Sobre um tempo em Cosmópolis, minha cidade natal
Belos tempos, belas tardes...
SOBRE UMA ÉPOCA EM COSMÓPOLIS
Avenida Ester, centro da cidade, época de minha infância |
As ruas não eram enfeitadas
em finais de ano, por ocasião do Natal, no início dos anos 60. As casas
mantinham as luzinhas acesas tipo pisca-pisca, um pinheirinho iluminado, uma
bota de Papai Noel na porta de casa, uma guirlanda simples, com algumas pinhas,
bolas vermelhas. Algumas delas tinham lindos presépios que a todos
encantavam....e dezembro não tinha esse calor escaldante.
As pessoas improvisavam
algum outro enfeite com aviamentos comprados na lojinha da D. Malvina, na rua
Campinas ou na loja do Tita, na avenida Ester, em um tempo em que não havia
lojas de $1,99.
A missa do Galo era um
ritual imperdível. Depois seguíamos pra minha avó Dinorah. Marcaram os
presentes da Estrela, da loja de brinquedos da minha madrinha Tia Terezinha, a
alegria das ceias, a reunião com todos os parentes, a comilança à mesa sempre
farta, diante da qual adultos não discutiam sobre negócios, dietas, crises,
fatalidades nem deixavam transparecer pra nós quaisquer resquícios de tristeza,
saudade, aborrecimento...nas nossas festas, principalmente nessas ocasiões,
tinham canções da jovem-guarda à bossa-nova, trilha sonora vinda da vitrola,
comandada pelo tio José Honorato que após os “embalos”, contava-nos longas
histórias, fazendo-nos "viajar" através delas, abrindo as janelas de
nossa imaginação, povoando nossos sonhos no sono que vinha sereno,
reconfortante.
Amanhecíamos com o leite
deixado pelo leiteiro à porta de nossas casas, que vinha em uma carroça
sacolejante...
Nossos ídolos não morriam
tão jovens...nossos heróis estavam vivos, presentes, atuantes, sábios. E nos
passavam segurança emocional, amor incondicional, estabilidade e...limites!
Naquela época não se falava
tanto quanto hoje em Jesus, nem havia proliferação de religiões, templos,
igrejas... Mas sabíamos no nosso dia a dia o sentido da fé, do amor, da paz, da
solidariedade, da compaixão que tanto Ele pregou um dia.
Crianças não podiam escutar
conversa de adulto, crianças entendiam o olhar de censura dos pais e em questão
de segundos e, sem a necessidade de palavras, se “aprumavam”...crianças não
podiam tudo, crianças seguiam os “ códigos” do bom comportamento, crianças eram
...crianças.
Os mais velhos eram
extremamente valorizados e tinham privilégios do tipo escolherem a melhor parte
de qualquer assado da ceia... Os mais velhos não se embebedavam na nossa frente
nem discutiam seus relacionamentos nem relacionamentos alheios.
Alguém sempre fazia uma
oração ao menino Jesus na ceia de Natal e um agradecimento ao Papai do Céu pela
fartura, saúde e dinheiro no bolso pelo ano que findava e para o que se
iniciava, não sem antes passarmos pelas romãs e lentilhas, claro! E todos
entoavam "Adeus Ano Velho, Feliz Ano Novo" a plenos pulmões, vendo o
sol raiar cheios de esperança e alegria - sem grandes bebedeiras, sem grandes
tumultos, tragédias ou violência - , junto a lindos fogos coloridos adquiridos
com a saudosa e inesquecível D. Mercedes Miguéis.
Nessa cidadezinha todos se
conheciam, todos se queriam muito bem, todos se “misturavam” alegremente, todos
eram amigos ... o ar que circundava a cidade era mágico. Pessoas se
cumprimentavam umas as outras indistinta e respeitosamente e longas conversas
se estendiam nas casas, nas calçadas, nas ruas, nas esquinas, nos bares, nas
praças da Matriz e do Coreto, na sorveteria, no clube. Não havia pressa, o
progresso caminhava a passos lentos, a palavra estresse não constava nos
dicionários ainda, ela não existia para aquelas pessoas.
Não se discutia o “ser ou
ter”. Apenas se vivia - e muito bem vivida - uma vida tangida por acordes
harmoniosos que só uma cidadezinha pacata e totalmente do bem tem.
A avenida principal ainda
era de terra no auge dos meus seis anos - as luzes dos postes eram alaranjadas-
e, nessa avenida, passeávamos com nossos pais, principalmente nos finais de
semana, quando tomávamos sorvete de groselha no Bar Ideal, comprávamos doces de
coração no bar do Banjo ou passávamos no restaurante do Arnaldo pra tomar
Sodinha e comer carne no palito( contrafilé na chapa). Havia uma parada na
farmácia do Sr. Jacinto e D. Chiquinha, logo após na loja de armarinhos da
família da D. Onélia Kalil e uma última já na rua Campinas, no armazém do Sr.
Lourenço Trevenzolli para uma boa conversa. Sem contar as “paradas” com o Sr.
Vicente Morelli e Sr. Armando Mora(ambos sapateiros), com o João, o Pedro
Bratifich e o Pirtas (ambos açougueiros), Dona Tonica, Hermínio Campos, Toninho
Conservani, Emílio Balloni, Massud, Carlito Botcher, Amadeu Grassi, Guido
Longuin, Constantino Coutsoukos, Cabo Cruz, Vô Nato e por aí vai...e haja histórias!
quaaantas guardo comigo!
Os homens bem mais velhos
usavam chapéu, as mulheres rouge. Lá, os ladrões eram quixotescos (êta Silas!)
e os jovens pareciam ser ainda mais sonhadores e idealistas.
Minha cidade tinha espírito
natalino todos os dias, minha cidade era um salpicar de cores, de cheiros, de
sabores e de pessoas adoráveis, tipos realmente inesquecíveis!
(...)
Hoje, Cosmópolis não é
apenas um quadro estático pendurado na parede de casa, nem só mais uma foto no
Facebook. A imagem dela está cravada em meu peito, em minhas retinas.
Minha cidade é o meu
“Cosmos”... minha memória, minhas raízes, minhas lembranças, minha consciência:
de onde vim, quem sou, para onde irei.
Era uma tarde luminosa de
verão. Munida da minha Monareta vermelha- a minha primeira bicicleta-, resolvi
me aventurar por caminhos, até então, desbravados.
O primeiro empecilho estava
logo à frente. Arrisquei-me a passar com tudo sobre ele : o mata-burros, que
ficava perto da colônia Quebra-Canelas, na Usina Ester. Tinha eu doze anos. E,
ao passar com tudo sobre ele, não saí impunemente. Segundos depois, lá estava
eu feito um pacote de “batatas esparramando ramas pelo chão”.
.
Um homem, “Otelo, ” se
aproximou com a voz embargada ( ou seria amaciada?) pelo álcool. “Ei, vc não é
a filha do Michel, o turco? O que vc tá fazendo sozinha por aqui”? Enquanto ele
tentava arrancar-me a resposta, ia providenciando folhas secas e jogando um
pouco da sua cachaça do vidro escuro sobre elas, molhando-as. Aproximou-se e
tocou os meus joelhos e cotovelos com as folhas, dizendo que ia arder mas que
aquilo curava tudo, todas as dores. E assim me dissera que eu era “cuspida e
escarrada o meu pai”(?). Eu não me atrevi nem a retrucar, fiquei atônita e
apenas consenti que fizesse aquele “emplastro”. Ele foi empurrando a minha
bicicleta até que eu me recompusesse e começou a entabular conversa. E eu
apenas o ouvia. Nessa época eu era uma quase-muda, eu mais ouvia que falava e
observava a tudo e a todos atentamente, abstraindo a minha própria
filosofia...E ele ia explicando pra mim que o mata-burros era um obstáculo que
impedia que cavalos e bois fugissem em disparada e também serviam de ponte.
Acrescentou que aquela minha estripulia podia ter feito mais estrago etc e tal
e aí foi me explicando timtim por timtim sobre a Usina Ester e também que o
povo da “vila” não se misturava com o povo das “colônias” . Eu não conseguia
entender essa parte. Vontade tinha eu de perguntar, mas nem me atrevia a tal
proeza. Houve um momento em que ele resmungou se tinham passado cola na minha
boca rsrsrs.
Este foi o meu primeiro
contato com o novo: a descoberta da Usina, com aquela chaminé imponente, a
mistura do marrom com o verde, as casinhas todas iguais, algumas pessoas à
porta de suas casas conversando, crianças com pipas, trabalhadores com roupas
pesadas e alguns utensílios que lembravam a lida com a terra, um “carvãozinho”
pairando no ar, um cheiro de açúcar, pessoas que passavam silenciosas. Outras
passavam por ele, "Telo", cumprimentando-o efusivamente e
questionando quantas branquinhas ele já havia tomado, ao que ele respondia que
não era da conta de ninguém.
Paramos frente a uma
frondosa árvore. Ele começou a desentortar o aro da minha bike enquanto entoava
uma cantiga triste que falava das dores de um amor não correspondido. Era ele
mulato, tinha a cara toda inchada, olhos apertados, alguns dentes faltando em
sua boca. Eu não tive medo dele. Eu apenas o ouvia e percebia nele uma
tristeza, uma dor comovente.
Bicicleta arrumada, ele me
dissera para que da próxima vez eu fosse mais esperta e não me aventurasse em
coisas que eu não conhecesse. Que era perigoso sair por aí sozinha. E que ele
iria contar para os meus pais se me visse por lá novamente.
Tempos depois, soube que
ele, o ”Telo”- não sei ao certo se era Telo de Otelo -, por conta de um
mergulho na represa com o nível da água bem abaixo do normal, ao nela
mergulhar, quebrara o pescoço e morrera na hora. Fiquei estupefata quando soube
da notícia que rapidamente se espalhara na “vila”.
E ele, que me alertara a não
me aventurar em coisas que eu desconhecia, justamente ele, incautamente, acabou
se despedindo da vida de uma forma tão besta.
Poucos momentos com aquele
desconhecido saberia eu , logo adiante, o quanto havia me significado - na pele
- o que me dissera naquela ocasião: o preconceito devido a uma paixão por um
“pé-de-cana”, dentre outras coisas que ele me “desabafara” e vim a entender
beeem depois..
(...)O mata-burros serviu-me como
uma metáfora. Ele sinalizou em mim, desde cedo, confrontos com as descabidas
"diferenças" instauradas pela vida afora.
E a Usina Ester foi cenário
para minhas muitas descobertas, aventuras e desventuras. A Usina me trouxe
também amores, amigos, alegrias...ela foi palco de boa parte da minha muito bem
vivida juventude!
Em um tempo não muito distante lá estávamos nós, família Bechara Gimael e Baracat, "a bordo" de uma Kombi amarela, a descortinar novos horizontes em meio a verdes, azuis, montanhas, estradas, restaurantes, lugares paradisíacos e, principalmente, a visitar os parentes de São Lourenço -onde hospedávamos em muito bons hotéis- e em arredores pitorescos mineiros e no litoral, onde nos deleitávamos.
E lá íamos nós, estrada afora, na Kombi amarela do meu Tio Jorge Baracat...
Capitaneavam no banco da frente, Tio Jorge, Michel-meu pai - e, espremido, o Tio Zé Bechara.
No banco do meio, vinham minha mãe, minha tia Chafia e minha tia Alice, esposa do Zé Bechara, cercadas por Jamil, Jorginho, Rogéria, Salete e Iara- os “pequenos”. Esses se distraíam com os looongos papos das jovens e animadas senhoras que eram incumbidas dos lanches e bebidas para todos. Na maioria das vezes, o famoso pernil era o protagonista, dentre a profusão de petiscos. E quanta comilança havia naquele espaço, naquele veículo!
No banco de trás, estávamos nós, os mais velhos: eu, Michel Jr., Zarif, Meire, Zé Roberto e Luizinho-esses dois últimos primos, juntos com Salete e Rogéria, filhos do pândego Zé Bechara.
O som era comandado por Tio Jorge- rock progressivo dos bons , MPB e, por vezes, Roberto Carlos que ele oferecia a minha tia Chafia-, assim como a “direção” também era somente dele. Esse meu tio era calmo, atencioso, alegre, generoso, emotivo, coração gigantesco. Esse meu querido tio, com sua descomunal generosidade e com sua sensibilidade ímpar nos apontava tudo o que via pela frente de novo, de lindo e tocava nossos corações, nos inspirava e nos comovia com tudo o que pra nós apresentava e, com a trilha musical impecável, introduzia em todos nós um repertório primoroso que ecoa em nossos ouvidos e ressoa em nossa essência até hoje!
Meu pai e meu Tio Zé, além de assessorarem meu tio Jorge, o “piloto”, com “mapas” improvisados, com o “esperto” cafezinho da garrafa térmica e variadas conversas, encarregavam-se das brincadeiras, imitações, tiradas engraçadas com as quais literalmente chorávamos de tanto rir e, através delas, chamávamos a atenção de todos a nossa volta...as pessoas ficavam estupefatas com tanta gente em um “automóvel”, com tanta alegria, com tanta união e, claro, com o nosso “estilo”! rsrs
E fomos nós, durante dezenas e dezenas de vezes, durante nossa infância, adolescência e início de nossa juventude, ancorados por eles -nossos pais-, viajando com eles, aprendendo com eles, protegidos por eles, assessorados e muito bem acarinhados(amados!) por eles...durante muito tempo foi na Kombi amarela, depois em outros carros, já cada qual com o seu.
Foi uma época em que não ouvíamos falar de grandes fatalidades, depressão, estresse, nem de religiões; não havia grandes discussões sobre política, ideologias e tantas outras coisas, dadas as “mídias”(???) da época...e era muito raro as famílias viajarem tanto assim, juntas e costumeiramente. Foi uma época de fartura, de muito amor, respeito, alegria. Não ouvíamos nossos pais “discutirem a relação”, nem falarem mal de ninguém. Não os víamos tensos, tristes, reclamões, falando de finanças, de assuntos impertinentes.
Foram “anos dourados”...
Acordei com as palavras de Nelsinho Motta: “ As pessoas devem parar de viver a nostalgia. Ela emperra o presente, impede você de enxergar as maravilhas do Hoje...” rsrs . Pois bem, eu vos digo, caros leitores, que mal há em reviver, vez ou outra, o bom passado? Se hoje somos o que somos, devemos muito ao que vivemos; se tivemos um “mal passado”, enterremo-nos, pois, ou aprendamos com nossos erros e que eles nos fortaleçam ! Mas se há coisas tão ternas e lindas pra rememorarmos, por que não deixarmos as boas lembranças nos abastecer nessa manhã não tão luminosa? E que o verso “Recordar é viver” faça jus a quem interessar possa...a quem tem a bênção de poder ter coisas lindas pra relembrar e seguir forte e muito bem abastecido no Hoje!
A imagem da Kombi peguei na internet. O “Vamos fugir” é uma pedida pra ficar “fora do ar”, fora do emaranhado de coisas tristes que assolam o nosso país e o planeta em que Hoje vivemos...pelo menos por alguns momentos!
Para a senhora, linda e distinta D. Mercedes, nossa Mercedes do
Aldoyr , da Nadya, da Thaís, da Miriam, da Marselha, do Miguéis e de todos nós
que tivemos a honra, a alegria, o privilégio, a dádiva de tê-la conosco sempre
a nos confortar, a nos acarinhar, toda a nossa eterna gratidão, todas as nossas
reverências e deferências por nos
ensinar tanto, por sempre nos receber tão maravilhosamente bem em sua casa!
A vida nos separou. Vez ou
outra quando visitava a minha família,
aos domingos, lá estava ele na soleira da porta da casa de minha mãe, à espera
de uns trocados, de um prato de comida. E eu tentei, de todas as formas, muitas
vezes, a dissuadi-lo daquela vida que levava...em vão! E ao
adentrar na casa de minha mãe, muitas vezes impotente diante daquela situação,
não conseguia almoçar pensando naquele moço ali, jogado na porta, não querendo
entrar nunca, comendo rápido, faminto...não
tinha como não me remeter à vida linda que um dia ele tivera...sempre
impossível deter as lágrimas, a tristeza, sempre com meu coração moído sem
poder fazer absolutamente nada. E tendo sempre
a plena convicção de que muitos a minha volta também se sentiam assim,
sem poderem nada mais fazer...
A Nostalgia me invade agora
oje eu acordei com saudade de um montão de coisas...Pra variar, de tudo o que vivi em Cosmópolis, minha cidade natal .Da cidade de Paulínia que me acolheu maravilhosamente bem em todos os sentidos. Do Rio Branco, colégio onde aprendi muuuito, especificamente saudade do visual dele, das cores dele...Dos meus alunos incríveis e de tudo que vivenciei com eles.Da minha família, dos meus amigos, professores ou não.Dos meus gatos, das minhas plantas, dos meus bolachões, dos amores antigos e bem vividos, da infância, dos longos papos madrugada afora com meu primo Jorginho Baracat, das mesas fartas e engordativas, das festas de arromba, dos altos papos com o pessoal do RB e do Supla, do pão de queijo da Eli AP.Bottcher, de sair de madrugada de carro sem destino e parar no Guarujá...Saudade do Guaru, onde vivi muuuitos anos de temporadas deliciosas, com um pessoal bacana, saudade até de suar (!¿)....!!!!! Do meu filho bacana, do posto 9, das minhas andanças, das praças, dos bosques, dos clubes, dos bailes do CFC, das cachoeiras, do café da tarde da vó Dinorah e da Tia Tê, do sítio do tio Emílio Tetzner, do charmoso e arrojado “saloom” da mineira de Alfenas, d. Auxiliadora com suas balas de café, da modista de Campinas, Mariazinha, da costureira Mafalda de Cosmos, da Neide cabeleireira, do Augusto da farmácia, do meu amigo-irmão Rodolfinho, dos brechós descolados de Barão e de de Sampa,da efervescência de Sampa, da Galeria do Rock, da av. Ipiranga com São João, onde morei por uns tempos, do Largo do Pará da década de 90,da turcaiada, da italianada, da comida da mãe, do óleo de dendê dourando a pele, dos papos com o tio ZéNato, dos papos com a cúmplice Rebeca, minha afilhada, das risadas do Edu,feito pipoca estourando na panela ...saudade do Eden bar, dos camarões empanados do Castelo, da padaria do Nico, saudade de Minas, do bonde de Campinas da minha infância...de tudo, de todos!!!!!
Aí, abri a janela...lá estava ele, o Mar anil, brilhaaaaando, ofuscando a vista, o vento mais morninho hoje, o verde turmalina dos pinheiros, os quarentões bem postos surfando, os cães a minha espera, o barulho das altas ondas quebrando nos rochedos, as montanhas impávidas...
Então, tudo ficou para trás, devidamente guardadiiiiinho, represadiiiiinho, emolduradinho num quadro guardado no coração....Aí, a saudade e as doces recordações deram lugar a uma explosão de sensações de-li-ci-o-sas, a um chamado sonoro me acordando para o hoje e nada mais!
