vinicius de Moraes,  diz a ele que é professora do pré-primário de uma de suas filhas, ao que o músico dispara: “Nunca vi uma paquera transformar-se em reunião de pais e mestres”!
Lygia, muito tempo depois,  veio  a saber, surpresa,  que ela fora inspiração para uma das  mais belas canções (Ligia) do cantor e compositor, também cantada por Chico Buarque, pela primeira vez, em 1974, em Sinal Fechado.
Ela se casou com o cineasta Fernando Moraes, com quem ficara por dez anos – nessa ocasião Tom estava casado. Depois, separada,  casou-se  com  outro Fernando, o escritor Fernando Sabino, com quem ficou por doze anos –muito amigo de Tom. Ele só revelou que ela  fora sua musa inspiradora depois que estava separada de Sabino claro, em  consideração ao amigo!  Nessa ocasião, quando soubera disso, Lygia apenas comentara  que ele fora um dos homens mais bonitos do Brasil e que ela ficara em transe ao conhecê-lo pessoalmente naquela tarde fria e chuvosa, no conhecido bar, no Rio...rsrsrsrs.
Mas a Lígia ( essa  leva acento no primeiro i ) a  quem  me reportarei  a seguir  é personagem de  uma história que tem como cenário uma charmosa cidade do sul de Minas, cercada de montanhas e águas milagrosas.
Era uma moça tímida, não tão cheia de belos atributos, com olhos negros e cabelos idem. Lígia estava  a passeio com a família, naquele reduto muito bem frequentado por  interessantes e bem-nascidos “cariocas”. Costumava passar as férias de julho naquela cidadezinha mágica...rotina de vários anos. Contava ela então com 17 anos. Gostava de praia, gostava de sol e quando ia ocasionalmente ao Rio,  costumava andar pela orla de Copacabana até o Leblon. Tinha alma romântica, gostava de cinema e era impregnada pela música ( e amava samba!).
E um dia, Renato, carioca,  conheceu Lígia. Dez anos mais velho, costumava arrancar suspiros das mulheres por onde passava. Vislumbrou-a no clube, depois de um jogo de vôlei com a turma e,  com Lígia,  deslumbrou-se. E desde aquele momento, ela impregnara  suas retinas, seu corpo, seu coração. Nada sabia dela, sequer  o nome. Não gostava ele de praia nem de cinema...não gostava de sol!  Nunca sonhara com ela, pois não fazia o seu tipo. Mas ela mexera de alguma forma com ele.  
Em uma noite, na “balada” do hotel da cidadezinha onde ela, há muitos anos,  costumava se  hospedar  com a família, os olhos de Lígia cruzaram os de Renato.  Ele, estudante de Direito, no auge dos seus 1,90m, pele clara, olhos verdes,  músico, filho de um general,dela se aproximou,   acompanhado por dois  seguranças . E, juntos, dançaram a noite toda para  depois não mais  se desgrudarem naquela temporada.
Pois bem, olhos nos olhos, embalados pelas lindas melodias da década de 70, os dois iam se entremeando no jogo de olhares, dançando a noite toda , de uma forma  inesquecível, chamando a atenção de todos ao redor.  Ela estava ricamente adornada,  vestida  entre exótica e exuberante, ao que ele muito elogiara e o fascinara, a princípio.  E, a despeito de seu jeito tímido, Lígia era uma moça de atitude e bastante interessante, segundo diziam os que a cercavam de muitas atenções. Talvez fosse isso o seu trunfo para que muitos a achassem  bonita, coisa que ela sempre soubera não ser. Talvez por ter tanta coisa a dizerem um ao outro é que o tal “romance” perdurou por um bom tempo, como foi a seguir, após aquela  mágica noite.
E ela se encantara por ele, apesar de muito estranhar os dois brutamontes “blindando-os”  o tempo todo.
E ele  se viu envolvido pelos braços serenos de Lígia. E se rendeu a ela, a despeito se seus olhos morenos meterem-lhe mais medo que um raio de sol.
E  ele fez uma serenata  -  cantou  "Ligia" pra ela! - , embaixo da janela do quarto dela no hotel, sob o olhar cravado e inquisidor do pai dela.
Mantiveram o “enlace” por dois anos, apesar da distância, dos 600 km que os separavam.  Eram telefonemas e telefonemas -  todos no domingo à tarde, quando ambos não se viam na cidadezinha turística. Ela, convidada por ele e sua família, fora  ao seu encontro, em certa ocasião, no Rio, onde ele morava  -em um tríplex,  no Leblon-,  sob o consentimento e tutela tanto dos pais dele quanto os dos dela,  que muito faziam “gosto” de que os dois ficassem juntos, apesar da diferença de idade entre eles.
Lá, ele lhe apresentara  um  outro universo e, com ele, pôde aprender coisas incríveis. E ela entendeu o porquê de ele e toda a sua família serem cercados pelos  seguranças – os tais "brutamontes" a que ela se referia, rindo muito -  e a vida tão diferente  que ele e a família levavam por conta do “status” do pai o que, posteriormente , contribuiu para que ela dele se desencantasse...ou não teria sido amor?
Eram cartas e cartas todas as semanas!  Cartas aguardadas ansiosamente por eles. Cartas imersas, hoje, dentre tantas outras relíquias,  no baú de Lígia. Cartas  essas,  amareladas pelo tempo, com gosto de uma linda história de amor, permeadas  de lindas descobertas, de escritas inteligentes, fascinantes – "ridículas" cartas de amor, não seriam cartas de amor se não fossem ridículas como diria Pessoa!?!-, que trazem à tona uma época  em que a comunicação, apesar de tão retrógrada para os dias de hoje, fazia aproximar  tão calorosa e tão lindamente as pessoas...registros preciosos de uma áurea época que colorem vibrantemente, hoje,  a fria e cinza tarde nesta  estação do ano.
(...)