Olho para o espelho -fiz as pazes com ele, a duras penas-, digo-lhe bom dia, desintoxicada, muito mais leve, de bem com a vida e “o que ela me trouxe”, “ouço” a paz se instalando, uma música de Antunes, releio alguns versos de Neruda, Pessoa e Quintana pregados estrategicamente na parede do quarto, pra não me esquecer nunca de que o tempo é fugaz, de que tudo é fugaz e me detenho apenas no que é mais sagrado...O hoje urge, o hoje me chama!
Sinto que tudo de bom que vivi, ressoa hoje em mim de forma gratificante, me faz seguir segura, feliz, liberta, pronta pra recomeçar, sem olhar para trás, sem me deter naquilo que poderia ter sido e não foi...percebendo que preciso, hoje, de muuuito pouco para ser feliz, muuuito menos do que eu imaginei um dia. Isto me faz privilegiada, isto me faz um pouco mais sábia, mais desapegada, despojada ... e me descubro com um certo brilho nos olhos, coberta por uma espécie de manto que me imuniza de coisas que hoje já não me dizem mais nada e antes eram tão vitais, essenciais mesmo.
Escancaro o portãozinho rústico, os cachorros se empoleiram em mim, me envolvendo em abraços longos e esfuziantes, seguem comigo feliiiiizes como eu, agora...e eu apenas quero perpetuar este momento...É o que vale, é o que realmente importa...Seguir em frente, sem olhar para trás!
E todas as doces recordações...ficam guardadas pra sempre no meu coração, provendo linda e docemente a minha alma, o meu espírito!
E lá vou eu para os braços de Netuno...
Carpe Diem!
Feliz Aniversário, pai!
Hoje meu pai faria 77 anos. Ele se foi aos 48. Cedo,muito cedo pra quem tinha tantalegria,tanta vontade de viver, tantos planos, tantos sonhos!
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Amanhecia assoviando, entardecia cantando, anoitecia brincando
com tudo e com todos e contando histórias e vendo televisão junto com a gente
ou caminhando à noite com a minha mãe, os dois de braços dados , os dois sempre
conversando muito por horas, enquanto caminhavam.
Saíamos sempre juntos. Não gostava de ficar sozinho, sentia
falta da minha mãe quando ela se ausentava por poucos momentos – os dois trabalhavam
juntos.
Um dos melhores amigos dele, além de Agenor Tonussi, meu avô
Honorato e meu tio ZéNato, era Jorge Baracat. Os dois juntos era algo lindo de
se ver, eram muuuito amigos e, nas reuniões familiares ou em viagens (que não
foram poucas), faziam-nos chorar de tanto rirmos com as brincadeiras deles,
faziam piadas até das próprias desgraças...rsrsrs.
Tinha o dom de encantar as pessoas com suas conversas, com o seu
jeito meio “sarrista do bem” de ser, tinha o dom da sedução pra vender. Era um homem bonito, filho de libaneses, era comerciante inato. Tinha uma energia fora do
comum para trabalhar, amava o que fazia, trabalhava feito um mouro, com
alegria, com amor.
Gostava de se cuidar, não tolerava a ideia de ficar barrigudo –
fazia exercícios todos os dias e, no
verão, nadava todas as manhãs no CFC; à
tarde , fechava a loja e nos levava ora no clube, ora na represa na Usina
Ester, onde nos ensinou a nadar. Tinha medo de perder os cabelos. E amava feito
um adolescente a minha mãe. Formavam um casal lindo, apaixonado, não tem em
Cosmópolis, alguém que o tenha conhecido e
não tenha boas e lindas histórias pra contar sobre ele.
Tinha um amor descomunal pelos filhos, era liberal conosco, bom
demais, amigo, conselheiro, nos acompanhava em nossas atividades, enxergava
loooonge, era cheio dos “provérbios”, tinha uma criatividade fora do comum e
uma paciência de Jó com a gente. Era
caaaalmo demais, falava baixo, nunca levantou um dedo para nós, nunca o vimos
reclamar de absolutamente nada, nem mesmo quando ficou doente e passava pela
terrível hemodiálise.
Ele costumava dizer não fossem os gastos na alimentação com a
gente, ele estaria muuuito rico. (rsrsrs)Pra se ter uma ideia, meu irmão,
Michel Jemael (atleta, na época), comia
dez pãezinhos , eu devorava um queijo sozinha, o Jamil um litro de leite,
só no café da manhã, fora os muitos
litros de suco de laranja natural que ele mesmo fazia todo santo dia...
Exageros à parte – fomos criados com uma fartura descomunal
(imaginem, cozinha árabe com italiana, além do que minha mãe era e é feeera na
cozinha) – fomos muito bem assessorados por ele, quer seja com os seus sábios
conselhos, quer seja com sua postura diante da vida, diante do mundo, que muito nos inspirou
a sermos pessoas do bem, pessoas que se encaminharam de forma legal.
Poderia falar por horas a fio como filha amadíssima que fui...foi através dele que
pude entender muita coisa do mundo, os
percalços da vida, o significado da liberdade,
os mistérios dos sentimentos; foi ele que me fez descobrir a paixão pela leitura, me ensinou a
amar os animais e a natureza, a importância do conhecimento, dos exercícios
físicos, de se cuidar, de cuidar bem dos
sentimentos pra não envelhecer por dentro...muitas coisas meeesmo aprendi com
ele, coisas que me abastecem a alma, que me fazem seguir em frente, além das
muitas histórias, viagens, papos, situações incríveis que povoam meus
pensamentos agora e sempre... uma herança sem preço, um tesouro valioso pra
sempre!
Tem uma frase dele,
dentre taaaantas outras, que eu gravei pra sempre e ponho em prática: “Estenda
sempre o tapete vermelho para as pessoas mais simples, para as pessoas menos
favorecidas socialmente ou por qualquer outra condição desfavorável e trate de igual pra igual pessoas do seu nível
ou altas autoridades. Não seja subserviente nunca a coisas ou pessoas que não
tenham nada a ver com os seus princípios”.
È isso aí, Michel B.
Gimael, eu que não pensava em ter filhos, você sabia disso, você sabia a filha
que tinha, veio o Michel Bechara Gimael Neto, o seu “clone”(quem o conhece sabe
disso)...hoje vejo que filho é a oportunidade que a gente tem de poder passar a
nossa vida a limpo em muitas circunstâncias.
Hoje entendo, mais do que nunca, essa sua paixão por nós, seus filhos...e por que vc teve que partir tãããão cedo!
Todas as vezes que olho para esse seu adorável neto ( vc iria
gostar dele e muuito!) não tem como não me lembrar sempre de vc, meu “turco”
querido...
Esteja onde estiver...FELIZ
NIVER!!!!!!!Saudadona muuuita ...Beijos e beijos da sua filha que sempre
te amou muuuitão,
Rosana
Homenagem à minha mãe
H
|
oje eu acordei com uma vontade imensa de escrever para você. Sem
receio algum de lhe escrever...
Hoje é um dia especial. Hoje é um dia de comemoração. Hoje é o
seu dia, mãe.Vc nasceu em 13 de novembro de 1940!
Você deve estar recebendo um telefonema atrás do outro, a loja se enchendo de flores,
a casa idem, presentes e mais presentes , cartões e mais
cartões...provavelmente suas amigas já a
estão ajudando com os
preparativos da sua já famosa e esperada reunião festiva .
Imagino você elegante
como sempre, impecável com os cabelos e
as unhas feitas, sendo
assessorada pela Rosely na loja, pela
Maria e a Tânia Bico – suas leais secretárias-
que, como sempre, dedicam-se com esmero para deixar a casa “uma
pintura”.
Provavelmente você acordou
cedo como sempre, conversou com Deus, agradeceu por mais um amanhecer, por mais
um ano de vida, cuidou das plantas assoviando, deu uma geral na sua área de
lazer e foi andar de bicicleta pela
cidade, como você habitualmente o faz há décadas. Pontualmente, às 9h, abriu a
loja, como assim você também o faz há décadas.
São 72 anos de vida , muito bem vividos e abençoados, como você
costuma dizer.
Você realizou muitos sonhos, teve muitas conquistas, foi (
e é) muito amada, casou-se com o homem que escolheu,
que a fez feliz - formavam um casal perfeito - , construíram
uma família. Teve excelentes
pretendentes, verdadeiros partidões (houve até um aviador), mas você só teve olhos para o meu pai.
Você não teve muita
paciência de estudar (embora tenha priorizado os estudos em nossa
educação), mas sempre leu muito, se expressa muito bem com essa sua voz rouca,
sempre procurou se informar, destacou-se como comerciante, soube sozinha tocar
o que meu pai deixou, soube encaminhar
seus filhos, foi sábia, íntegra e digna.
É referência como mulher,
como cidadã cosmopolense e como comerciante.
Vc foi uma mulher
lindíssima – ora chamavam-na Grace Kelly ora Ingrid Bergman (Uau! Ser comparada
a essas divas hollywoodianas não é pra qualquer uma!) – e você nunca deu bola para isso. Soube lidar com as diversidades do tempo,
consciente da efemeridade de tudo: continua bonita, não
envergou, não se submeteu aos caprichos do destino.
Aprendeu muito e colocou
em prática tudo o que aprendeu, com
maestria.
É uma mulher de personalidade forte, pragmática, com um brilho
incomum.
Tem um talento para a cozinha inquestionável, é habilidosa nas
vendas, no trato com as pessoas.
Nunca mais pensou em se
casar novamente.
Tem três filhos e três
netos...
É uma mulher realizada e feliz...É, d. Cida, eu poderia ficar
horas falando sobre você.Mas, hoje, apenas lhe
agradeço por ser minha mãe.
Não foi tarefa fácil pra você
ter sido escolhida pra ser minha mãe;
também não foi tarefa fácil pra mim,
ter sido escolhida pra ser sua filha.
Casou-se aos 17 anos por
opção, você e meu pai eram garotos, foi mãe muito jovem.Não foi
fácil a nossa convivência, lidar com as nossas divergências...eu
insuportavelmente contestadora pra não dizer desaforada, rebelde... Você dizia que o meu pai me mimava, me dava asas
de mais, liberdade de mais - um amigo dele dizia que na casa onde se convive com
mais de uma mulher é um verdadeiro milagre a harmonia reinar absoluta...rsrsrs.
Você teve pulso firme. Você não nos mimou. Você soube ser
firme sem vacilar nunca, cumpriu habilmente com
o seu papel.Então, Cida, entre oscilações emocionais, hoje –seria a
distância? Os quase mil quilômetros que nos separam¿ O que importa¿ - entendo você...Tudo sempre é
culpa da mãe; não fosse isso, os
consultórios dos terapeutas seriam menos concorridos. É comum pais acharem que filhos são projetos
de vida- ou se projetarem através deles
ou se realizarem através deles...É comum os
filhos culparem os pais por tudo.
Por sorte e felizmente, a
maturidade traz a sabedoria, o discernimento ... e as coisas vão se ajeitando,
se encaixando nos devidos lugares. E os
filhos, tardiamente ou não, reconhecem a árdua missão de seus pais em
transmitir valores que julgam
imprescindíveis para o encaminhamento dos seus.
Aquilo que julgamos que poderia ter sido e não foi, vai dando
vazão a outras descobertas, a outros caminhos, a outras
compensações...tudo foi devidamente preenchido, resgatado, redimido pelo amor extremo dedicado ao meu filho, o seu neto, o Michel Neto , por
tudo o que faz por ele, um verdadeiro oásis, um transbordar de amorosos sentimentos, devida e
intensamente correspondidos por ele.
E eu lhe sou grata, muito
grata por isso! E também a admiro por
isso! Muito mesmo.
A vida, o tempo se encarregam de apaziguar tudo...de esclarecer
tudo, de acertar os ponteiros, de zerar pendências.
Talvez por sermos muito parecidas, tivemos os nossos embates.
Somos sinceras de mais e olha que meu pai dizia que sinceridade em excesso é falta de educação!rsrs.Então, seríamos mal-educadas? Temperamentos fortes,
sanguíneos? Apenas mãe e
filha...querendo acertar, aparar arestas. Faz parte da nossa evolução, do nosso
crescimento espiritual...
Tudo ficou para trás e acredito que para você tenha sido assim também.
Apesar de não ter herdado a sua beleza de diva(rsrsrs), agradeço a você
por ter herdado a sua garra, a sua disciplina, a sua saúde de ferro, a
sua determinação, o seu astral, a sua alegria de viver.
Agradeço a Deus e a você,
mãe, a oportunidade de tê-la como mãe e
de ter aprendido tanto com você...como
mulher, como filha e como mãe!
Um Feliz Aniversário,
muuuuitos anos de vida!!! E que você
continue com essa sua fé inabalável, com essa sua vitalidade, com essa
sua força...que venham muitos anos pedalando, assoviando, viajando muito e com
muitas festas celebrando a vida – hoje e sempre.
De novo, obrigada,
D.Maria Apparecida Fozatti Gimael , por me tornar uma pessoa melhor...
Parabéns pra você nesta
data querida!!!!
Beijos da sua filha que hoje a reverencia,
Rosana
A música e eu
T
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enho a música como a expressão máxima de um estado de alma, a melhor
tradução de um canal de comunicação extrassensorial entre as pessoas que têm uma percepção muito além da imagem aparente das coisas ao redor.
tradução de um canal de comunicação extrassensorial entre as pessoas que têm uma percepção muito além da imagem aparente das coisas ao redor.
A linguagem musical muito cedo se apossou de mim. Desde o assoviar contínuo da minha mãe, entoando trilhas de músicas de filmes da década de 50 - enquanto cozinhava - às batucadas do meu pai sobre a pia do banheiro, ao amanhecer , durante a minha mais tenra infância, passando pelas festas na casa de minha avó Dinorah, casa cheia de italianada varando madrugadas - regadas à Jovem Guarda - às aulas particulares do meu Tio ZéNato, que ensinava matemática em casa, sob o som da bossa-nova, apresentando-me Nara, Chico, Caetano, Gil, J.Gilberto.
Depois vieram Beatles, Rolling Stones, Gênesis , Pink Floyd e outros estilos de rock mais pesado, todos eles apresentados pelo meu tio Jorge Baracat, um descendente de libaneses à frente do seu tempo, período intercalado por Luiz Gallani e seu conjunto, Rage Baracat, Paulinho Tavano e meu tio Rubens Gimael , eternamente acompanhado de seu sax.
E , paralelamente, veio o piano, com quem tive afinidade imediata, assessorada, a princípio pela D. Stella Tavano e depois pela Maria Ignês Scorsoni, maravilhosa pessoa (e paciente professora!) com quem aprendi tantas lindas coisas. Meu namoro com esse instrumento durou quase duas décadas. E foi, nesse período, que fiz minhas incursões pela música clássica, que aprimorei meus ouvidos, que viajei por lindos caminhos, descobrindo melodias e partituras que me faziam sonhar e sonhar.
Fui crescendo acompanhada de meus primos e primos da minha mãe extremamente musicais que atravessavam dias e noites em nossos encontros, embalados pelo violão ( ocasiões que também estimularam meu irmão Michel a iniciar-se nesse instrumento) e, logo após, pela minha tia Célia, com sua voz poderosíssima e performance única que abrilhantava nossas festas.
Depois vieram as nossas viagens na Kombi do meu Tio Jorge devidamente acompanhadas por uma trilha sonora impecável, deliciosa ... “viajava” sob o som das músicas através da janelinha, vendo os azuis, os verdes, a vida que se descortinava além do horizonte... e sonhando sempre!
E seguiram-se os romances, os bailinhos na garagem, no CFC, as inúmeras viagens, a gravidez e todos os eventos que se tornaram marcantes através de uma melodia, de uma canção que me transportava para um universo mágico, que me inspirava - o que sempre me fez levar a vida com certa leveza e muita alegria.
Não há um casal que não tenha uma música-tema para o seu relacionamento. Se não houver, então não há sintonia de romance. Não há uma viagem fascinante sem uma boa trilha sonora que perpetue em nossa memória, que nos remeta a emoções e sensações vividas nos momentos pra lá de especiais ou àquelas que sempre associamos a pessoas por quem nutrimos carinho, afeto, amor.
Aqui, no sul, chove, venta – eu diria que mais parece um vendaval -, faz um frio danado. Me preparo para as próximas horas para uma viagem de carro, um percurso com duração de mais ou menos 14 horas. Sozinha. E preparada. Sim, organizei, previamente uma seleção de mais de mil músicas que farão dessa viagem uma conexão com o divino. Nada a temer. Apenas sentir e sentir. E viajar e “viajar”. Acho que os meus tios e meu pai amariam ouvir essa extensa coletânea . E com certeza, reverenciariam essa minha trilha sonora.
(...)
E que todos possamos fazer da vida a melhor ( e a mais harmônica!) melodia para os nossos ouvidos!
E que venha a vida... Lindo dia a todos!
D
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e longe, mando-lhe toda a minha vibração
por este seu dia , de muita festa, alegria, presentes mil. Bem sei que a sua
sala, a sua cozinha, a casa toda deve estar repleta de pessoas desde o
amanhecer até o varar da noite, todas elas
desejando a você muuuitos anos de vida, todas elas a sua volta
comemorando o seu aniversário em grande estilo.
Você hoje faz 76 anos, muito bem vividos.
Sempre solícita com todos, sempre com a casa cheia de pessoas que te adoram,
que te rodeiam de mimos, de atenções, de gentilezas, retribuindo a você tudo o
que faz por elas: sempre pronta para recebê-las, para ouvi-las, sempre com a
mesa posta (e farta!) revelando a sua generosidade, dando sempre o seu melhor
para todos.
Reconhecida pelo lindo trabalho com a
costura – é uma exímia profissional, dom
herdado do meu maravilhoso vô Honorato -, pelos dotes culinários, pela atenção
desmedida com todos, revelando sempre, através da sua aparência frágil, corpo
de moça, voz baixa, sorriso no rosto, o quanto é forte, cheia de personalidade,
independente, decidida e sábia.
Tem uma única filha, minha prima Soraya,
de quem tanto se orgulha – e com razão!-
por ter formado uma linda família, por ter-lhe dado tantas alegrias e
ter uma louvável trajetória de vida.
Minha amiga de muuuitas horas de
confidências, com quem muito me identifico, com quem aprendi tanto, com
quem sempre fui eu mesma, sem reservas, já que ela sempre me deixou à vontade,
sempre me entendeu, sempre me apoiou, não sem ter dado broncas nas horas certas, não sem antes ser
bastante imparcial, porém sempre minha cúmplice e incentivadora em tudo o que
fiz.
Bem sei que ando em falta com ela por não
ligar e ficar horas ao telefone, dadas as circunstâncias nas quais hoje me
encontro, a quase mil quilômetros dela. Com ela a conversa tem que ser olho no
olho, pelo menos durante uma tarde inteira, frente a uma mesa, sem pressa
alguma.
Temos a mesma paixão por animais,
principalmente pelos felinos, muitos gostos em comum, inclusive a de sempre
testar novas receitas na cozinha, território que ela domina muito bem,
principalmente o dom que tem em preparar massas, pães, doces bem ao estilo da
sua mãe, minha querida avó Dinorah, italianíssima.
Minha tia é bastante romântica, sonhadora,
discreta, bem musical e, embora tenha
enfrentado vários desafios pela vida afora, soube se sair de forma
corajosa de todos eles, sempre mantendo a sua essência e uma certa leveza no modo de enxergar a vida!
É uma pessoa muito conhecida e amada em
Cosmópolis, muito admirada por sempre receber tão bem as pessoas e fazer
delas sempre únicas, exclusivas, através do
seu carinho e prezando sempre a amizade em primeiríssimo lugar.
Minha Tia Tê, um brinde a você, muita paz,
saúde e sucesso sempre!!!
Obrigada por tudo o que fez por mim sempre!!!!
Beijos e abraços saudosos da sua
sobrinha-afilhada, que em breve estará aí para abraçá-la, colocar a conversa em dia e saborear os seus deliciosos
quitutes.
A Kombi amarela
Em um tempo não muito distante lá estávamos nós, família Bechara Gimael e Baracat, "a bordo" de uma Kombi amarela, a descortinar novos horizontes em meio a verdes, azuis, montanhas, estradas, restaurantes, lugares paradisíacos e, principalmente, a visitar os parentes de São Lourenço -onde hospedávamos em muito bons hotéis- e em arredores pitorescos mineiros e no litoral, onde nos deleitávamos.
E lá íamos nós, estrada afora, na Kombi amarela do meu Tio Jorge Baracat...
Capitaneavam no banco da frente, Tio Jorge, Michel-meu pai - e, espremido, o Tio Zé Bechara.
No banco do meio, vinham minha mãe, minha tia Chafia e minha tia Alice, esposa do Zé Bechara, cercadas por Jamil, Jorginho, Rogéria, Salete e Iara- os “pequenos”. Esses se distraíam com os looongos papos das jovens e animadas senhoras que eram incumbidas dos lanches e bebidas para todos. Na maioria das vezes, o famoso pernil era o protagonista, dentre a profusão de petiscos. E quanta comilança havia naquele espaço, naquele veículo!
No banco de trás, estávamos nós, os mais velhos: eu, Michel Jr., Zarif, Meire, Zé Roberto e Luizinho-esses dois últimos primos, juntos com Salete e Rogéria, filhos do pândego Zé Bechara.
O som era comandado por Tio Jorge- rock progressivo dos bons , MPB e, por vezes, Roberto Carlos que ele oferecia a minha tia Chafia-, assim como a “direção” também era somente dele. Esse meu tio era calmo, atencioso, alegre, generoso, emotivo, coração gigantesco. Esse meu querido tio, com sua descomunal generosidade e com sua sensibilidade ímpar nos apontava tudo o que via pela frente de novo, de lindo e tocava nossos corações, nos inspirava e nos comovia com tudo o que pra nós apresentava e, com a trilha musical impecável, introduzia em todos nós um repertório primoroso que ecoa em nossos ouvidos e ressoa em nossa essência até hoje!
Meu pai e meu Tio Zé, além de assessorarem meu tio Jorge, o “piloto”, com “mapas” improvisados, com o “esperto” cafezinho da garrafa térmica e variadas conversas, encarregavam-se das brincadeiras, imitações, tiradas engraçadas com as quais literalmente chorávamos de tanto rir e, através delas, chamávamos a atenção de todos a nossa volta...as pessoas ficavam estupefatas com tanta gente em um “automóvel”, com tanta alegria, com tanta união e, claro, com o nosso “estilo”! rsrs
E fomos nós, durante dezenas e dezenas de vezes, durante nossa infância, adolescência e início de nossa juventude, ancorados por eles -nossos pais-, viajando com eles, aprendendo com eles, protegidos por eles, assessorados e muito bem acarinhados(amados!) por eles...durante muito tempo foi na Kombi amarela, depois em outros carros, já cada qual com o seu.
Foi uma época em que não ouvíamos falar de grandes fatalidades, depressão, estresse, nem de religiões; não havia grandes discussões sobre política, ideologias e tantas outras coisas, dadas as “mídias”(???) da época...e era muito raro as famílias viajarem tanto assim, juntas e costumeiramente. Foi uma época de fartura, de muito amor, respeito, alegria. Não ouvíamos nossos pais “discutirem a relação”, nem falarem mal de ninguém. Não os víamos tensos, tristes, reclamões, falando de finanças, de assuntos impertinentes.
Foram “anos dourados”...
Acordei com as palavras de Nelsinho Motta: “ As pessoas devem parar de viver a nostalgia. Ela emperra o presente, impede você de enxergar as maravilhas do Hoje...” rsrs . Pois bem, eu vos digo, caros leitores, que mal há em reviver, vez ou outra, o bom passado? Se hoje somos o que somos, devemos muito ao que vivemos; se tivemos um “mal passado”, enterremo-nos, pois, ou aprendamos com nossos erros e que eles nos fortaleçam ! Mas se há coisas tão ternas e lindas pra rememorarmos, por que não deixarmos as boas lembranças nos abastecer nessa manhã não tão luminosa? E que o verso “Recordar é viver” faça jus a quem interessar possa...a quem tem a bênção de poder ter coisas lindas pra relembrar e seguir forte e muito bem abastecido no Hoje!
A imagem da Kombi peguei na internet. O “Vamos fugir” é uma pedida pra ficar “fora do ar”, fora do emaranhado de coisas tristes que assolam o nosso país e o planeta em que Hoje vivemos...pelo menos por alguns momentos!
Para minha prima Salete Jemael
“D
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e tanto me perder de andar
sem sono, por essa noite sem nenhum
destino, por essa noite escura em que
abandono os meus sonhos de tempo de menina, de tanto não poder mais ter saudade
de tudo o que já tive e já perdi.. então, dona menina, agora eu me resolvo ir embora pra bem longe
daqui."
Um dia todos estivemos juntos. Não faz tanto tempo assim. Mas parece um século. Tínhamos a presença de todos os que já se foram, sempre ao redor de uma
mesa, comemorando datas especiais, com muita comida, com muita alegria, com
muitas brincadeiras, com muita música. E a presença constante - e tão aconchegante! - de
nossos pais, tios, avós...
Um dia partilhamos sonhos,
alegrias, tristezas. E quantas viagens
fizemos juntos! E quantos momentos felizes, de chorarmos de tanto rirmos com as brincadeiras e palhaçadas que nossos
pais faziam! E sem contar a fartura, presença constante em nossas vidas –
e sempre tema recorrente em nossas conversas.
Bem sabemos que, mesmo a
distância, mesmo sem mais nos reunirmos como antigamente, mesmo sem os tempos
de outrora, os vínculos do sangue
perpetuam, “falam mais alto”. E tão bem sabemos o quanto você nos queria bem e
o quanto nós sempre nos demos bem. Os
sentimentos e a sensação, agora, de que o tempo parou são muito fortes em mim, em toda a nossa família que sente imensamente a forma como você partiu: tão rápido, tão cedo, sem tempo para
despedidas.
Você não nasceu pra sentir
dor. A sua alegria, o seu senso de
humor e
a sua vitalidade nunca combinaram com doença, com sofrimento.
Então, querida prima Salete
- agora liberta de todas as dores - , descanse em paz nos braços do Senhor! E que você continue fazendo
todo mundo aí, do andar de cima, rir muuuito - quem sabe acompanhada do seu
pai, Tio Zé Bechara, do tio Jorge Baracat e do meu pai, sempre tão hilários?!
Há de ser uma festa só!
Abraços saudosos de todos os
seus primos e tios...
E
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ra uma vez um reino, nas
planícies da Cidade Universo. Nesse reino, morava uma rainha a quem todos
chamavam Mercedes, embora tenha ela nascido Marselha.
Era uma mulher admirável,
muito amada, respeitada, reverenciada por todos. De ascendência
libanesa, era munida
de uma alma nobilíssima e de uma bondade incomum. Cultiva o hábito da
leitura - principalmente a dos jornais –,
o que a mantinha sempre bem-informada
e a fazia transitar por assuntos diversos,
antenada com as últimas tendências.
Não ficava na piedade.
”Praticava” a compaixão.
Tinha a pele claríssima - e
sempre muito bem cuidada -, os cabelos dourados, os olhos de menina sábia. Era dotada
de porte elegantérrimo e de
extrema generosidade, distribuída sem parcimônia a todos os seus
súditos.
E, por onde passava, deixava
o rastro suave de seu inconfundível perfume e
a marca do seu refinamento nos
seus gestos, nas suas atitudes.
...
Essa introdução já me
motivaria a contar uma linda história de trajetória de vida de uma
mulher, cuja existência foi pautada pela
bondade e generosidade extremas, como disse acima.
Por hoje, apenas arrisco , aqui, a distância, fazer um tributo a essa mulher que se despede deste
plano , deixando o meu coração- e o de muuuuuitas outras pessoas -nublado,
tomado de tristeza imensa. E, nesse meu
desalento, nesse meu profundo pesar , sinto-me invadida pelas
maravilhosas lembranças que tenho dessa pessoa extraordinária , nossa D. Mercedes.
Hoje veremos o nascer não de mais uma estrela no céu, mas de uma constelação- de brilho extraordinário-
com o seu nome.
Uma senhora que marcou não só a minha vida, como a vida
de muitos cosmopolenses. Uma mulher notável, sempre pronta pra ouvir, ajudar e
incentivar as pessoas a sua volta, sem
fazer distinção de ninguém.
Guardo os seus lindos
cartões escritos a mão, seus mimos, seus conselhos, sua voz mansa -com o mesmo
timbre que a do meu pai- pra sempre na minha alma, no meu coração, na minha
memória.
Sua presença luminosa foi
marcante na minha infância- e na de muitos- quando nos apresentou os fogos de
artifícios, quando nos recebia ( que fartura!) com o seu cachorro-quente delicioso (com a famosa salsicha Eder, feita de tripa de carneiro,
maravilhosa!), com os seus “bons-
princípios- de- ano-novo” generosos, sempre acompanhados de um sorriso e de uma
delicadeza ímpares, de sua “fina e linda estampa”...sempre dotada de um
indiscutível bom-gosto, porte
altivo, lindas mãos sempre prontas pra
nos afagar, braços abertos prontos pra nos envolver em longos abraços; com palavras boas,
proferidas baixinho, bem articuladas.
Para a senhora , D.
Mercedes, que sempre soube o quanto a amamos, cito a frase que se encaixa
perfeitamente para a nobre pessoa
que foi e que deixa em todos nós
uma descomunal saudade: “As pessoas não
morrem, ficam encantadas.” Guimarães Rosa
E que sua luz se irradie
pela Eternidade! Para todo o sempre.
Amém.
Amém.
Ulisses, o grande menino de Cosmópolis
Após dez longos anos
passados longe de casa, combatendo os troianos inimigos, Ulisses, o herói grego
por excelência acabou por conseguir a
vitória pela astúcia graças, no caso, ao
famoso cavalo de madeira-o cavalo de Troia- abandonado na praia, perto das
muralhas por tanto tempo sitiadas.
Ulisses, em 1978 |
Os troianos imaginaram se
tratar de uma oferenda aos deuses e, no entanto, era uma máquina de guerra com
o ventre repleto de soldados. À noite, os guerreiros gregos saíram de dentro da imponente estátua e
massacraram até o último dos troianos,
que dormiam.. Foi uma atroz carnificina,
que suscitou a ira dos deuses. A guerra estaria terminada. Ulisses (Odisseu,
que originou a Odisseia-narrativa das peripécias do herói - de Homero) voltaria pra casa, pra sua ilha,
Ítaca (onde era rei), para sua mulher,
Penélope, e para seu filho, Telêmaco.
Na volta para casa – mais
dez anos-, enfrentou toda a sorte de
percalços, de desafios - é, os deuses lançaram a sua fúria, atormentando o
herói - e a todos eles, sábia e corajosamente, Ulisses venceu, conquistando o
reconhecimento e todas as glórias
cabidas a ele. E, quando finalmente
chegou à sua terra natal, junto aos que o amavam, foi recebido com imensa alegria e as honras que lhe eram devidas.
Ulisses, o herói semideus,
protagonista da epopeia
grega, representa na mitologia grega o
arquétipo da coragem, da sabedoria, da astúcia, da
inteligência, do homem destemido e
autêntico, o sábio que sabe o que quer e para onde vai.
Familia Coutsoukos, 1960: D.Rosinha e Sr. Constantino Coutsoukos,com George e Ulisses...lindas lembranças! |
(...)
O Ulisses sobre o qual falo
acima é conhecido de muitos - interessados ou não em relatos fantásticos da
miologia grega.
O Ulisses, a quem me
reportarei agora, da minha querida
Cosmópolis, embora carregasse o mesmo nome do herói, teve uma saga inversa ao do destemido
“Odisseu”.
Ulisses, o “grego”
cosmopolense, era um rapaz adorável que
um dia participou de muitos bons momentos da minha infância, junto com os meus
pais e os dele, pessoas muito distintas e amorosos pais –saudosos - D.Rosinha
Damiano e o Sr. Constantino Coutsoukos, o grego; foi um
moço lindo, amoroso, gentil que, na minha adolescência, se fez ainda
mais presente em muitos bons( e também angustiantes) momentos, compartilhando
tristezas e alegrias. O Ulisses que fora,
um dia, apaixonadaço por minha prima Zarif.
O Ulisses que, um dia, na juventude, “se esvaiu” de todos nós e, dali
por diante, foi se perdendo na estrada da vida.
De nome grego, ascendência
grega por parte de pai. Aparência, um dia, também de um deus grego, de feições
lindas e marcantes, de estatura alta, um menino gigante. Grande no tamanho, no coração, na alma.
Frágil, indefeso, extremamente tímido, um menino na essência. Ulisses da
esquina do Itaú, irmão do George.
Querido - um dia - por todos ... e sacaneado – um dia- por muitos.
O primeiro baque veio com a
morte prematura do pai; logo depois, veio o outro, com
o da perda da mãe. Teve uma
infância feliz, farta, ótima educação. Tudo começou a mudar drasticamente com a
morte do pai e piorou ainda mais com a morte da mãe. O menino frágil não teve a
sorte do herói grego, não teve estrutura pra aguentar as rasteiras da vida.
Passou por toda a sorte de privações e
provações. Começava aí um outro tipo
de Odisseia. A do inferno das drogas,
a do perverso mundo dos excluídos, o
vagar sem destino, a despeito das inúmeras tentativas da família, sem sucesso,
de tirá-lo das ruas. E Ulisses virou
“Lissão”(ou Lição!). E Ulisses vagava dias e noites a esmo. Sozinho. Maltrapilho. “Ligeira”. Tinha uma casa. Recusava-se a voltar pra ela.
Perdeu o seu chão, o seu lar. Sentia-se livre na rua. Contava com a
generosidade de muitos. E escárnio de outros. Mantinha o sorriso de garoto,
a inocência de garoto, de quando, juntos,
dávamos comida aos patos e marrecos na chácara da família; a alegria, de
quando, juntos, partilhávamos mesas fartas também em família.
Apesar da aparência de maltrapilho,
sua compleição física, seu jeito calmo, sua fala mansa e a maneira como
se dirigia às pessoas denotavam que fora bem-nascido.
Os irmãos inseparáveis, George e Ulisses, em tempos lindos de infância em Cosmópolis |
E ele se foi. Um anjo se
foi. Seu corpo foi encontrado de frente
à antiga casa de sua família-segundo eu soube pelo jornal local- , onde passou
a sua infância, uma linda infância que eu pude presenciar de perto.
Guardo comigo as melhores
recordações desse menino-gigante-frágil que um dia me fez muito feliz; o menino
com quem, um dia, juntamente com nossos irmãos, George e Michel, ouvimos
belas histórias “gregas” ou não, do
lindo, elegante, sempre sorridente e bem-humorado pai, Sr. Constantino, ao lado
de sua não menos maravilhosa e linda mãe, D.Rosinha, que
vestia – e tratava!- os seus dois filhos como verdadeiros
príncipes!
Guardo comigo a sensação de
ternura imensa e, ao mesmo tempo, a eterna impotência ao tentar lutar (em vão!) contra uma batalha inglória:
a devastação que as drogas trazem, principalmente para os que estão ao redor da
pessoa envolvida, para aquelas pessoas que sofrem sem nada poderem fazer por aqueles que se afundaram no
mundo sombrio; por aqueles que recorreram a elas, às drogas, tentando
camuflarem, tentando se refugiarem,
tentando se esquecerem das dores do mundo aqui fora, sem forças pra saírem do
submundo no qual mergulharam... pra
nunca mais voltarem pra nós.
Siga em paz, Ulisses, doce
menino, não mais errante. Você está liberto definitivamente dos perigos dessa
vida. Deus e todos os que verdadeiramente te amaram e que já não se encontram
mais neste plano aqui, estão a postos,
aí no céu, à sua espera pra te
acarinharem, pra te cuidarem, pra te receberem de braços abertos e liquidarem
de vez com todas as suas “dores”, cicatrizando, finalmente, todas as tristezas,
todas as feridas de sua alma.
Que assim seja!
Beijos de alguém com
saudades daquilo que poderia ter sido e que não pôde ser...não, nesta vida.
Rosana
Era uma sexta-feira, dia 28
de junho de 2013. Leandro saíra do seu trabalho, após uma reunião festiva com
seus novos colegas, quase dez da noite, rumo a sua nova casa, próxima dali, ao
encontro de seu companheiro, com quem dividia há quarenta dias o apê, em Sampa,
em um lugar privilegiado. Vinte e seis anos, recém-formado, cheio de sonhos,
ele acabara de ser contratado por uma agência de publicidade renomada,
mudando-se de Jundiaí - onde morava com a família- para a capital. Ligou para
Jamil, dizendo-lhe que já estava saindo, todo animado, todo feliz, como assim
se encontrava desde o dia quando lá chegara.
(...)
Leandro está em nossa
família há pouco mais de seis anos. Assim que nos foi apresentado, sabíamos que
estávamos diante de alguém que veio até nós para que pudéssemos resgatar
sentimentos represados, para que pudéssemos entender muitas coisas que
suplantam a razão, para apaziguar alguns questionamentos de alma, para
suavizar, harmonizar, arrefecer ânimos mais acalorados, para
“diminuirmos ruídos e volumes de vozes”, para prestarmos ainda mais atenção às
sutilezas de alma, para alegrar ainda mais nossos encontros familiares, para
somar sentimentos de ternura, amizade, compreensão...
Ele é um rapaz de pele
clara, sorriso luminoso, cabelos e olhos profundamente escuros - e
silenciosamente expressivos-,estatura mediana, órfão de
mãe aos oito anos. É músico, tem a alma musical e é apaixonado por Legião (tem
o R.Russo como ídolo), - além de ter um
gosto musical inquestionável, tem uma voz grave, porém macia.
Leandro carrega uma quietude
na alma comovente, sabe ouvir e falar na
hora certa, é nobre em suas ações e em
suas atitudes. Tem personalidade marcante, aprecia a arte e entende muito da
parafernália tecnológica. Leandro é calmo, centrado e, o mais importante, é uma
pessoa sem afetação, apesar do brilho, do fogo pela vida, pelo conhecimento e
da luz que dele emana - não por acaso é
do signo de Leão, tendo Sagitário como ascendente ...uau!