E, no ar, apenas a  essência – ah, que cheiro booom, suspira Lígia! -   do que ela  e Renato um dia viveram.

.................................................................................
    Todas as cartas de amor são
    Ridículas.
    Não seriam cartas de amor se não fossem
    Ridículas.
    Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
    Como as outras,
    Ridículas.
    As cartas de amor, se há amor,
    Têm de ser
    Ridículas.
    Mas, afinal,
    Só as criaturas que nunca escreveram
    Cartas de amor
    É que são
    Ridículas.
    Quem me dera no tempo em que escrevia
    Sem dar por isso
    Cartas de amor
    Ridículas.
    A verdade é que hoje
    As minhas memórias
    Dessas cartas de amor
    É que são
    Ridículas.
    (Todas as palavras esdrúxulas,
    Como os sentimentos esdrúxulos,
    São naturalmente
    Ridículas.)

    Álvaro de Campos, 21-10-1935
(ilustração criada por Tatiana Paiva)



Hospedagem de site  Créditos

domingo, 15 de março de 2015

Cinco anos sem Rodolfinho, meu amigo querido!







Cosmópolis, 15 de abril de 2010.


QUERIDO AMIGO RODOLFINHO














































Hoje faz um mês que você se foi,  faz um mês que você se libertou das dores, do sofrimento.
Você, com essa sua alma musical,  deve  estar flutuando no paraíso que lhe é cabido, cercado de anjos entoando melodias transcendentais ao som de harpas e flautins.
Pensar em você é me transportar  de volta à  infância.
Em “Busca do Tempo Perdido”, de Marcel Proust, o personagem protagonista do livro viaja através dos cheiros que guarda na “memória” para resgatar alegrias antigas. E  eu viajo agora através de você, mistura de cheiros e “sabores” de ternura, alegria, sensibilidade, coragem, refúgio seguro onde me abriguei centenas de vezes.
Passamos a infância toda juntos, você tentando em vão apartar as brigas entre mim e o Zinho, você e eu com D. Estela e D. Nena entre solfejos e acordes ao piano, tocando Chopin a quatro mãos.
Quando angústias e sonhos apontavam na adolescência e juventude, lá estava você por perto,. E lá estávamos nós conversando por horas a fio na esquina do Itaú ou sob o sol escaldante, no Paredão...
Ouvíamos Janis Joplin, identificávamos com a intensidade e vibração da voz dela; amávamos as letras, a melodia e o que ela representava: a ruptura com a acomodação, com a mesmice, com a hipocrisia.  Você  me deu o “bolachão” de vinil dela e, agora, no final da sua caminhada, eu lhe dei o livro autobiográfico. Seus olhos brilharam intensamente e, mesmo sob o efeito  de  pesados remédios que o deixavam em transe,  você sorriu e me disse: “ A qualquer momento as dores passam e eu lerei, com certeza!”
Era 16 de dezembro, eu estava indo pra praia. Foi a nossa despedida se é que podemos chamá-la assim.