Mas me reportando agora
àquela noite de sexta, tumultuada, na capital...Naquela noite, a sombra da
morte rondou Leandro, nosso Lê Bebê. Ao passar pela estação do Metrô, fora
abordado por rapazes sombrios que levaram o seu telefone e, não bastasse, cravaram uma afiada faca em seu peito, a
poucos centímetros do seu coração. Leandro na calçada ficara desfalecido,
esvaindo-se em sangue, rodeado de transeuntes curiosos. Mas o nosso Lê Bebê tem
anjo da guarda parrudo, nosso Lê já nasceu guerreiro vencedor. Conseguira balbuciar
o número do telefone de casa a um rapaz que assistira a tudo, antes de desmaiar ali na rua. Jamil, meu
irmão, atendeu e, em minutos, estava ali
com ele e, apesar do tumulto todo daquela noite fria em Sampa, a assistência
veio rápida, a despeito da burocracia pública hospitalar que se seguira até chegar ao primoroso hospital
particular...Foram horas de agonia, horas de cirurgia,
horas de semblantes carregados, choros, desabafos incontidos... a tormenta das
horas à espera da operação, à espera do que aconteceria com ele. Horas
entremeadas por palavras desconexas, orações,
sofrimento, angústia entre o meu irmão e eu, por telefone, a muuuitos quilômetros de distância,
para depois, sermos recompensados com a notícia de que Leandro sairia sem sequelas-
um verdadeiro milagre, segundo os médicos.
Milagre para um menino
sempre imbuído da fé, do menino que,
quando questionado sobre o que lhe acontecera, quando indagado sobre todas as
dores, sobre a cicatriz que carregará no peito pra sempre, apenas sorri
lindamente, dizendo ter sido usado por Deus pra prestar atenção em algumas
coisas e que tudo passou, sem tristeza,
sem trauma...contingências da vida.
Um menino que, em pouco
tempo em seu novo trabalho, já é reconhecido pela equipe como o melhor de todos
os tempos, portanto seu emprego está garantido – sua “chefe” e tantos outros o
visitaram, colocando-se à disposição para o que ele precisar, já que ele deverá
ficar afastado um tempinho de suas atividades.
Um menino que mobilizou
encantadoramente não só familiares e amigos, como toda a equipe médica,
enfermeiras e funcionários, com seu sorriso de luz, com a sua simplicidade, com
a sua fé, com o seu otimismo!
E eu, aqui de longe, apenas
agradeço a Deus o privilégio por tê-lo em nossa família, família que tanto o
ama e que, com ele, tanto tem aprendido.
Esse é o nosso Leandro, um menino-Leão que faz dos perigos da vida
apenas desafios de quem já nasceu vencedor.
.........
Ps. Lê, que você se recupere
cada vez mais rápido! Te amamos muitão!
Beijosss, seu lindo!
Saudadona...
“Pai, você faz parte desse
caminho que hoje eu sigo em paz!”
Olho a única foto que tenho
sua hoje, aqui, comigo.
Sinto o seu perfume, a sua
essência, a sua presença permanentemente comigo. Dizem que o tempo atenua tudo.
Quase trinta anos sem você, mas parece que foi ontem que você se foi!
A mesa está posta para dois,
antes para muuuitos... Inevitável não me remeter à antológica música de Nelson
Gonçalves –Naquela mesa. Já não choro nem lastimo a sua ausência. Apenas sorrio
ao me lembrar de suas sábias “tiradas” e agradeço a Deus por ter colocado você
em minha vida, de ter tido o privilégio de ter convivido com você durante 25
anos, de ter aprendido tanto com você, de ter sido tão amada e acarinhada por
você. E de ter podido expressar, em vida, todo o amor e admiração que lhe
tenho.
Hoje, lembranças de infância
vieram me visitar. Impossível contê-las, impossível pensar em você sem me
remeter a nossa Cosmópolis, ao povo de lá, a tudo de lindo que lá vivemos.
Você fechava a loja mais
cedo nas longas tardes de verão pra nos ensinar a nadar na represa, para irmos
ao sítio do “tio” Emílio Tetzner na perua do tio Jorge, pra fazermos longas
caminhadas
pela Usina (tomando garapa),
pela avenida Ester, parando pra conversar com o meu vô Nato, alfaiate, com o
Sr.Vicente e o Sr.Armando-ambos sapateiros-,
com o Dr. Kalil, médico da família, com o Hermínio Campos, responsável ´pela
telefonia, com o Augusto da farmácia, com o João açougueiro, com o “mascate
turco” Zé Louco, com a D.Mercedes, com a Neusair Vieira, com a D.Tutu, amigas
queridas...Lembro-me de você nos levando ao bar do Banjo pra comer doce de
batata- doce em forma de coração, ao “saloom” da refinada mineira D.
Auxiliadora pra degustar as famosas balas de café, aos armazéns do Sr.
LourençoTrevenzolli e do Sr. Emílio Balloni, à lojinha da D. Malvina, ao
restaurante do Arnaldo, ao CFC para nossas braçadas na piscina, logo depois de
termos aprendido a nadar-agora sem a boia feita da câmara de pneu...vc fazendo
litros de suco de laranja, churrascos, flexões abdominais, tendo papos
intermináveis com a gente em casa, com toda a família reunida nas lindas tardes
de domingo em Cosmos.
E me recordo também da sua
paciência conosco quando montamos juntamente com o Michel Jr e o Jamil, um imenso
quebra-cabeças de cinco mil peças com a imagem de um lindo castelo
medieval-ainda o guardo comigo, agora em um quadro com linda moldura!
Muitas outras músicas,
cenas, paisagens me remetem a você, especialmente hoje, quando olho pra esta
mesa -agora, sem a sua presença física-, sentindo todo o calor da sua luz que
aquece a minha alma, o meu coração e ilumina os meus pensamentos.
“Meu querido, meu velho, meu
amigo, meu herói, meu bandido”, você me fez forte, sensível, decidida...Então,
hoje agradeço imensamente a você todo o amor e a dedicação que nos dispensou. E
sigo em frente, abastecida de lindas e tão boas lembranças . . . totalmente em
paz.
Feliz Dia dos Pais, meu
turcão liiiiindooooo! Beijos e beijos
....................................................................
Revisitando Cosmópolis
A avenida Ester fervilhava de gente, de carros, de calor. Não
havia espaço algum para estacionar. De um carro, vinha Robertão, no último volume,
com a nostálgica O portão - seria uma mera coincidência?- a anunciar a minha
chegada. Uau!
Quase uma hora da tarde,
quinto dia útil de uma sexta-feira de quase primavera. Rodo, rodo e não
encontro vaga para o “possante”. Me deixo conduzir pela melodia, pelas minhas
divagações. Tudo tão diferente, tudo tão meu, minha vida se passou feito um
filme naquela avenida. Belos tempos, belos dias.
Onde estavam os pontos de
outrora, onde estavam os rostos tão familiares? Sigo até o clube. Que
transformação! Minha memória me remete ao Sr. Nelson Aranha à entrada da
piscina a me saudar alegremente e já avisando: “nada de bronzeador, menina,
pode passar pela ducha” rsrsrsrs
Passo pelo Paredão, não há
conhecidos nem desconhecidos...ninguém, sob o sol escaldante!
Retorno à avenida. Estaciono
a cinco quadras dela. Desço do carro já tomada por uma emoção incontida de
menina, rememorando histórias, casos, fatos... meu coração espremidinho,
aceleraaaado.
Avisto o escritório. Meu tio
Jose Honorato me recebe com o mesmo olhar, com o mesmo afeto, com o mesmo
abraço, com as palavras boas, em meio ao seu “exército” de funcionários, a quem
ele calmamente se dirige, com seu carisma habitual, naquela tarde atribulada.
Meu amado tio, sempre tão disponível pra mim, pra taaanta gente, sempre tão
requisitado, tão especial pra mim!
Inevitável não nos
remetermos ao bom passado, às boas coisas que vivemos...
Dirijo-me a minha madrinha,
tia Terezinha. À porta, não mais meus avós a me receberem de braços abertos,
entre afagos, brincadeiras, beijos, não mais o cachorrinho “pique”. Mas lá
estava ela, tão frágil, tão forte, sorriso e braços abertos, mesa farta de café
da tarde, hábito que ela mantém há décadas, com cara e mimos de vó! La estava a
minha tia a me esperar, naquele entra e sai de pessoas queridas que
constantemente a visitam. Lá estava a minha pequena Janys, amiga-irmã que há
muito não via. E tudo parou. E, juntas, viajamos no túnel do tempo, rimos
muito, confidenciamos tanto, revivemos histórias, nos fartamos com as
guloseimas..e tudo ficou com cheiro de infância. E nos tornamos meninas soltas,
livres, arteiras, confidentes, comemorando a vida, libertas de rótulos,
impregnadas de conteúdos.
Já estava anoitecendo.
Faltou visitar muita gente. Passei,então, pela casa da minha mãe. Lá estava
ela, sempre disposta, com vários mimos pra mim(!?), não sem - claro- deixar de
dar os toques dela de sempre...interpretei-os desta vez como saudade, acho que
é a maneira dela de dizer que sentiu a minha falta. Ou seria porque saí da
minha tia Tê muito zen, ou porque a Janys me dá sorte...o que importa?
Estar em Cosmópolis, rever
meus lindos primos, meus tios, minha família, amigos queridos, sentir a cidade
bater forte dentro de mim como antes é algo indescritível, é reforçar aquilo
que eu sempre soube: a felicidade me elegeu como sua morada predileta (e
permanente!). Uhuuuuu! — com Janete Carlos Eduardo Aun Paschoal em Cosmópolis.
www.alegriadeviver.com
Ingressei na profusão de
flores daquela casa. Primavera...alegria
no ar-cenário perfeito. Variadas orquídeas assumiam o papel principal, em cores
vibrantes e de todos os tipos. A casa
banhada pela claridade daquela tarde
memorável revelava a “cara” da dona da deliciosa morada; aquela que,
ali, naquele momento, trazia-me de volta as tardes lindas que tive com ela (a
dona da casa) : a Tia Mercedes Frungillo, irmã de minha avó Dinorah.
Lá estava ela lendo cartas
para uma consulente atenta, com o olhar espremidinho a me olhar, a me
reconhecer, a me receber calorosamente, lúcida nos seus noventa e dois anos de
vida. A mesma tia, amiga, cúmplice, feliz com a minha chegada, mais que lúcida-
linda de viver, com a sua alegria contagiante.
Ao término da leitura,
dispomos a conversar . E a recordar. Ela sabe o nome de muuuita gente, de
muitas histórias, tem uma agilidade mental fora do comum, não reclama de
doenças, não fala de coisas tristes, dialoga sobre qualquer assunto. Tem um
senso de humor e uma presença de espírito louváveis. Brincou estar na cadeira
de rodas (ela levou um tombo) porque os ossos não aguentam mais tanta
“estripulia”.
Com ela partilhei adoráveis
momentos na infância, na adolescência, na juventude. Ela é quem fazia lindas (
e um tanto ousadas– eu amaaaava!) blusas
de crochê pra mim, pras minhas primas Tere e Soraya.Com ela aprendi
muitas coisas. Ela sempre foi exemplo pra todos nós.
Fez de seus pontos fracos os seus pontos poderosamente fortes, revertendo
dificuldades e limitações em superação sempre.
Mantém uma meninice, uma beleza, um ar de sapeca que a tornam ainda mais
especial. E carrega certas sutilezas de alma e uma ternura comoventes!
Em todas as leituras de
cartas a mim dispensadas, ela sempre me disse que o meu grande amor viria do
mar. E veio. Ela estranhou eu não querer que ela abrisse o baralho pra mim. Eu apenas lhe disse que eu não precisava saber nada. Não dessa vez. Não naquele
momento. Naquele momento eu só precisava da presença luminosa dela- agora a
protagonista- e daquela casa tão
sedutoramente colorida pra me inspirar
cada vez mais, pra me deter naquilo que realmente faz sentido: a imensa alegria de viver pela simples
vontade de viver, de seguir em frente com leveza, sem olhar para trás.
E após abraçá-la muito,
registrar nossos momentos com algumas fotos, matar a saudade, volto pros braços
de Netuno. E com a alegria e o sorriso escancarado de minha querida Tia Mercedes cravados na minha alma, no meu
coração!
AOS MEUS MESTRES
Devo muito do que sou a
grandes e sábios mestres(adoráveis!) que passaram pela minha vida, despertando
em mim a alegria de aprender, a magia de ensinar, de sonhar e de conquistar.
Esses me marcaram demais e muito me influenciaram em minhas escolhas..José
Honorato Fozzati,Vilma Zenaide Nollandi Costa, Lidia Onelia Kalil Aun Crepaldi,
Maria Lúcia Pozzi, Dante Pozzi, Silvia B.Sampaio, Irineu Avellar, Doracy
Rodrigues,Ingrid Schwarz, Helena Curiacus Nallin, Roseli Bongiorno, Dilce
Biazotto de Oliveira, Isabel de Oliveira, Maria Alice Lapa.
E, especialmente, como não citar a responsável maior pela "apuração dos meus ouvidos", com a introdução do piano em minha vida: Maria Ignês Scorsoni, Mestra enviada por Anjos, que me fez mergulhar no universo da música clássica com maestria, que me incentivou, que tanto esteve presente em minha vida com tanto afeto, dedicação, com tantos mimos...sensível,maravilhosa sempre! Com ela estive dos meus seis aos meus dezoito anos de vida e quantos momentos lindos juntas tivemos frente ao piano!
Esses professores fizeram a diferença dentro e fora da sala de aula. Pessoas que fizeram do dom de ensinar uma arte: a arte de revolucionar mentes, de transformar pessoas; profissionais que viraram amigos para sempre, inesquecíveis! Foi uma época em que estudar em escola pública em nada lembra os dias de hoje.. Era realmente uma linda época! Outros tempos...bons tempos!
Esses professores fizeram a diferença dentro e fora da sala de aula. Pessoas que fizeram do dom de ensinar uma arte: a arte de revolucionar mentes, de transformar pessoas; profissionais que viraram amigos para sempre, inesquecíveis! Foi uma época em que estudar em escola pública em nada lembra os dias de hoje.. Era realmente uma linda época! Outros tempos...bons tempos!
Neste dia 15 de outubro,
desejo aos meus amigos professores -que incansavelmente dão o melhor deles
sempre -que continuem a se inspirar nos Grandes Mestres com quem -como eu-
tiveram o privilégio de aprender tanto!
Hoje reverencio Otávio
Carlos Firmino Filho, nosso amadíssimo Ted, o professor que sempre soube o que
fazer, como fazer, onde fazer, para que fazer e oferecer o melhor dele a todos
os seus alunos, indistinta, incansável e maravilhosamente bem! Profissional
competente, exemplar, que fez a diferença para muuuuitos paulinenses,
inspirando crianças, adolescentes, jovens e adultos a seguirem o seu exemplo de
humildade, respeito e paixão pelo que faz! A vc, Ted, que não fez da sua
profissão apenas opção, a vc que sempre incentivou seus alunos a não desistirem
de seus objetivos, que sempre foi amigo presente na vida de tanta gente, que
transformou a vida de muitos jovens, deixo aqui meu abraço, meu carinho, e
minha profunda admiração por tudo o que fez e continua fazendo!
E a tantos outros que -
muuuito bem sei -, exercem(ou um dia, exerceram) com maestria, dedicação ímpar
e verdadeira paixão a profissão, o ofício de ensinar (incansavelmente!) deixo
meu abraço carinhoso e cheinho de saudades. E que vcs continuem encantando a
todos com essa magia, essa sedução, essa paixão pelo ensinar...e aprender
sempre!
Sob a luz de Jorge...Salve,
Jorge Baracat!
Ele era um homem grandioso
em todos os sentidos: na compleição física, no jeito de ser, no jeito de amar,
na nobreza (quantas sutilezas!) de alma, na forma de nos presentear, de receber
as pessoas, de acolhê-las; no jeito de contar as histórias de sua gente, de nos
emocionar com os seus gestos e atitudes; de nos surpreender com a sua
generosidade (e religiosidade), nos abraços, nas risadas...
Esse descendente de
libaneses, nascido em Minas, apaixonado por Cosmópolis -onde se estabeleceu com
sucesso -a quem hoje me refiro é Jorge Baracat. Marido da Chafia, pai da Zarif,
da Meiri, da Yara, do Jinho, avô da Flávia. Meu mais que amado Tio Jorge,
figura ilustre inesquecível pra todos que tiveram o privilégio de tê-lo por
perto, de tê-lo como amigo...Um apaixonado pela família, um devoto fervoroso de
Nossa Senhora, um libriano – assim como meu pai- fascinante, um homem adorável,
querido por muitos.
São tantas as lembranças,
tão lindos e memoráveis momentos, tantas histórias partllhadas, tantas viagens
e festanças...muitas lindas recordações temos desse homem que se foi tão cedo,
seguido logo atrás por seu companheiro leal, “fiel escudeiro” e cunhado ( meu
pai), que ficara abaladíssimo com a sua brusca partida.
Todos os domingos lá estava
ele, depois da missa, na nossa casa; duas noites por semana, lá estávamos nós
em sua casa. Em volta sempre de uma mesa farta, rindo à exaustão, todos juntos.
O amor e a dedicação que ele
tinha para com todos nós era descomunal. Épocas festivas, lá vinha ele com
presentaços pra todo mundo. Quando chateados ou entristecidos com algo, lá
vinha ele com aquele olhar, aquela voz rouca, aquela fala mansa pronto pra nos
ouvir, pra nos orientar com seus sábios conselhos, com seus fervorosos abraços
a nos envolver...
E lá vinham as apostas, lá
vinham as “barganhas” : quem comesse mais, levava “uns bons trocos”
rsrsrsrsrs...se eu me casasse com “aquele bom rapaz”, ganharia um piano; quem
tirasse as melhores notas, ganharia ”tanto”; quem se comportasse bem viajaria
com ele com direito a muitas mordomias; se eu ouvisse a minha mãe, ele deixaria
ouvir o som no Galaxy dele e por aí vai...irresistíveis barganhas – e gulodices
à parte que , ironicamente, no futuro, nos fariam constantemente brigar com a
balança- que nos tornariam o que hoje somos, adultos resolvidos ...pudera! Com
tanto amor e apoio incondicionais , não podería ser diferente...ah, e como ele
se entristeceu quando o meu namoro com “aquele bom rapaz” havia chegado ao fim!
Só eu sei quanta conversa séria ele teve comigo por conta disso! tcstcstcs
Lembrar da Kombi abarrotada
de primos – e de comida, claro!-ao som de Genesis( sim, ele amava o rock
progressivo) e do Robertão (que ele oferecia pra tia Chafia com aquele
olharzinho apaixonado - e apaixonante- sempre) durante as nossas viagens;
lembrar da geladeira farta , sempre com um carneiro temperado, da casa dele
cheia de jovens (ele amaaavaaa), dos churrascos, das broncas dele quando me
pegava com Hipofagyn (moderador de apetite), dos gigantescos Ovos de Páscoa,
dos generosíssimos Bons Princípios, dos lindos presentes que nos dava em
aniversários e Natais; lembrar dele nos pedindo “Bênção, Tio”, tirando dinheiro
do bolso sempre cheio pra comprarmos doces ou o que quiséssemos; lembrar do
perfume dele, do olharzinho dele de menino travesso é como fazer o tempo parar
e, através dele, viajar, deliciando-me com as cores, os cheiros, os sabores...é
embarcar em sensações indescritíveis com todos os sentidos agora aflorados por
essas lindas lembranças.
Em certa ocasião, por conta
de uma gincana de jovens da cidade- da qual seus filhos e amigos participavam-,
ele comprou uma tonelada de caixas de papelão, vindas em um caminhão de
Americana, favorecendo, assim, com essa “tarefa”, a Equipe Gang da Fumaça na
prova final...a Gang venceu a Equipe Gramophone, a Gang da Fumaça foi a campeã!
E a carinha do meu tio, a alegria dele com a festa que se estendeu da Avenida
Ester à Rua Campinas, totalmente demais! Esse era o meu Tio Jorge...
Sinto demais a falta dele e,
quando chego à casa da minha tia Chafia, não tem como não me reportar à antiga
área-hoje ela não existe mais-, onde ele se estabelecia em seu “Trono” - uma
cadeirona de madeira maciça - por horas, durante a noite, às vezes varando a
madrugada.
Impossível não me lembrar
dos gestos dele, traduzidos pelos dedos ao indicar para os filhos a quantidade
de café ou de água que solicitava com jeito de menino mimado; ou com as mãos a
pedir massagem...um verdadeiro Sultão!
(...)
Pessoas como ele, com esse
brilho, meus amigos, exercem fascínio eterno, estejam onde estiverem.
Pessoas como o senhor, meu
amado Tio Jorge, são inesquecíveis pra todos nós que , ficamos a recordar e a
recordar incansavelmente a sua breve – mas retumbante-passagem por nós; uma
pessoa que não só nos deu muito amor, mas nos ensinou com suas atitudes a
grandiosidade dos sentimentos, do respeito ao próximo, da compaixão, dentre
tantas outras coisas.
Dia primeiro de outubro foi
o seu aniversário...mês em que se comemora o dia das crianças, o de Nossa
Senhora e não tem como não me lembrar do senhor!
Hoje é o aniversário do meu
pai. Acordei pensando em vcs dois. Caminhei ouvindo música, me conectei com as
boas vibrações, deixei a inspiração me tomar e aqui estou a desejar-lhes Feliz
Aniversário com todo o meu carinho, - e em nome de todos que estão cheinhos de
saudades - e agradecer, hoje ao senhor, tio( porque meu pai tá cansado de saber
o que sinto por ele), por tudo o que fez por nós. Agradeço com uma frase que
definiria bem o que aprendi com o senhor: “Não importa o que juntamos, o que
acumulamos neste plano; importa é o que espalhamos, o que distribuímos!”
Então, hoje apenas desejo
que a sua luz continue se irradiando aí no Paraíso e, quando , ao encontrar com
os Anjos do Senhor para entabular uma boa conversinha “mineira” , o senhor
possa ser saudado alegre e veementemente por todos eles: Olhem só, é a luz de
Jorge se aproximando!!! Salve, Jorge!!!!
Uhuuuuuuuu, Tio Jorge
liindoooo!!!!!
Abraços imensos e beijos
estalantes,
De todos nós, que te
amaremos por toda a Eternidade...
“Dentro de cada pessoa tem
um cantinho escondido, decorado de saudade” (M.Monte)
Era uma vez D’Artagnan e os
Três mosqueteiros: Athos, Porthos e Aramis.
Segue, aqui, bem de leve,
apenas uma referência ao clássico de Alexandre Dumas. O que me motiva a isso se
deva, talvez, à amizade incomum - rara nos dias de hoje-, desses quatro rapazes
cosmopolenses que tinham muitos sonhos em comum, muitas afinidades.
D’Artagnan, o mais ambicioso
e talvez o mais arrojado, Agenor Tonussi, descendente de italianos, começou
como engraxate e acabou parando em Moscou, onde estudou. Viajou o mundo; hoje
mora na CalifórnIa, fala vários idiomas, é empresário bem-sucedido. Escreveu um
livro “Fui estudante em Moscou”, onde fala o que viveu por lá e, no final, faz
uma deferência a sua cidade natal. Alimentei por ele um amor platônico quando
ainda menina até o princípio da fase,digamos, “adulta”. Eu ficava extasiada
quando vinha a nossa casa com sua mercedes prata, alinhadíssimo, cheio de
presentes, com muita boa conversa madrugada afora, grande amigo do meu pai.
Escreveu uma linda carta um mês antes de meu pai morrer -ele não soubera da
gravidade da doença dele nem da iminência de sua morte – elogiando a família e a
trajetória do meu pai . Essa carta ficou no bolso do paletó do meu pai. Nunca
mais a achamos, supomos que ele a tenha levado pro túmulo com ele...
Athos ,meu pai, Michel,
descendente de libaneses, tinha grande admiração por D’Artagnan e,desde a mais
tenra idade , tornaram-se amigos e muito idealizavam sobre negócios, sonhavam
alto, eram inseparáveis. E também dividiam as “dores”de amor!
Porthos , meu tio Jorge
Baracat, também descendente de libaneses era generoso, solidário, extremamente
afetuoso; tinha em comum com os dois amigos citados acima o amor e dedicação à
família, a vontade também de prosperar no ramo dos negócios.
Aramis, o mais jovem, Rubens
Jemael, o único canceriano no meio dos três librianos, irmão do meu pai,
dedicou-se em ser músico e tinha a alma avessa ao “material” , aos papos sobre
negócios etc e tal; tinha uma sensibilidade contrária a esse tipo de conversa,
mas tinha em comum além do espírito sonhador e do bom humor, a arte de saber
viver bem.
Athos e Porthos - Jorge e
Michel- se foram. D’Artagnan -" meu querido "TioGenor" - andou
muito doente, hoje está melhor. Aramis - Rubens - continua o mesmo. Apesar da
paixão pela música, tem um pé na cozinha – é um mestre dos sabores e da
culinária árabe (de mão cheia) nas horas vagas...
Tempos bons, lindas
recordações!
Talvez esse texto pudesse
render uma letra de música...rsrsrs. Mas fecho com Marisa Monte. Então lá vai:
“Eu posso até mudar/Mas onde quer que eu vá/O meu cantinho há de ir/ Dentro...”
(Cantinho Escondido
Vc conseguiu! Não foi fácil,
eu sei. Sim, abdiquei do paraíso, dos braços de Netuno, pra exercer o meu lado
mãe mais incisivo, fui obrigada a ser “linha dura” com vc.
Eu sei que vc não entendia
porque eu sempre achara as suas outras duas faculdades irrelevantes. Briguei
muito com vc por priorizar o seu “hobby”, se bem que, ao mesmo tempo, lhe dei
asas pra fazer o processo inverso ao da maioria quanto à escolha de sua
carreira. Por outro lado, havia em mim uma certa culpa por ter feito mais pelos
filhos dos outros do que pra vc e também por me dedicar tanto ao meu trabalho,
à minha profissão. Então, deixei vc livre, leve, solto. Éramos muito mais
amigos do que mãe e filho.
Só que eu sentia em vc um
potencial extraordinário, um talento e competência mal explorados, mal
direcionados e percebia também que vc estava deixando de lado a sua vocação. Vc
estava solto demais, meio perdido nos sonhos, nos projetos, desperdiçando seu
tempo(e talento!) em coisas das quais mais tarde talvez vc pudesse se
arrepender.
Aí, eu tive que entrar com o
meu lado chato de mãe: cobrar, cobrar e cobrar uma postura coerente com a
criação que lhe dei, com os valores nos quais sempre acreditei – e bem sei que
vc também!!!! – na prática e pra valer!!!
Exerci apenas o meu papel
que era o de fazer vc enxergar o seu potencial, o seu dom, a sua vocação.
Dei um tempinho pros meus
projetos e viagens e investi pesado em vc, com atenção e pulso firme. E
descobri aquilo que cansei de ouvir dos mais velhos: filhos precisam de atenção
permanente, eles precisam que mães e pais estejam por perto, atentos,
assessorando-os, incentivando-os, com olhar perspicaz, sem descuidar. Eu
realmente não havia percebido que vc com o seu jeito “descolado” e
independente, no fundo era um garotão que precisava de mim ainda por perto.
A partir do momento em que
acordei para esse fato, aí tudo deu certo! Vc conseguiu. Vc merece essa
conquista e muito mais! E eu estou em paz, com a sensação de missão cumprida e
muito mais antenada com vc, com nossa parceria, com nosso afeto.
E foram seis meses... muitos
dias e noites de estudo dirigido, focado, uma rotina espartana, e vc hiper
disciplinado!
Agradeço a Deus por ter me
dado esse privilégio de entender vc mais do que nunca, de ter podido
assessorá-lo com afinco nessa “luta” que é passar em uma das universidades mais
disputadas do país!
Parabéns, meu lindo filho!
Agora é continuar estudando muito, com muita dedicação e disciplina. Estarei
sempre do seu lado para o que der e vier!!!!
Um brinde a vc e a sua
determinação!
Se jooogaaaaaaa!!!!!!!!!
Bjos da mãe.
O Casarão e Eu
Foto enviada pelo meu primo Paulo Fungillo. Tio Alcides, ao centro, de branco...lindo como sempre! |
Naquela esquina havia um
casarão imponente. Exercia ele grande fascínio em mim, remetendo-me às
histórias de D. Bertha e D. Guilhermina, amigas da minha avó Dinorah que me
faziam “ viajar” com o que contavam sobre ele: que fora ele uma pensão no
início do século passado, uma época em que ali havia saraus, bailes e hóspedes
que vinham de todas as partes de trem. Enquanto discorriam passagens sobre
damas e cavalheiros, eu ouvia o apito do trem na Estação, as valsas, os xotes,
imaginando encontros e desencontros, encantos e desencantos...
Ali estava ele, imponente,
um tanto sinistro, abandonado, vazio, em um certo dia em que uma certa audácia
me tomara de súbito e falara mais alto... tinha eu uns seis ou sete anos.
Desenrosquei-me das mãos do meu pai que conversava com um amigo, o sr. Maximino
Magossi, e me adentrei naquela vastidão desconhecida ...
Enorme sobrado, imensa
escadaria, terraço suspenso, altas paredes – depois vim a saber que se chamam
“pé- direito” alto- pintadas com motivos florais que lembravam azulejos
portugueses, ostensivos janelões, amplos cômodos...intactos! Consegui, naquele
momento, sentir o frescor de uma áurea época... homens alinhados, mulheres
elegantes, pares dançantes, grandes amores, grandes paixões, encontros e
despedidas entre imigrantes alemães e italianos, em meio a calorosas reuniões
festivas.
Subi e desci aquela
escadaria entremeada de colunas e apoios adornados que denotavam o estilo de
uma época. Percorri todos os amplos cômodos . Havia um portão imenso que
separava a escada de cimento do quintal que a mim parecia um jardim, talvez o
do Éden. Foi a primeira vez que avistei um poço, macieiras, pereiras,
parreiras, pés de louro, de ervilha, romãs, pinheiros, hortênsias, camélias,
lírios, palmas, roseiras, uma mistura de cheiros e cores...depois, anos depois,
enxergava toda essa exuberância da natureza na casa de meus avós maternos,
descendentes de italianos e vim a saber através de minha avó que a mãe dela
teria sido uma das donas daquela pensão...vagas lembranças, não sei ao certo.
Pois bem, aquele jardim era
imenso e cheio de pássaros coloridos... havia uma certa vida pulsante ali!
Aquela casa parecia habitada, apesar dos musgos em meio a algumas trincas e
imensas teias de aranha!...Subi a um dos pavimentos, avistei três corujas
parrudinhas com os olhos estaladões cravados em mim. Senti um certo calafrio e
dali parti em disparada pra só voltar em um certo dia frio, porém ensolarado.
E foi nesse tal dia em que
disparei a chorar de frente pra ele. Foi o dia em que eu o vi sendo
“demolido”(implodido!?). Um comerciante “turco” iria construir a sua casa sobre
aquele espaço, casa esta que levaria seis anos para ficar pronta e onde viveria
eu, filha do “turco”, dos meus quinze até os meus vinte e seis anos – por
sinal, anos muito bem vividos...
Alegrias viveria eu nessa
nova casa -aliás ela foi “ oficialmente inaugurada” no dia da minha festa de
quinze anos ...muitas alegrias, encontros e desencontros, deliciosas reuniões
entre amigos e familiares, conversas pela madrugada afora, angústias,
descobertas e redescobertas.
(...)
Sinto o “cheiro” daquele dia
em que o casarão desaparecera em meio a densa poeira ...o casarão povoado de
histórias, histórias essas que me acompanham até hoje, exatamente agora quando
ouço uma cantiga que me remete a ele...da trilha de um filme “filosófico”, Lost
Horizon – Horizonte Perdido -, que também me marcou lindamente.
O velho casarão se foi para
dar lugar à nova casa onde outras lindas lembranças agora viajam céleres dentro
de mim.
A noite fria e cheiiiinha de
estrelas anuncia o começo de uma nova estação e, não obstante essa nostalgia
que toma conta de mim , apenas reforça que tudo se renova...e que tudo é
efêmero!
Olho para o jardim tomado de
folhas secas e me vem a frase: “Perca suas folhas, mas não perca suas raízes”!
E que venha mais um
Outono... e que venha mais um recomeço!
Mãos de
Ouro...Inesquecíveis tesouros (tesouras)!
Minha querida, adorável e inesquecível Mafalda, a Mafa, costureira brilhante, amiga-confidente, maravilhosa |
O cheiro de café preto e do
bolo de fubá sobre a mesa posta com toalha xadrez verde invadem toda a casa .
Das vidraças da janela embaçadas pelo calor do fogão dá pra ver uma bananeira a
se entregar ao vento.
Enquanto tento, sem
sucesso, fazer a bainha de uma calça, o tempo chuvoso me arrasta às grandes
mulheres, mestras em transformar sonhos de menina-moça em realidade, mestras em
nos transformar em princesas nos grandes bailes, nos carnavais, nas festas à
fantasia, nas formaturas, nas festas em família e com amigos, nos bailinhos de
garagem na casa do tio Jorge, nos nossos passeios(e encontros!) à Praça do
Coreto, à Praça da Matriz; algumas delas se esmeravam nos enxovais da família
toda, nos lindos bordados de cama, mesa e banho, nos pijamas, nas camisas
masculinas, nas capas de chuva...
E lá vem elas: Mafalda Stucki...Nair Dias,
Maria Fernandes, Amélia Carone, Geny Minorello, Evanilde Conforto, Nancy
Tonussi, Tia Terezinha, Marilia Moraes ...brilhantes, incansáveis,
artesãs da costura, mãos de fada, mãos de ouro, transformadoras...vitais,
indispensáveis! E reconhecidamente valorizadas, muito valorizadas e amadas por
todos nós.
Cada uma delas teve uma
participação marcante e inesquecível em minha vida, fizeram parte da minha
história assim como na de muuuitos cosmopolenses.
Cada uma delas trazia-nos
novas ideias, elas nos deixavam à vontade em meio a montanhas de revistas de
moda, nos apresentando novos conceitos do bem-vestir, eram nossas amigas e
confidentes, vibravam com nossa alegria e satisfação, se desdobravam pra
camuflarem nossos supostos defeitinhos, pra nos valorizar, pra nos deixar
felizes, saltitantes, esvoaçantes...verdadeiras divas!
Teve uma, em especial, de
quem tenho liiindaaas recordações. É a Mafalda Stucki.
A alegria dela, a
sensibilidade dela, a dedicação e atenção comigo era algo comovente, me tocava
profundamente. Eu me encantava ao vê-la conversar com as plantas e animais...e
me extasiava com as conversas, com as sonoras risadas dela, com aquele olharzinho
de menina...e nas noites (altas noites) em que precediam os “eventos tão
esperados” lá estava eu e ela em meio às finalizações das “provas” de roupas,
com o fumegante cafezinho e o delicioso bolo de fubá dela a coroar com sucesso
o resultado ma-ra-vi-lho-so, o que me fazia vibrar diante do espelho, ao som
das risadas dela acompanhadas dos seus pulinhos de satisfação.
Ainda guardo comigo uma
peça confeccionada de cada uma delas...eu sei, pode parecer estranho, mas são
tão perfeitas e trazem cada qual uma linda história! Algumas estão em fotos por
aí...
Tempos depois, já não mais
em Cosmos, tive a honra de ter Rosemari Gallani Avansini (uma fada!) como
substituta temporária , filha também de uma exímia artesã da costura, dona Iva.
Ainda têm os alfaiates que
mereceriam uma crônica à parte...Vô Honorato Fozatti e seus ajudantes , Seu
Zuza e filhos, Tio Tarcílio, Tio Carlos.
E já que cito os “mestres”
das tesouras, também falarei sobre os barbeiros (naquela época ainda não era
gíria, não!) e as inesquecíveis cabeleireiras em outra ocasião...quantas
histórias pra contar de um tempo lá atrás!
Será o outono a trazer à
tona tantas lembranças?
Recordar é viver...e viver é
muito bom demais!
Meu avô Honorato, meu
querido amigo vô Nato, um dia me dissera - ao ser por mim indagado sobre sua
prodigiosa memória - que, à medida que envelhecemos vamos nos lembrando de
coisas e “cheiros” remotos, de situações trazidas pela mente lá de trás, coisas
de que anteriormente não recordávamos e que vêm em flashes, assim do nada, sem
esperarmos!
Lembrei-me do que ele
mencionara há décadas , hoje, ao amanhecer, ao acordar e sentir um cheiro de
quase início de outono após um período de calor dantesco.
Senti o cheiro de terra
molhada. Logo a seguir, veio até mim a avenida Ester. Nesse cenário, os tais
“flashes” abrigaram minha mente. E como um véu a se descortinar, vi a família
Fáveri animadíssima na avenida com imensos bois estilizados numa alegria e
colorido indescritíveis, entremeados de serpentinas, confetes, cantoria de
marchinhas de carnaval, gente bonita, gente animada; em minha imaginação de
menina de olhos estupefatos, cravados naqueles “bois” imensos, eu enxergava pés
e pés sob eles, numa coreografia estonteante diante da criançada gritando “é a
banda do boi chegando”. Eu fitava aquilo tudo num misto de espanto,
curiosidade, admiração, alegria incontida, paralisada atrás da porta de vidro
semiaberta de casa.
Depois veio uma neblininha
tipo “fog londrino”...era a semana santa e, com ela, havia o ritual da via-sacra...