Você foi mais que um amigo, foi um irmão. Você fez parte de muitos momentos importantes. Você foi o primeiro a  saber da minha gravidez, o primeiro a dizer: “ Vá em frente, mulher, você é capaz, assuma seu poder, impossível não dar tudo certo!”...
Você participou das festas de aniversário do meu filho e, na primeira delas,  foi você quem fez o bolo (de morango) arrasador para 150 pessoas. .. e ele cresceu  ouvindo  eu falar de você.
Comemorávamos, sempre que  podíamos , as pequenas conquistas, as grandes vitórias.
A você, confiei “segredos” que você levou consigo pra eternidade. Com você, ri, chorei, desabafei, viajei.
Tivemos nossos “altos e baixos” parecidos, identificávamo-nos com muitas coisas, exceto por você não curtir o lado “natureba”da alimentação. Você não conseguia entender como eu conseguia comer tantas maçãs (6 a 8 por dia!) com semente, casca  e tudo...
Você não quis me devolver a foto 3X4 em que apareço estrábica (vesga mesmo!). Você sempre me dizia que quando eu aprontasse alguma, você entraria com ela em cena pra “arrebentar... rsrsrs.
Nos últimos anos, afastada de Cosmos, encontrávamo-nos esporadicamente ora em Paulínia ora em Cosmos , em reuniões entre amigos e familiares e aí, eram horas e horas de papos intermináveis.
Você estava feliz com suas realizações, mais centrado do que nunca, mais forte do que nunca, haja vista a luta que você travou pela vida.
Depois, mesmo debilitado, incentivava-me dando os seus puxões de orelha, ria comigo, ríamos de tudo que tinha ficado pra trás de ruim e comemorávamos onde havíamos chegado – a duras penas.
Falar de você é sentir você plenamente comigo, é saber que tive o privilégio de ter por perto um guardião querido, um herói – menino que, por onde passou, deixou luz,   deixou  carinho, deixou a essência maior: a tradução plena do amor incondicional ao próximo!
E ainda conseguiu me dar de presente a possibilidade de rever pessoas queridas em sua partida, deu-me a possibilidade de“rever” o meu passado e a oportunidade de prosseguir com outros olhos.
É isso. Você é  assim...um anjo inundando luz por onde passa.
Até um dia, meu doce, adorável e inesquecível amigo,   presentaço  de Deus pra mim!!!!
Abraços cheiinhos de muuuita saudade!! De  sua eterna amiga


Rosana  Gimael

terça-feira, 10 de março de 2015

A Kombi amarela






Em um tempo não muito distante lá estávamos nós, família Bechara Gimael e Baracat," a bordo" de uma Kombi amarela, a descortinar novos horizontes em meio a verdes, azuis, montanhas, estradas, restaurantes, lugares paradisíacos e, principalmente, a visitar os parentes de São Lourenço -onde hospedávamos em muito bons hotéis- e em arredores pitorescos mineiros e no litoral, onde nos deleitávamos.

E lá íamos nós, estrada afora, na Kombi amarela do meu Tio Jorge Baracat...

Capitaneavam no banco da frente, Tio Jorge, Michel-meu pai - e, espremido, o Tio Zé Bechara.

No banco do meio, vinham minha mãe, minha tia Chafia e minha tia Alice, esposa do Zé Bechara, cercadas por Jamil, Jorginho, Rogéria, Salete e Iara- os “pequenos”. Esses se distraíam com os looongos papos das jovens e animadas senhoras que eram incumbidas dos lanches e bebidas para todos. Na maioria das vezes, o famoso pernil era o protagonista, dentre a profusão de petiscos. E quanta comilança havia naquele espaço, naquele veículo!

No banco de trás, estávamos nós, os mais velhos: eu, Michel Jr., Zarif, Meire, Zé Roberto e Luizinho-esses dois últimos primos, juntos com Salete e Rogéria, filhos do pândego Zé Bechara.

O som era comandado por Tio Jorge- rock progressivo dos bons , MPB e, por vezes, Roberto Carlos que ele oferecia a minha tia Chafia-, assim como a “direção” também era somente dele. Esse meu tio era calmo, atencioso, alegre, generoso, emotivo, coração gigantesco. Esse meu querido tio, com sua descomunal generosidade e com sua sensibilidade ímpar nos apontava tudo o que via pela frente de novo, de lindo e tocava nossos corações, nos inspirava e nos comovia com tudo o que pra nós apresentava e, com a trilha musical impecável, introduzia em todos nós um repertório primoroso que ecoa em nossos ouvidos e ressoa em nossa essência até hoje!

Meu pai e meu Tio Zé, além de assessorarem meu tio Jorge, o “piloto”, com “mapas” improvisados, com o “esperto” cafezinho da garrafa térmica e variadas conversas, encarregavam-se das brincadeiras, imitações, tiradas engraçadas com as quais literalmente chorávamos de tanto rir e, através delas, chamávamos a atenção de todos a nossa volta...as pessoas ficavam estupefatas com tanta gente em um “automóvel”, com tanta alegria, com tanta união e, claro, com o nosso “estilo”! rsrs

E fomos nós, durante dezenas e dezenas de vezes, durante nossa infância, adolescência e início de nossa juventude, ancorados por eles -nossos pais-, viajando com eles, aprendendo com eles, protegidos por eles, assessorados e muito bem acarinhados(amados!) por eles...durante muito tempo foi na Kombi amarela, depois em outros carros, já cada qual com o seu.

Foi uma época em que não ouvíamos falar de grandes fatalidades, depressão, estresse, nem de religiões; não havia grandes discussões sobre política, ideologias e tantas outras coisas, dadas as “mídias”(???) da época...e era muito raro as famílias viajarem tanto assim, juntas e costumeiramente. Foi uma época de fartura, de muito amor, respeito, alegria. Não ouvíamos nossos pais “discutirem a relação”, nem falarem mal de ninguém. Não os víamos tensos, tristes, reclamões, falando de finanças, de assuntos impertinentes.
Foram “anos dourados”...

Acordei com as palavras de Nelsinho Motta: “ As pessoas devem parar de viver a nostalgia. Ela emperra o presente, impede você de enxergar as maravilhas do Hoje...” rsrs . Pois bem, eu vos digo, caros leitores, que mal há em reviver, vez ou outra, o bom passado? Se hoje somos o que somos, devemos muito ao que vivemos; se tivemos um “mau  passado”, enterremo-nos, pois, ou aprendamos com nossos erros e que eles nos fortaleçam ! Mas se há coisas tão ternas e lindas pra rememorarmos, por que não deixarmos as boas lembranças nos abastecer nessa manhã não tão luminosa? E que o verso “Recordar é viver” faça jus a quem interessar possa...a quem tem a bênção de poder ter coisas lindas pra relembrar e seguir forte e muito bem abastecido no Hoje!

A imagem da Kombi peguei na internet. O “Vamos fugir” é uma pedida pra ficar “fora do ar”, fora do emaranhado de coisas tristes que assolam o nosso país e o planeta em que Hoje vivemos...pelo menos por alguns momentos!


a

sábado, 7 de março de 2015

Todo dia é dia da mulher!