A avenida estava escura, porém em cada casa havia do lado de fora, uma
iluminação tênue. As portas das casas – ao todo 14, que representavam as
estações (ou quadros!) da Paixão de Cristo - da avenida eram tomadas por uma
espécie de altar, cortinas esvoaçantes, claras e, de uma delas, na esquina,
grudada à Coletoria, iluminada por uma lâmpada esverdeada, havia uma mulher a
cantar com “voz de ópera”. Era a personagem Verônica que a saudosa e
inesquecível D.Pegy, esposa do sr. Zé Garcia, cabeleireira prestigiada na
cidade- e a qual tive o prazer depois, já moça, de entregar minhas
encaracoladíssimas madeixas aos seus cuidados - protagonizava lindamente. Me
lembro- agarrada à calça cáqui de brim do meu pai - da minha emoção, do meu
corpo grudado às pernas dele, do meu coração batendo descompassado querendo
pular pra fora, dos meus olhos cheios d’água, da avenida fervilhando de gente
em silêncio, de pessoas prostradas diante daquela mulher frágil de cabelos
negros, figura diáfana... Lembro-me do monsenhor, dos sacristãos com roupas cor
de vinho , da procissão, das rezas. Ao meu lado, me lembro de senhoras vestidas
de preto com mantilhas sobre as suas cabeças também da mesma cor, a chorarem em
silêncio, a proferirem orações baixinho. Elas pareciam gigantescamente maiores
que eu e muitas delas carregavam velas que, vez ou outra me faziam imaginar -
ao olhar fixamente para elas enquanto queimavam -, a imagem de Jesus na cruz!
Quanta imaginação mora em
uma criança...eu não deveria ter mais do que cinco anos!
E agora se “instala” em mim
o cheiro de contrafilé na chapa me remetendo ao meu pai, ao Hemes Kiehl, ao
Banjo (Bar) que calorosamente me acenam, dizendo “vem experimentar essa carne
que tá uma delícia”! rsrsrsrs
Viajo através do tempo, dos
cheiros, das cores, dos sabores e desperto pra minha realidade de mulher
“madura” (rs) ..Saio lááááá de trás, de lindas recordações e me transporto para
o HOJE - não menos lindo - feliz, muito feliz em reencontrar alguém muuuuito
querido que veio me ver, depois de uns 17 anos e trouxe, dentre outros mimos,
uma peça imensa de contrafilé para o meu filho fazer um churrasco com amigos!
Sim, recordar é viver. E
viver é muuuuito bom! Bom demais! Uhuuu...
.....................................................................................
.....................................................................................
“Dura a vida alguns
instantes
Porém mais do que bastantes
Quando cada instante é
sempre” (Chico Buarque)
NOTÍCIA DE FALECIMENTO EM COSMÓPOLIS
“Faleceu hoje com tantos
anos de idade o fulano ou fulana...” este era o prenúncio da “fatalidade” via
alto-falante da Igreja, acompanhado de uma musiquinha triste, fúnebre, para
anunciar quando alguém da minha inesquecível cidade partia para o “andar de
cima”. E nesse anunciar, vinha a descrição da idade da pessoa falecida , onde
morreu, quem deixou, a que horas seria o enterro, onde seria o velório.
A voz de mulher- a locutora-
dissipava-se em meio ao vento ou leve brisa, com chuva ou sol e, de repente,
todos paravam de fazer o que estavam fazendo para ouvir com atenção quem seria
o mais novo viajante a nos deixar.
Não sei hoje se essa voz
ainda ecoa por lá, distante que estou de tudo, de todos.
Sei que a “indesejada das
gentes “- Manuel Bandeira já disse um dia- chega pra todos, é inevitável.
Sei que nem sempre sabemos
suportar, aceitar a partida daqueles que nos são caros, com quem pudemos passar
uma “temporada” breve ou não, daqueles com quem tanto aprendemos, daqueles que
nos deixam saudades, rastros e laços de luz, carinho, afeto.
É difícil, muito difícil...
há época cinzenta em que todos os dias há uma pessoa querida que se vai, a
sensação de um por dia a nos deixar sem tempo pra despedidas...e fica um vazio,
uma lacuna impreenchível.
Pessoas que fizeram parte de
minha vida, que coloriram momentos, que deram sentido em passagens da minha
história, que se fizeram presentes na minha querida Cosmos... na infância, na
juventude, em família, no clube, nas andanças pela cidade, na praça...no meu
coração e no de muitos cosmopolenses.
E foram eles...
Tenem, Helio Suzara,
desprovido da visão, porém dotado de uma sensibilidade e de uma delicadeza de
sentimentos ímpares...eu adorava ouvir as conversas dele com o meu pai, com o
Radium.
Ricardo Alves, apaixonado
pelo esporte, desenvolveu com maestria projetos tanto em Cosmópolis como em
Paulínia, enquanto professor apaixonado pela profissão...sempre com um sorrisão
aberto.
Marilene Bottcher, uma explosão
de alegria constante a nos contagiar...carismática, excelente pessoa e
profissional. Perto dela, a tristeza nuuunca dava o ar da graça!
Valber de Faveri, meu
querido amigo, doce romântico, alegre, cavalheiro, luminoso...quantas coisas
dividimos, quantas coisas nos confidenciamos, quantos bailes frequentamos,
quanto falamos de amor!
(...)
Nuuunca estaremos preparados
pra partidas súbitas...nunca estamos preparados pra morte.
O que nos consola é saber o
quanto privilegiados somos em termos tido pessoas como essas por perto!
Lindas pessoas que partiram
deixando um enorme rastro de luz.
Aqui ficamos nós...apenas a
suspirarmos de saudades!
Tesouras, tecidos ( as
"fazendas"), fitas métricas, giz colorido apropriado para marcação de
roupas, alfinetes, linhas, agulhas, dedais, manequins de madeira e os ajudantes
Eurides e Adilson, sempre por perto em torno de uma imensa mesa: esse era o
cenário do local de trabalho do meu avô Nato.
Todos os dias eu passava por
lá e me encantava com o que via.
Era rotina de criança.
Brincávamos na casinha “lúdica”que ele construíra nos fundos do vasto e farto
quintal da casa onde morava na avenida Ester e onde se estabelecera como
alfaiate. Depois eu ficava observando-o trabalhando por um tempão, com o rádio
ligado nas notícias, nas músicas do Vicente Celestino e ficava prestando
atenção na conversa dele com os amigos sobre os curiosos “causos” da
cidadezinha em que morávamos.
Depois de brincar muuuito em
torno de frondosas e frutíferas árvores (e sob deliciosa parreira!), depois de
me revezar entre a alfaiataria e a loja de brinquedos da minha tia e madrinha –
na sala ao lado da dele - era a hora do café da tarde com mesa farta e todos em
volta dela, experimentando as delícias da vó Dina.
Era a hora da pausa de
trabalho de todos... hora em que meu querido avô começava a contar curiosas,
interessantes e longas histórias dos seus antepassados que a todos nós, seus
netos (sua assídua plateia!), fascinava.
Meu avô era um homem
alinhado. Trajava sempre camisas sociais brancas de mangas longas sobre
camiseta branca regata com calça social ora cinza ora preta, de forma
impecável. Ele tinha um cheiro bom...e imensos olhos azuis! Era apaixonado pela
minha avó - a quem tratava como uma rainha- e era dotado de uma paciência de Jó
com todos nós!
Ele lia jornais todos os
dias, expressava-se muito bem, tinha um repertório muito bom para discutir
qualquer assunto. Tinha ele uma sabedoria incomum.
Nunca o vi disparando
palavrões a não ser vez ou outra, em italiano, uma expressão de desabafo.
Era calmo, cavalheiro,
atencioso, alegre, um homem sereno, um homem verdadeiramente sábio. E elegante,
muito elegante.
Enxergava o melhor da vida,
procurava tirar o melhor dela; era um homem que soube sair com dignidade e
altivez de todos os percalços que a vida lhe apresentara. Era moderno, um homem
à frente do seu tempo e generoso no afeto, nas delicadezas, nas
“cavalheirices”. E muito bem-humorado, muito alegre, muito otimista - sabia
como ninguém nos apontar sempre a melhor saída nas horas de apuro!
Gostava de vê-lo à cabeceira
da mesa sempre tomando seu aperitivo habitual - uma cerveja preta ou um bom
tinto -, o jeito que fazia as refeições, por ocasião dos minestrones e polenta;
eu apreciava a maneira de como nos fazia refletir sobre tudo, o modo de como
nos motivava a aprender, de como nos instigava a sondar e descobrir coisas e
coisas interessantes através de metáforas, parábolas, do senso comum, através
de um assunto banal que ele dava sempre um jeito de se tornar importante. Nunca
o vi destratar alguém, gritando com alguém, falando mal de alguém...nunca o vi
afobado, irritado.
Aprendi muito com ele
através de suas atitudes, principalmente com o jeito como ele tratava os seus cinco filhos - por sinal muito bem criados e educados por ele e por minha
também inesquecível avó.
Eu gostava de vê-lo caminhar
com meu pai todos os dias, de vê-lo chupando balas de menta o tempo todo (de
quando abandonou de vez o tabaco), de quando passava pela loja todos os dias
para saber se meus pais precisavam de alguma coisa, para contar alguma
novidade, para conversar. Sempre nos animava a seguir em frente, diante de
qualquer tipo de desafio...
Fiquei com algumas camisas
brancas sociais dele que eu usava vez ou outra pra fazer um tipo rsrsrs.
Eu gostava de observá-lo ao
lidar com as plantas e os animais, sempre assoviando, conversando com eles.
Eram mágicos esses momentos!
Tinha ele muitos amigos,
tinha ele sorriso e gestos largos. Tinha ele o dom de transformar qualquer
tecido em nobres roupas masculinas...assim como outros não menos importantes
como o o Tio Tarcílio, Tio Carlos, Sr. Zuza e filhos...
Meu avô tinha as palavras
certas e gestos nobres nas horas difíceis. Ele conseguiu se manter lúcido e
forte depois da morte de minha avó, mas não demorou muito e ele foi atrás dela,
não sabia viver sem sua rainha.
Ele me ensinou muita coisa
legal, foi bastante presente quando meu pai se foi e, também depois, quando o
meu filho chegou, a quem carinhosamente "batizou" de
"Michelão".
Meu avô materno era um
descendente de italianos que marcou a minha vida e a vida de muitas pessoas
próximas a ele ou não, pelo jeito de ser, de falar, de agir.
Vez ou outra, especialmente
em dezembro, sonho com ele! Coincidência ou não, é o mês de aniversário e da
morte dele. E, ao despertar, sinto lindas e boas vibrações... sempre nessas
ocasiões estou bem próxima do mar, que tanto amo!
Meu avô me ensinou a contar
histórias, meu avô tinha uma memória prodigiosa.
Meu inesquecível avô, meu
amigão, hoje é uma linda estrela a brilhar e a me rondar deliciosamente - em
noites de incertezas ou de certos desencantos - encorajando-me, abastecendo-me
com sua ternura, com seus longos e afetuosos abraços!
(...)
*Honorato: do Latim, aquele
que recebe honras, que merece ser honrado.
Dos bailinhos aos bailões em
Cosmópolis
Minha mãe com meu tio José Honorato em baile de Formatura |
Alinhados e lindos! |
Meu primeiro contato com a
música veio quando eu ainda era bem pequena, através da minha mãe que vivia
assoviando Moonlight Serenade, Besame Mucho e músicas de Nelson Gonçalves.
Encantavam-me a alegria e a disposição dela enquanto realizava suas tarefas
cotidianas, devidamente acompanhada de suas lindas melodias. Ela também gostava
de dançar e dançava muito bem - que o digam José Honorato Fozzati que, quando
jovem era seu par constante e, posteriormente, em várias ocasiões, o primo
Jorge Baracat, os pés-de-valsa da família!
Diante das fotos que tenho
hoje comigo da década de 60 (Anos Dourados), por ocasião da formatura do meu
tio, sinto-me inspirada a escrever sobre certos lindos momentos em Cosmos: a
época dos bailinhos de garagem (principalmente aqueles na casa do tio Jorge),
dos bailes no Cosmopolitano, na Usina Ester e também no Grêmio
Estudantil...noites deliciosas de minha cidade natal.
Em todos eles, o glamour era
o mesmo. Cada qual à sua maneira, levando em consideração que, nos de garagem,
havia por perto pais vigilantes, ao contrário dos demais; mas nem por isso nós
nos sentíamos totalmente libertos da “mira” dos mais velhos ( ou dos mais
conservadores) e dos nossos progenitores.
Neles todos havia a
fantasia, o romantismo, o sabor das descobertas, a magia dos grandes encontros.
E havia a “ebulição” de sentimentos - resultado da “traquinagem” dos hormônios
nessa fase juvenil , convém lembrarmos - que muito contribuíam para culminarem
na força impetuosa que nos regiam rumo a sensações indescritíveis, entorpecendo
sentidos, razão, coração.
Ao mesmo tempo, havia uma
inocência, uma doçura, uma aura de fascinação nesses encontros, nos
relacionamentos em nosso meio. E um certo refreamento, uma certa contenção, um
certo respeito, mensagens e olhares velados. Era um meio-termo sempre entre uma
suposta liberdade e uma (desejada e nunca consumada!) “ libertinagem”, entre o
avançar e o recuar...e um redemoinho de sensações a nos invadir além, claro, de
uma imensa alegria de viver.
Esses “eventos” eram grandes
acontecimentos sempre. Os beijos pareciam mais intensos, os grudes ainda
mais... no entanto, eram eles sempre trôpegos, desajeitados até!
Todos – homens e mulheres -
se esmeravam nas produções, no visual, fossem eles de quaisquer condições
sociais ou de qualquer turma, indistintamente.
Era um tempo tomado pelo
romantismo, por músicas melodiosas, dançantes, esvoaçantes, esfuziantes,
questionadoras, instigantes que nos faziam sonhar, rodopiar, refletir... E lá
vinha o som das “pedras rolando” soltas, libertas ( Rolling Stones) ou da
batida mais romântica dos comportados meninos de Liverpool (The Beatles); do
rock progressivo (de bandas que até hoje fazem sucesso) ou da açucarada Jovem
Guarda ; dos revolucionários da Tropicália e dos Novos Baianos à MPB; do
“profeta” Raulzito ao melodioso(” Dom Sebastião”) Tim Maia; do Pop Rock
nacional e internacional a J.Hendrix e J. Joplin, dentre tantos outros gêneros
que ecoavam dos embalos de sábado à noite aos embalos de domingo à tarde nas
esquinas, nos bares, nos clubes, nas casas. Havia ainda os que se animavam sob
o som das bandas de Jazz e das Big Bandas, sem claro, esquecer os aficionados
pelo som dos músicos cosmopolenses como o do "conjunto" de Luiz
Gallani, Rage Baracat, Carão, Nato Tonussi, tio Rubens Jemael ( junto de sua
companheira e "vocal" na época, tia Celia Artioli, com sua belíssima
voz!); do Paulinho Paulo C Tavano com seu Café Melodia e os primos Cacau, Virgínia
e Mara com seu Spectro Continuous...será que estou me esquecendo de algum
outro?
A música “transitava” nos
momentos de puro e autêntico idealismo por um mundo melhor, pelo amor e pela
paz sempre.
E sonhávamos. E
conversávamos. Nos bancos das praças. Nas esquinas. Nos bares. O tempo todo.
Ao anoitecer, sob luar ,
garoa ou temporal lá estávamos nós, imersos na meia-luz, no jogo de
esconde-mostra (bem sutilmente), no delicioso jogo engendrado da sedução, na
magia do encontro, na arte de desvendar doces mistérios. Todos, indistintamente
lindos, muito bem aparentados, deixando-se envolver pela sincronia de corpos e
de bocas que se entendem sem muitas palavras, no embalar dos sons, do ambiente,
das emoções.
Da saída dos bailinhos para
os bancos da praça. Dos clubes, nas altas madrugadas, direto para as padarias
para pegar pães saindo quentinhos dos fornos – capitaneados por Seu Otacílio, a
princípio e, posteriormente, pelo adorável e inesquecível casal D. Hilda Scorsoni e Sr. Osmar Toledo e também pelo Seu Facelli e esposa...sempre incríveis conosco! E que paciência e atenção nos davam!
E saíamos desses bailes
cantarolando, rindo muito de tudo e de todos, alguns de nós já nos
"consagrando pares”...para sempre. Outros vivendo o amor infinito...
enquanto durasse. Outros ainda na “fossa”, com “ dor de cotovelo” por conta de
terem “levado uma tábua” ou terem experimentado a agrura de um desenlace
amoroso...
Existia traje social seguido
à risca. Existiam casais que se destacavam pela harmonia quer fossem na dança
(“solta” ou aos pares) quer fossem pela sintonia de recíprocos sentimentos ,
nos romances que assim se iniciavam (ou se consolidavam) a partir dali,
daqueles deliciosos bailinhos ou bailões.
(...)
Impossível esquecer os
bailes que vivi. ...nessa época eu morava de frente para o salão do CFC e
também não perdia um só baile. Eu , meus primos, meus amigos e minha família
ficávamos até o final, época de grandes bandas e orquestras, de grande
encantamento.
Inesquecível a minha
primeira dança ao som de Roberta Flack - Killing Me Softly ( 1973) com um rapaz
pra lá de interessante; do arrasador baile de formatura, quando Cupido me
flechou em cheio, embalada por Carole King com sua não menos inesquecível It’s
too late. E depois, sob a “bênção” de Elton John, com sua inebriante Skyline
Pigeon, veio o primeiro beijo, seguido de namoro à porta de casa.
Mas não dá para esquecer
mesmo é de certos lindos casais abrindo bailes no CFC, tais como Marilia Moraes
e J. Carlos Trevenzolli, Suséte Kowalesky de Moraes e Rui, Osmarilda Furlan e
Zé, Mandi Campos e Cristina Stucki, Olga Mya e Dito Almeida, os amigos Silvia
G. A. Moraes e Shasça Milk... Havia também os primos Cacau e Jorginho, sempre
disponíveis se revezando e se desdobrando em atender às dançantes,
conduzindo-as e fazendo-as “levitar” junto deles, bem como o fazia
maravilhosamente bem o saudoso tio Rage Baracat que, segundo nos diziam, era
soberano nesse quesito. Quando apontava no salão, não tinha pra ninguém . Mas,
infelizmente, essa época eu não vivi.
Há muitos outros pares que
tenho na minha memória, mais imagens “arquivadas” do que nomes.
Sem contar a turma de Sta.
Bárbara D'Oeste, não é Maria Helena Gagliardi Melcón Regina Gagliardo, Izabel
Gagliardi e Maria Emilia Fernandes Mia?
Muitas emoções vividas.
Muitas histórias pra contar. Muitas coisas lindas pra recordar, certo Tere Cae
, Nei Caetano, Soraya Bragagnollo e Amaury Aranha?
E lá se foram quatro
décadas...tempos áureos, lembranças engavetadas a sete chaves, dentro de nossos
corações, em um “cantinho docemente decorado de saudade”!
Não conheci essa mulher de
olhar enigmático e penetrante. Sei pouco dela porque bem cedo se foi, deixando
os filhos ainda adolescentes entregues cada um à própria sorte. Felizmente,
essa foi generosa e sorriu a cada um deles, à medida que foram muito bem se
encaminhando pela vida.
Soube dela, da minha avó
paterna, com alguns poucos detalhes, através do meu pai, da minha tia Chafia e
pelos mais velhos (e mais próximos) de Cosmópolis que melhor a conheceram.
Ela morrera por conta de uma
doença oportunista (para alguns, traiçoeira!) – naquele tempo, sussurrada entre
dentes, a doença ruim, “aquela doença”-, hoje apresentada como câncer, sem
nenhum preconceito. A tal doença que hoje, sabe-se, é resultado, dentre tantas
coisas, de tristezas e mágoas suprimidas, represadas, contidas, sem vazão. E,
por conta dessa doença, ela sofrera muito.