Existe uma data especialmente criada para se comemorar o Dia da Mulher. Um dia em que todas as reverências são para ela.  Um dia em que se remete a todas as coisas conquistadas por ela, ao papel que  exerce em todas as áreas onde atua e a sua importância  (mais que relevante)  na sociedade atual - além dos possíveis  novos caminhos a serem discutidos para que ela conquiste outros tantos direitos, não só no papel, não só no discurso.
Há nesta data, momentos de reflexão, homenagens, comemorações pelo seu dia, dentre tantas outras  deferências. Nada mais que plausível,  merecido, louvável mesmo!
Mas nós sabemos o quanto há a ser conquistado, a ser debatido, a ser consolidado no papel feminino em todas as instâncias de sua atuação.
(...)
Observo uma menininha na praia, não deve ter mais do que cinco anos. Está acompanhada de um casal, possivelmente seus pais. Está concentrada em fazer  o seu castelo de areia. Detalhista, exigente, criativa. O casal dás  uns toques aqui e ali ao que ela prontamente rebate, dizendo   querer construir sozinha o seu castelo, rejeitando possíveis sugestões. Um garoto se aproxima, aparentando a mesma idade dela...ela não dá a mínima. Ele a olha insistentemente, ela se dá ares  de importância, ignora o menino. 
Ele diz a ela se ele pode  fazer um príncipe e uma princesa na porta do castelo. Não!  No meu castelo eu vou pôr  os meeeus amigos- retruca ela, com veemência, lançando-lhe um olhar certeiro, fazendo-o recuar e voltar a se ocupar com a sua bola.
Não posso deixar de rir. Mesmo que seja uma garotinha  mimada, de personalidade forte   talvez, temos aqui uma amostra da diferença comportamental entre meninos e meninas. Se alguém me pedisse uma definição, hoje, de um modelo de atuação feminino  eu não hesitaria em  responder que o  mesmo está de frente para  mim, neste  espaço democrático, composto de areia, mar, céu azul, verdes ...ela, esta garotinha a minha frente, aparentemente impertinente.Uma menina que já anuncia a que veio, dotada de uma liberdade – está é a palavra! - de atuação, de poder, de opinião que a todos surpreende e mobiliza ao seu redor.
Poderia divagar sobre a real importância da mulher em todas as áreas.
Mas hoje me restrinjo a “viajar” através das   minhas impressões no papel da mulher na família. Uma mulher que tem que assumir o papel de mãe, esposa,  amante, companheira, da profissional que tem que dar conta de estar sempre bem, pronta pra o quer der e vier e ainda cuidar da aparência, sem nunca  deixar a vaidade de lado. Cobranças mil...ufa!
Conciliar ( e atuar em ) tantos papéis não é fácil mesmo. Poucas conseguem dar conta  sem a sensação de culpa que as persegue sempre, poucas passam imunes a tantos desafios. Poucas sobrevivem a tantas exigências, cobranças, compromissos, sem cair  na histeria, à beira do estresse que permanentemente as acompanham. Muitas, casadas ou não, acabam por ser pai e mãe, duplo papel, duplas jornadas, por opção,  por necessidade ou por qualquer outro motivo.
Bem sei é clichê, mas é real. A mulher move o mundo. A mulher gera filhos. A mulher ainda é a maior responsável pela educação dos mesmos. Ela ainda é a protagonista na criação.
Eu acredito em  mulheres - sonho mesmo com isso!:
Que ensinem suas filhas a serem mulheres ( no sentido restrito e amplo, sem competição, sem ciúme – ou seria uma certa inveja?).
Que  consigam criar os seus filhos com um  novo modelo de homem que supere um certo estereótipo  arcaico ainda vinculado ao machismo.
Que possam conversar qualquer tipo de assunto com seus filhos de forma aberta, sem hipocrisia, principalmente sobre sexo e drogas, de tal forma que não idiotizem os seus filhos.