Minha avó Zarif Chaib
nascera no Líbano e tivera um casamento arranjado com Bechara José Jemael ,
homem bastante estiloso, comerciante promissor , nascido no Cairo - embora
dissessem ser ele sírio, mais tarde vim a saber que ele tinha ascendência
egípica. Tivera ele, fora do casamento, José Bechara, a quem reconhecera como
filho dele com minha avó (soube que fora contra a vontade dela!). Sei que ele e
minha avó formavam, a despeito desse "porém", um casal harmonioso,
muito bonito.
Minha avó - falam - era
generosa, elegante, envolta em sedas e joias; era quieta, refinada, amável e...
linda!
Lembrei-me dela por esses
dias , ocasião de seu aniversário - ela era do signo de Gêmeos. Regida,
portanto, por Mercúrio e quem tem esse planeta posicionado nesse signo – dizem
os astrólogos- se comunica e expressa sua capacidade de raciocínio trocando
ideias e opiniões de forma extremamente lógica. Mas não tenho informações
precisas sobre a personalidade dela, embora tenha sido ela do “ar” e eu bem sei
o quão interessante são as pessoas desse mutável elemento que as fazem tão
deliciosamente especiais, fascinantemente sonhadoras e adoravelmente
instigantes.
Soube que ela fora a
primeira mulher na cidade a usar rouge, hoje chamado blush. Sei que tinha
gestos delicados, timbre de voz suave, fala pausada e mansa...e um sorriso
triste, brando. Não era uma mulher afetada, embora tivesse atitudes contidas e
postura altiva, além de ser bastante vaidosa.
Aos dezoito anos parti em
busca de parentes dela em Chepes, cidade próxima a Mendoza, para poder melhor
entender quem era essa mulher e também poder decifrar os olhares sombrios e
evasivos do meu pai quando (raramente) falava dela e quando o fazia nessas
ocasiões , seus olhos enchiam-se de lágrimas. Aliás, em seus últimos momentos
de vida, ele a chamara baixinho insistente e comoventemente, segundo me
disseram meu irmão Jamil e minha mãe, posteriormente.
Pelas pesquisas, diz-se ser
Zarif um nome predominantemente masculino, de origem indefinida. Encontrei em
uma delas a definição que bateu com o que o meu pai me dissera um dia: nome de
origem árabe, cujo significado é mulher bela, graciosa, habilidosa.
Não à toa minha prima, que
chegou ao mundo um mês antes de mim, herdou seu nome que muito condiz e a
define tão bem, com tanta propriedade!
Não tive a alegria de
conhecer minha avó, mas hoje consigo traduzir -pelo que a vida tem me
mostrado-esse olhar dela, profundo e um tanto misterioso. Definitivamente, não
mais indecifrável para mim!
Poderia ser mais um anônimo, apenas mais um que partiu...
Mas foi o Paletó, o Luiz Antonio Mariano. O rapaz que
conheço desde sempre, vindo de famílias
com as quais tive contato desde menina: os Mariano e os Felisbino. Gente de
bem, cosmopolense da gema.
O rapaz que estava por dentro de todos os acontecimentos,
que acompanhava de longe minha trajetória, que sabia dos meus amores, das
minhas paixões, que torcia por mim, que gritava meu nome por onde eu passava,
fosse de bike, de carro, a pé. Que sempre tinha um sorriso nos lábios, que
sempre tinha uma palavra amiga, que sempre mantinha um altíssimo astral e quando me via chegar, saía do bar e ia até mim
pra me contar as novidades, querendo saber de mim, do meu filho e que tinha um
enorme carinho pela minha família...
A última vez que o vi já faz quase dois anos. Gritou meu
nome, me fez parar e conversamos sobre tudo e todos. Seu olhar já não tinha o
mesmo brilho, mas mantinha o sorrisão de sempre. Ao nos despedirmos, recordou
algumas passagens minhas com um conhecido dele, me emocionando com as suas
palavras...tinha esperanças de um dia, eu e esse rapaz, reatarmos o que ficou
bem lá atrás, apenas uma lembrança longínqua.
Mais um cosmopolense muito querido que nos deixa e que, por
acaso, eu soube de sua partida através do face.
Mais um “mocinho” que marcou uma áurea época. Que não teve
seus sonhos realizados, melhores oportunidades...mas deixará saudades do que tinha de melhor: sua alegria, seu jeito terno, prestativo, um querido amigo
de tanta gente.
Vá em paz, meu querido Paletó, e que você continue distribuindo essa alegria
toda aí no andar de cima.
Eu aqui sentirei falta do seu assovio, do seu grito a ecoar na
esquina chamando por mim, do seu astral, do seu sorriso!
Beijão
As "meninas' que
marcaram a minha infância
Veio-me da querida Neusair
na primeira postagem à página inicial do meu Face, a música Only You, do The
Platters. Ao ouvi-la, logo a seguir, em uma dessas manhãs frias e de sol
anêmico, curiosamente, ela não me remeteria a algum baile ou a algum momento
romântico mas a certas “meninas” que chegavam, naquele instante, em flashes à
minha memória afetiva. Coloquei a linda melodia inúmeras vezes e enquanto a
ouvia, palavras, tipo escrita automática, fluíam do teclado, despejando-se na
tela, galopantes, céleres, sem que eu muito me pusesse a pensar. Apenas estava
eu, naquele momento, imbuída do sentir, fotografando por escrito o que surgia
nessa minha memória. E as "meninas" ali, intercalando-se...indo e
vindo à minha frente, sobrepondo-se uma a frente da outra em uma sequência
colorida.
(...)
As primeiras a chegarem
foram Dona Tutu Balloni e Dona Silene Sousa. As duas mulheres vestiam calça
preta, um pouco acima do tornozelo, blusa de xadrezinho beeeem miúdo vinho e
branco - o uniforme delas. Eram as minhas “tutoras” primeiras no Parque
Infantil. Inseparáveis, à beira da piscina (imensa!), ao lado dos brinquedos do
parquinho, supervisionando a garotada; lá estavam elas cantarolando músicas
infantis, fazendo as costumeiras brincadeiras, lindas, de batom, unhas ( longas
e vermelhas!) bem feitas, alegres, vibrantes a nos assessorar, a nos
descortinar novos horizontes, a nos iniciar no aprendizado da vida, no espírito
de solidariedade, na amizade, inspirando-nos com seus exemplos, com suas
atitudes. Incansáveis, lindas amigas e companheiras, doces e animadíssimas
professoras! Eu me concentrava na delicadeza delas, no timbre suave da voz
delas, nas mãos a delinearem gestos no ar, nas histórias que nos contavam, no
carinho delas para com todos nós, meninas e meninos entre 5 e 7 anos!
Depois vieram D. Estella
Tavano e D. Nena, inseparáveis irmãs de cabelos prateados que caminhavam sempre
de braços dados pela avenida. D.Estella estava sempre alegre e, apesar de um
defeitinho na perna que a fazia mancar, dançava , cantarolava e não parava
quieta um só instante! Ela foi a minha professora de solfejo, me dando as
primeiras noções de música, preparando-me para a minha amada e inesquecível
Maria Ignês Scorsoni, minha professora de piano, que muito me incentivou e me
inspirou no universo desse instrumento-essa merece uma crônica à parte, tamanha dedicação, carinho e brilhantismo fora do comum! A D. Nena, mais tímida, concordava
sempre com o que D. Estella decidia, tinha um temperamento mais calmo e ambas
se complementavam...Não se casaram e eram muito queridas, eram elegantes, eram
prendadas, eram carinhosas com todos nós e sempre estavam presentes em nossas
reuniões festivas. Eram duas “jovens” senhoras carismáticas. E elas nos enchiam
de mimos, elogios, carinhos, conselhos e ...bolos deliciosos!
Seguem-se agora a D.
Auxiliadora Vieira Dias e D.Ester Campos...elegantérrimas, antenadíssimas com
as últimas tendências, arrojadas, de um bom-gosto indiscutivelmente refinado.
Auxiliadora, mineira de Alfenas; Ester, irmã do Hermínio, da nossa cidade. As
duas comandavam o Saloon, espaço mineiro charmosíssimo na avenida principal.
Nesse espaço estilo meio “western” além das tradicionais balas de
café(de-li-ci-o-sas!), eram vendidas coisas de Minas, isso na década de 60. E
ali, concentravam-se jovens lindos, bem trajados e animados, sob comando da
dupla luminosa, ambas adornadas de roupas e acessórios exuberantes,
coloridos...lindas as duas e encantadoras na arte de receber, recepcionar,
vender, entreter...prosadoras impecáveis e sempre apresentando novidades!.
E finaliza-se mais uma cena,
mais um instantâneo flash: as irmãs gaúchas austeras, místicas, fechadas. As
três mulheres –uma delas, jovem, de olhos lindamente amendoados, diziam ser
filha de uma delas-, de semblantes pesados, cabelos negros, deixavam “rastros”
de forte cheiro de água- de- colônia, cheiro esse que se recendia aos quatro
ventos, por onde passavam...todas com rouge rosa -choque e batom e unhas
idem... também eram inseparáveis e o que chamava a atenção sobre elas eram as
roupas rodadas, amplas, coloridas com cinturas beeem marcadas por grossos cintos
de fivelas imensas, brincos de argola, anéis e correntes grossas de ouro mais
parecendo ciganas essas três soturnas mulheres . A vida delas era um mistério!
Elas preservavam a sete chaves a intimidade, o que incitava a garotada a ser
espevitada, endiabrada...essas mulheres provocavam um certo tumulto quando
pelas crianças passavam...e todas elas curiosas em querer saber mais sobre
aquelas misteriosas “gaúchas-ciganas”!
Havia aquelas também que me
marcaram pelo "frisson", provocando um outro tipo de tumulto por onde
passavam por serem mais "destemperadas", ousadas,
"sanguíneas"...as "Bibas", as "Peixeiras"... E
nin-guém desafiava enfrentá-las ...por na-da! E elas, aos homens seduziam, os
arrebatavam! Essas mereceriam uma crônica à parte!
Aliás, cada uma dessas
"meninas" acima ( e outras tantas!) dariam interessantes
protagonistas de boas histórias...
Essas "meninas"
trouxeram de volta pra mim, neste momento, explosões de cores, cheiros de
tempos bons e muito bem "sentidos".
E há, ainda, muitas outras
que fizeram parte da minha infãncia e também da minha juventude, em Cosmópolis.
E eram elas receptivas, cúmplices, amigas de todos, solidárias nas confidências
conosco, dando sábios toques, sempre atenciosas , queridas por muitos de nós,
desde sempre.....a querida Vicentina Bontempo e a Adelaide Leone, tão generosas
seeempre, nos enchendo de presentes, de atenções, de gentilezas...Vicentina foi
a que me recebeu de braços abertos e com muito afeto na Caixa, sempre me
ensinando tantas coisas, com tanta paciência, zelo, sabedoria.
E temos a nossa querida
amiga Neusair Vieira da Silva , a que através de sua postagem me inspirou,
hoje, a escrever. Uma mocinha que manteve seu ar de menina, seu coração jovem,
seu sorriso amplo...lembro-me dela junto a sua irmã também linda como
ela...trabalhavam de frente a loja do meu pai, na Telefonia, época de uma
comunicação difícil, mas de amizade fácil, verdadeira, linda demais. Sempre
alinhadas, sempre alegres, participavam ativamente do que acontecia conosco,
vibravam com as coisas boas que nos aconteciam, condoíam-se conosco nos
momentos mais difíceis. Sempre estiveram presentes lindamente em nossas vidas!
E agora a voz da minha mãe
ecoa, forte, dentro de mim, duelando comigo insistente: “É melhor você voltar,
esse seu " isolamento"não tá te fazendo bem, você tá muito nostálgica
demais, tá muito voltada pro passado”! Mãe sempre tem razão? Seja o que for,
nada é premeditado quando damos vazão a sensações e ou sentimentos que fluem
alheios a nossa vontade. E, no meu caso, escrever acaba por ser um mergulho na
alma. E ao postar esses tais “mergulhos”, posto-os imaginando passar pra alguém
algo mais pra "ser"sentido do que "ter"sentido.. é assim
que acontece. Algo que desperte algum "sentido". Ou toque todos os
"sentidos".
Vou dar mais alguns outros
mergulhos – hoje mornos pra quentes, dada a "condição climática" do
meu coração- e eu sugiro a vocês, meus queridos amigos, a fazerem o mesmo cada
qual à sua maneira...a ouvirem uma música que realmente “toque” a alma e deixar
um “filmezinho” bem legal - ou uma “cena” dele - preencher gostosamente a
memória de vocês. Isso pode vir a surpreendê-los. Isso pode aquecer o
coração...pode-quem sabe?- despertá-los para pequenos ou grandes
milagres...ainda mais se vocês estiverem acompanhados de um bom tinto ou ainda
de alguém que hoje os encaminhe para a sensata constatação: "Somente você
(sim, só você mesmo, aí que me ouve agora!) pode fazer a escuridão
brilhar!"
Caro pai,
o vazio é imensurável, a
ferida é latente, o buraco que fica é impreenchível. Tudo soa vazio sem sua voz
a ecoar pelos quatro cantos... sem seu lindo humor ao anoitecer, ao amanhecer;
sem seu assovio retumbante, sem sua presença,sem suas sábias palavras, sem seus
almoços de domingo, sem vc a me esperar para os longos e intermináveis papos
filosóficos ou não, sem seu “sétimo sentido” , sem suas delicadezas, sem suas
cavalheirices, sem seu carinho a apaziguar temores, sem nossos mergulhos ao
amanhecer no CFC, sem nossos finais de tarde na Represa em tardes de verão, em
Cosmópolis.
Dizem que o tempo atenua
tudo...ledo engano, só faz aumentar a saudade rsrsrs.
Então é isso, não me
prolongarei! Há uma lua gordona a minha espera, há pessoas bacanas ao meu redor.
Há um Anjão com sua ascendência em minha vida a atenuar certas dores... acho
que iria gostar! E , em breve, estarei rodeada de pessoas que você ama.
Rosemari Gallani Avansini
convidou-me para estar com Hermes Kiehl, seu grande e querido amigo, em almoço
de domingo dos pais...achei que você gostaria de saber - embora não possa estar
com eles e apesar de me sentir honrada com o convite.
Acho também, amadíssimo pai,
que você gostaria de saber que por aqui tudo anda nos “conformes”...todos estão
muito bem, inclusive o seu neto, Michel Neto.
Agora, nesse momento, meu
lindo pai, você é uma baita estrela brilhante no firmamento que me encanta, que
me afaga, que me acompanha nesta noite de inverno. Você é uma lembrança
dolorida, porém linda demais para que eu possa me lamentar.
Obrigada por ter me ensinado
tanto. Obrigada pelo amor desmedido. Obrigada por me fazer a pessoa que sou.
Ainda não digeri, devo-lhe
confessar, sua partida aos 47 anos, embora tenham se passado quase 31
anos!rsrsrsrs
Entaõ, te desejo um Feliz
dia!
E até a qualquer momento, em
que colocaremos todo o nosso papo em dia...e quanta coisa tenho pra te
contar...e eu bem sei que terá toda a paciência do mundo pra me ouvir!
Te amo infinitamente e para
todo o sempre.
Beijos de sua filha que
hoje, mais do que nunca, encontra-se diluída em saudades.
Uma avó muito especial
Uma noite, eu e uma amiga
conversávamos, dentre tantas coisas, sobre a avó dela. Emocionei-me com seus
relatos sobre a sintonia espiritual das duas, mesmo depois que ela, sua avó,
havia partido deste plano. Muitas afinidades, muitas coisas puderam elas
compartilhar e grande cumplicidade mantiveram as duas, de tal forma que essa
tal sintonia perpetuou-se além da morte. Seus relatos me comoveram e me
inspiraram a falar da minha avó Dinorah.
Não sei se todos tiveram (ou
têm) uma avó como a minha - amiga para todas as horas, uma dádiva de Deus a se
fazer presente em momentos preciosos e inesquecíveis.
Minha avó Dina foi uma
pessoa muito querida por todos. E uma avó bastante atuante em nossas vidas - na
minha e na de meus primos.
Como boa descendente de
italianos, preparava-nos típicas iguarias com primorosa habilidade. Como tal,
mantinha mesas postas (e fartas!) o tempo todo. E fazia festas grandiosas em
ocasiões especiais ou não. Nessas festas, além dos parentes, vinha gente de
toda a redondeza, inclusive os amigos de sítios vizinhos à nossa cidade, com os
quais ela mantinha fortes laços de apreço e estima. Quanta cantoria havia ali!
E quantas boas conversas aconteciam ao redor da mesa, lindamente adornada!
Talvez também pelo cheiro no
ar - de infância – ou do clima, não há como não me remeter a suas massas, aos
seus doces, aos seus temperos, ao seu chocolate quente, aos seus minestrones, a
sua sopa de frutas, a suas cantigas enquanto nos aguardava com seus quitutes
para o lanche farto de todas as tardes, em Cosmópolis.
Minha avó foi solidária e
cúmplice, em muitos momentos marcantes, conosco – “meninas-mulheres e
meninos-homens”, seus netos - com sábios conselhos e íntimas conversas quando,
em muitas ocasiões, nossas mães não tinham tempo ou muita paciência para,
conosco, entabularem-nas.
Minha avó guardava minuciosa
e secretamente as economias que amealhava durante o ano todo para nos
presentear , em todas as datas, com incríveis presentes - sempre! Minha avó era
severa e terna na medida certa, sabendo também o momento apropriado “de agir”
para o nosso bem.
Minha avó Dina tinha
palavras (e provérbios) na hora exata a nos confortar e a nos animar para
seguirmos em frente, para nos fortalecer diante de alguns “tropeços”.
Ela foi uma supermãe,
companheirona do meu avô Nato, muito zelosa com ele, não obstante ser um tanto
ciumentinha rsrsrs.
Minha avó comemorava quando
a chuva chegava deixando no ar o cheiro de terra molhada. Ela cultivava
canteiros de ervas e temperos cheirosos, era uma apaixonada por flores,
antúrios e samambaias. Ela as mantinha e cuidava delas lindamente ( conversava
com elas!) durante o ano todo - espécies variadas, coloridas, perfumadas,
exuberantes. Algumas delas já não vejo com frequência nos jardins das casas -
dálias, palmas, amores-perfeitos, cravos, rosas, copos-de-leite...
Ela me ensinou muito além
das coisas da vida...ela me inspirou na alquimia da cozinha, a manter sempre o
humor, a não “deixar a peteca cair” diante de obstáculos e contingências da
vida, a amar os animais...
(..)
Com essa chuvinha fria que
agora cai, sinto no ar o cheirinho ( e o saboooor!!!!!) dos seus pastéis, pães
de torresmo, broinhas de fubá, bolachinhas de nata, bolinhos de chuva, o seu
chocolate quente. E ouço as suas cantigas, as suas orações e a sua voz a ecoar,
imperiosa : “Vem logo pra mesa, meninada, que vai esfriar!”
Privilegiada sou por ter
tido uma avó tão presente em uma infância tão gostosa!
Inesquecíveis lembranças que
abastecem a alma...sempre!