Que esqueçam a frase “No meu tempo não era assim”.
Que não incutam em suas filhas o complexo de Cinderela; e não contribuam para o complexo de Peter Pan em seus filhos.
Que possam passar valores  morais e ou  religiosos sem fanatismos ou quaisquer ismos.
Que deixem claro que amor não tem nada a ver com sexo e, principalmente, com a condição sexual – errônea e “toscamente” rotulada como escolha, preferência etc e tal.
Que não façam de seus filhos  seus projetos de vida.
Que se não puderem incentivá-los em suas escolhas pelo menos os aceite, os apoie incondicionalmente.
Que não manipulem os seus filhos, nem os exponha face aos embates de  eventuais  problemas conjugais.
Que incentivem sobremaneira seus maridos a exercerem o papel de pai.
Que incentivem coisas que contribuam para o amadurecimento de seus filhos, para o crescimento espiritual e ou intelectual em vez do incentivo ao consumismo.
Que possam dar exemplos a eles  com atitudes e não com palavras.
Que não queiram competir com as suas filhas, querendo resgatar um tempo que não volta mais – muitas querem parecer  adolescentes tanto no vestir quanto no modo de agir ou  de falar.
Que entendam que os filhos não são delas  e que  não se abatam com a síndrome do “ninho vazio”.
Que não se deixem enganar com a “imposição” dada a elas de que se não forem mães – ser mãe é padecer no paraíso, a melhor coisa do mundo -  não se realizarão ...muitas não têm mesmo vocação para isso, mal sabem cuidar delas mesmas. Há muitas outras formas de se sentirem no paraíso, “ padecendo” ou não.
Que consigam fazer de seus filhos  pessoas livres de dogmas ultrapassados, libertos  de todo e qualquer tipo de preconceito.
Que olhem mais nos olhos deles quando conversarem e, principalmente, fiquem atentos ao seu “crescer”, acompanhando-os em suas descobertas.
Que não demonstrem o sacrifício e o quanto fazem por eles, deixando claro, muitas vezes, o quanto isso lhes  custa, o quanto é penoso para elas.
Que não incentivem entre eles a competição, que não demonstrem predileção por algum deles, que não os “castrem”. 
Que  demonstrem a seus filhos que antes de serem mães são mulheres e, como tais, têm os seus sonhos, os seus desejos, os seus temores, os seus hormônios oscilando e, consequentemente, têm  os seus humores, os seus “rumores”, as suas angústias, os seus dias difíceis.
Sonhar é possível. E eu aqui nem ouso falar o que penso do quanto a mulher tem a caminhar no quesito relacionamentos com seus (ou suas) parceiros(as).
Vem-me -agora-  à memória situações vivenciadas durante décadas em sala de aula, com meninos e meninas perdidos, ávidos de informações consistentes sobre as suas angústias,independente de classe social. Vi e ouvi coisas comoventes. A muitos desses alunos pude dar algum tipo de contribuição, uma resposta, um alento ...a muitos não tive como fazer mais do que me permitia fazer  naquele espaço físico, naquele espaço de tempo, naquele contexto de sala de aula.
 Lembro-me  de um rapaz de uns 17 anos que me procurou em um dos intervalos, meio atrapalhado, meio sem graça, tímido, procurando um “conselho”:
- Rosana, eu não consigo entender as mulheres. Me  ajuda, o que eu faço? - tentando explicitar a situação.
Eu pega de surpresa, no meu emaranhado de pensamentos longe dali, preocupada com tantas outras coisas que, naquele momento, me afligiam, respondi-lhe apenas, olhando em seus olhos:
- Cara, mulheres não foram feitas pra serem entendidas. Foram feitas pra serem amadas.
Sorrimos um para o outro. Ele me abraçou, agradeceu. Saiu efusivamente. 
E é isso. 
Agora sou pura emoção, lágrimas inundando meu rosto diante dessa Ave Maria, nesse concerto fabuloso (e surreal!) de André Rieu...  coisas de mulher ?