Querido primo, meu
amigo-irmão de todas as horas, maravilhoso sempre estar em sua companhia e
poder desfrutar do seu carinho, do seu altíssimo astral, partilhando não só
alegrias e conquistas mas também os momentos mais difíceis...presença luminosa
em minha vida e na de muitas pessoas, sempre nos oferecendo o melhor de vc... O
que te desejar neste dia tão especial quando se inicia um novo ciclo em sua
vida a não ser saúde, muuuitas realizações e muuuitasss alegrias? Querer vc
seeeempre por perto a me acarinhar, a celebrar junto comigo a vida, claroooo!
Obrigada por tuuuudo e, principalmente, por momentos tão especiais, tão lindos,
tão solidários! FELIZ ANIVERSÁRIO!!!! E que essa data se repita por muuitos e
muuuitos anos!!!!Viva o Jorgeeeeeee!!!!!Uhuuuuuu bjosssss
Prima linda, minha querida
comadre, eu desejo a vc muuuitas alegrias, hoje e sempre! Vc é especial demais
pra mim e pra muuuita gente. Sempre presente em muitos momentos de nossas
vidas...sempre generosa, disponível, amiga pra todas as horas, sempre com um
sorriso a nos receber, sempre com a mesa farta a nos recepcionar. Turcaaaa
lindaaaaa com senso de humor único, altíssimo astral, parceiraça de longa data,
que Deus te prolongue por muitos e muitos anos sua estada entre nós,
brindando-nos com seus sábios "toques", com sua alegria, com seu
jeito incrível de ser, com sua hospitalidade, com seus quitudes
delicioooosooos! E agradeço a Deus por tê-la como prima amiga e uma segunda mãe
para o Michel Bechara Gimael Neto, que também tanto a admira e te ama muitão!
Não pude estar com vc ontem, mas breve estarei com vc pra colocarmos a conversa
em dia e, claro, experimentar suas delícias gastronômicas- que bem sei, fizeram
o maaaaiooor sucesso ontem aí! Parabéns mais uma vez e que Deus continue te
abençoando muitão! Amamooooos vc! Bjosssss
“GIMA”, FILHO LINDO E
AMADÍSSIMO, PARABÉÉÉÉNS!!!!
E, então em um sábado
ensolarado, às 8h da manhã você chegou...
Não consegui saber durante a
gestação toda se viria um menino ou uma menina, apesar de inúmeros ultrassons
rsrsrs. Eu torcia pra que fosse um menino e, de preferência, que fosse parecido
com o seu avô, meu amigão. O suspense foi enooorme entre enfermeiras e médico,
uma farra na sala de parto como assim o foi durante os nove meses que você, em
mim, se “acomodava”.
Nove meses de alegria
imensa...músicas, conversas e histórias mil com você e pra você, o tempo todo.
E, então, uma vitalidade imensa instalou-se em mim.
E, desde o momento em que
você chegou, a vida passou a ter outra conotação pra mim: você me trouxe sorte,
motivação, me fez rever valores, me fez melhor e me deu a oportunidade de
passar minha vida a limpo. Você me trouxe lindas vibrações e a vida tingiu-se
de cores, de nuances mil...totalmente demais!
Há 25 anos – como você mesmo
diz, um quarto de século! - você tem me presenteado com essa sua luz, com esse
seu jeito lindo de ser e de sentir as coisas e as pessoas.
Hoje, por onde passo, todos
me perguntam: “ O Michel é seu filho? Nossa, ele é demais, uma pessoa incrível!
Vc é uma pessoa de sorte, abençoada!” E lá vêm elogios e elogios a seu
respeito.
É, “Gima”, vc é um
presentaaaaçoooo de Deus pra mim!
Nesse um quarto de século
criamos uma parceria, uma cumplicidade única e quantos momentos incríveis
juntos partilhamos, hein?
Nesses vinte e cinco anos
você só tem me dado alegrias, você tem sido um filho maravilhoso, amigo,
companheiro, uma pessoa de caráter, pautado na ética, temente a Deus, um rapaz
de princípios, cheio de determinação em tudo a que se propõe a fazer. Tem
espírito de liderança, sentimentos de compaixão que a todos comove, é
solidário, autêntico, tem um coração bom demais da conta, tem sabido lidar
maravilhosamente bem com as contingências da vida, sempre dotado de uma
sensibilidade ímpar que a muitos inspira...cheio de sutilezas de alma que
sempre nos emociona, sem contar as cavalheirices! E sabe -como poucos- tirar da
vida o melhor ...sempre com um sorrisão aberto , com altíssimo astral que a
todos desarma! Eta turquinho legal você!
Poderia contar, aqui, mil
coisas lindas e surpreendentes que você faz pra mim, mas aí vão achar que é
coisa de mãe “coruja babona” e vão te “zoar” rsrsrs...mas quem tem o privilégio
de ter você por perto, com certeza, me dará razão e irá até enumerar outras
tantas qualidades suas...e verá que não estou exagerando.
Mas houve uma que marcou
demais: do meu quarto, ouvi você chegando de uma festa de aniversário ao
amanhecer, assoviando pra variar e demorando pra se deitar. À janela do meu
quarto, você me deu o seu esfuziante bom-dia e se recolheu em seu quarto. Algum
tempo depois, ao me levantar e abrir a porta do meu quarto, deparei-me com
pétalas de rosa de cores variadas e conchinhas de todos os tamanhos , lindas,
espalhadas feito um lindo tapete pela casa tooodaaaa, em todos os cômodos até o
portão de casa e, sobre a mesa da cozinha, havia uma linda taça colorida
cheinha de bombons com o bilhete “Eu te amo, mãe!”
(...)
Nesse um quarto de século
muito aprendemos, muito vibramos com nossas conquistas, muito viajamos, conhecemos,
experimentamos.. rimos e choramos juntos! Uauuuuuu!!!E quaaaantas sessões
musicais! Poderia falar de um montão delas e de nossas afinidades nessa “área”.
Pensei em várias vozes - dentre as infinitas - que nos embalaram em nossos
momentos, em nosso convívio , desde o amanhecer ao anoitecer...Lulu, Benjor,
Tim Maia, Titãs, Legião, A.Calcanhoto, Ana Carolina, Biquini, Skank, M.Monte,
Grace Jones, Chico, Caetano, Beatles, R. Stones, Moby, Coldplay, U2...em cada
melodia, um momento único, nosso! Uhuuuuu!
Nós dois sempre nos dando o
melhor de nós, um ao outro! Entre acertos e desacertos, juntos seguimos rumo
aos nossos objetivos e, dentre esses, o de termos uma existência feliz, sem
grandes atribulações! E também de darmos o melhor para os que nos rodeiam. Acho
que tem dado certo essa nossa parceria, não é, “Gima”?
Então, hoje, filho lindo e
amado, desejo a vc um FELIZ NIVER a distância já que, excepcionalmente, você-
esse ano- deu uma de “fujão” e não quis comemorar por aqui. Sei que está
realizado com suas conquistas, feliz demais com a vida, com você, com o mundo e
torço pra que continue assim...Que Deus continue te abençoando muito, que você
continue sendo iluminado e luminoso. E, eu aqui, vibro por você, agradecendo a
Deus- como você, constantemente costuma dizer: “VALEU, DEUS!”- por esse menino
incrível que você tem sido em minha vida!
Deixo-lhe uma de nossas
melodias pra você se inspirar, pra sair dançando, pra comemorar esse seu quarto
de século pelas praias por onde passar, ok?
TUDO DE MARAVILHOSO PRA VC,
MEU TURQUINHO!!!!!!
BJOS e BJOS dessa sua mãe –
hoje mais “coruja” do que nunca - que te ama muuuuitoooo!!!!
E VIVA O
“GIMAAAAAAAAA”!!!!!! UHUUUUUUUU!!!!!
A leveza de ser do meu Tio
Carlos
A “inevitável visita” chega
sem pedir licença. Não temos como fugir dela, disso todos sabemos.
Preocupamo-nos com pessoas ao nosso redor, enfermas, na iminência de , a
qualquer momento, perdê-las e, assim, vamos sofrendo por antecipação. De alguma
forma, tentamos nos preparar para o pior, em vão, posto que nunca estamos
preparados para ela, a morte!
E não adianta apaziguar a
dor da perda de alguém querido com o discurso de que ela, a morte, é apenas uma
viagem, uma passagem etc etc pois nos esquecemos de que a vida é mesmo efêmera
e que ela sempre nos reserva surpresas ...Para essa tal visita funesta, nuuunca
estamos preparados. E aí, vem o baque: quem a gente sequer imagina parte de repente,
sem tempo pra despedidas.
Há alguns dias, um tio muito
querido se foi: o meu tio Carlos – Antonio Carlos Fozatti – era um homem leve
na compleição física, leve no jeito de ser, leve no jeito de sentir e de viver
.
Durante a vida toda, todos
nós o tivemos como um homem apaixonado pela vida, pela esposa - nossa adorável
Tia Nadir -, pelos seus filhos - primos queridos-, pelos netos e pelo seu time
de futebol.
Em nossas reuniões festivas
lá estava ele, sempre sorridente. Nunca o vimos “carrancudo”, nunca o vimos
reclamar de nada. Talvez porque ele tenha mantido a espontaneidade, a
autenticidade e a vivacidade de uma criança, sua essência! Ele contava
“causos”, relembrava passagens da infância e da juventude em Cosmópolis, cidade
que amava e onde escolheu como sua “última morada”, não obstante há décadas
morando em Campinas.
Tinha ele uma memória
afetiva incrível. Durante 59 anos esteve ao lado da esposa, Tia Nadir e, com
ela, formou sua linda e unida família. Marido exemplar, pai amoroso e dedicado,
irmão querido, tio adorável!
Era um homem simples, de
hábitos simples, com uma filosofia de vida simples.
Sempre tinha elogios pra
todos e, quando nos visitava, sempre trazia boas novas. A relação dele com a
família era linda de se ver. Ele me chamava de “Turcona”.
(...)
Fica em minha memória o
jeito carinhoso dele –sempre!- para conosco.
Ficam cravadas na minha alma
as palavras do pastor Nelson (após uma absurda tempestade na noite anterior) em
uma manhã luminosa, na triste despedida, o óbvio que sempre “passa batido” por
nós: “O AMANHÃ não nos pertence, façamos tudo o que pudermos pela pessoa a quem
amamos em vida, expressando nosso amor, nossa doação, nosso carinho HOJE, o
nosso maior presente”.
Fica em nossa memória o amor
que esse homem dedicou em vida a todos ao seu redor. Fica em nossa memória o
exemplo de sua doação com suas nobres atitudes.
Fica evidente nos seus entes
tão queridos quanto amor por eles expressou. Podem passar anos sem ver meus
primos e enxergo neles a mansidão do “bom olhar” pra todos nós, o carinho deles
para conosco, a sensação de que estivemos sempre juntos, de que apesar das
contingências da vida, nunca nos separamos. .. fica a marca
registrada-emblemática!- do nosso Tio Carlos e de nossa amada Tia Nadir : “É
pelos frutos que se conhece a árvore!”...belos frutos, bela árvore!
Fica a saudade do que,
juntos -amorosa e alegremente-, pudemos partilhar e expressar em vida: o
carinho por ele.
Fica o som da sua voz a
ecoar, da sua risada escancarada...fica sua leveza de ser!
Fica o céu mais luminoso e
em festa com a presença dele contando suas histórias, relembrando os bons
tempos em sua cidade natal...e sendo muitíssimo bem recebido por seus pais e
amigos. E eis que surge mais uma estrela a brilhar intensamente a quem, na
cumplicidade, lá de cima, estará a nos acompanhar.
Fica sua família aqui, mais
unida do que nunca, assessorando a sua rainha Nadir, mulher forte, plena de fé
e muito amor, sua parceiraça!
Fica uma dolorida saudade...
(...)
Beijos, Tio Carlos querido!
E até um dia, em meio a muita prosa e festança!
Da sua sobrinha “Turcona”.
(Re)Encontro muito
especial!
Existem pessoas que se
eternizam em nossos corações. Pode o tempo passar e elas estão ali, em um
momento único, como se nunca deixássemos de nos falar, como se nunca tivéssemos
nos distanciado.
De repente, parece que o
tempo parou. E que nunca nos separamos. E que nada mudou. As lembranças de um
passado bom vêm à tona , risos largos e soltos emergem, altos papos acontecem
e, sob grande cumplicidade, palavras, gestos e olhares selam o mesmo carinho,
afeto e amizade de sempre!
Quanta coisa pra contar,
pra recordar, pra desabafar, pra sentir!
E a essência de cada uma
dessas pessoas ali estava inalterada e integrada, ao redor da mesa lindamente
disposta, devidamente preparada pela eterna menina de sempre, Maria Helena, a
anfitriã que se esmerou –como sempre! -em nos receber, atentando para cada
detalhe, deixando transparecer sua marca indelével: o bom acolhimento, a
incrível receptividade!
Esse tipo de (re) encontro
é sempre memorável, um grande acontecimento, um afago na alma. É o que dá um
sentido especial à vida. É o que faz a vida valer a pena.
É um aconchego estar entre
pessoas que nos fazem tão especiais. Pessoas que nos incitam à vibração de uma
energia inexplicável , que nos movem a celebrar com categoria a vida, o
presente, o momento!
Foram horas deliciosas que
voaram deixando um gostinho de “quero mais”. Momentos gostosos demais que nos
inebriam e nos fazem acreditar que a amizade verdadeira suplanta o tempo, a
distância e tudo o mais!
(...)
E que venham muitos outros
(re)encontros, muitas boas conversas, risadas soltas, movidos por nobres
sentimentos e linda sintonia, ancorados pela alegria, pela arte do bem receber,
do bem viver...
Vida longa à amizade
verdadeira...Um brinde a ela ... um brinde a essas “meninas” que mantiveram a
doçura de alma!
E viva a
vidaaaaa!!!!Uhuuuuuuuuuuuu!
— se sentindo abençoada
FELIIIIIZ ANIVERSÁRIO,
MICHEL JR!!!!!!!!
Meu amado Michel Jr,
"Michelzinho", meu irmão de todas as horas - difíceis e alegres-,
companheiro, amigo luminoso e iluminado, te desejo toda a felicidade do mundo
neste seu dia e nos muitos dias que virão. Aprendi muito com vc,com seus sábios
toques,com suas atitudes, gentilezas e sutilezas de alma. Vc tem muito do meu
pai e muito presente esteve todo esse tempo conosco,com sua santa paciência,com
sua desmedida generosidade, afeto e atenção, nos assessorando com maestria, nos
apoiando, nos acarinhando, nos dando força pra seguir em frente! Com vc ao
nosso lado, a caminhada tem sido mais leve, tudo de triste se esvai...ficam
suas palavras boas, seu astral lindo, momentos de profunda alegria e gratidão.
Muitas coisas vivenciamos juntos e com elas aprendemos. Que vc continue tendo
sucesso em tudo o que faz, que seus sonhos se realizem, que todas as bênçãos
caiam fartas sobre sua vida. Me sinto mais que abençoada por ter vc em minha
vida, em nossa família! Privilegiada sou por dividirmos tantas alegrias,tantas
realizações, por vivermos tantas coisas marcantes que nos tornaram mais que
irmãos de sangue, somos almas-irmãs!
Obrigada por tudooooooo! Te
amamooooooooosssssss!!!!!!!
TUDO DE MARAVILHOSOOOOO PRA
VC, MEU IRMÃO,MEU AMIGO!!!!!!
E que venham muuuuitas
reuniões festivas, muuuitas alegrias...Comemore muuuito o seu dia e muuuitos
outros dias que virão!
Uhuuuuuuuuu e viva o
Miiiiiiiii!!!!!!!
Bjosssssssss
Passei a minha vida entre
livros. Eles me foram bem-vindos desde sempre. Eles me trouxeram grandes
aventuras, um certo conhecimento de coisas e de pessoas. Abriram-me portas,
deram-me aconchego físico, emocional, material e espiritual. Eles me deram
alegrias e um descortinar de novos olhares. Eles muito contribuíram para que eu
mergulhasse no mundo de cabeça, para que eu ingressasse nos grandes mistérios
da vida, fomentaram-me o prazer de incríveis descobertas, trouxeram-me
ferramentas preciosas para que eu driblasse tempos difíceis, foram companheiros
de jornada,jornada esta entremeada de momentos de prazer outros de melancolia,
perplexidade, deslumbramento, fuga...curiosidade, sede de saber, de entender o
universo que me rodeava.
A leitura sempre me
transportou a um prazer indescritível...lia de tudo, sem preguiça, sem que meus
olhos se cansassem. Letras me fascinavam, o cheiro dos livros me aguçava os
sentidos.
Paralela à leitura veio a
busca pelo entendimento espiritual . Procurei todas as
religiões...doutrinas...todas que via pela frente.
Busquei a Psicanálise. A
Filosofia. A mitologia. O extrassensorial. O misticismo.
Milhões de questionamentos
povoavam a minha cabeça...havia nela sempre muito mais perguntas que respostas,
depois de densas leituras.
Então, houve um dia em que
resolvi dar uma pausa. Houve um dia em que me dediquei à música. Houve um tempo
em que resolvi viajar. Houve um tempo em que me dediquei a amar. A me doar, a
compartilhar conhecimento. E sentimentos.
E comecei a gostar mais de
gente.
Houve um dia em que, sem
mais questionar, apenas deixei –me esvaziar de todos os meus “contéudos” e me
despi dos rótulos. E deixei fluir em mim –verdadeiramente – o meu Eu ,
fortalecido ,então, pelo tempo que me trouxe discernimento, maturidade...e as
inquietações se abrandaram.
Fiz o tempo trabalhar a meu
favor. Dei sorte. Consegui fazer as pazes com o passado e guardei dele o
melhor. Vez ou outra eu aceno pra ele – apelando apenas a coisas( e
sentimentos) melhores- pra me abastecer de boa energia e seguir em frente. Vislumbro
o meu futuro no meu hoje, meu presente.
E, principalmente, descobri
– na prática – o exercício do bem- amar através da liberação do Perdão e da
Gratidão.
E veio a mim, digamos, uma
Libertação. De tudo o que não mais fazia falta pra mim. E também do que me
fazia mal. Fiquei com o que realmente me importava. E isso me trouxe paz
interior, muita paz – mesmo que tudo a minha volta esteja em outra sintonia,
destoando dessa minha paz. Isso, consequentemente, me trouxe um outro conceito
felicidade.
Foi vital seguir em frente,
sem mais questionar.
E veio a mim a resposta. Eu
estava, então, preparada para receber o Reino que me era oferecido pelo Deus
que habita em mim. Foram embora supostas crises existenciais e questionamentos que
não me levariam a mais nada de tão concreto, explicável, justificável. Para
muitos, tal atitude pode ser chamada de alienação, nulidade.(?rsrs)
Presenciei em minha vida,
então, bruscas mudanças, rompimento com velhos padrões de pensamento, de
atitudes, o rompimento com ultrapassados paradigmas. Recebi graças, recebi
bênçãos...na mesma proporção, na mesma intensidade da minha vontade, da minha
busca, da minha fé!
Experiencei, vivenciei,
conectei-me com o Divino. Silenciei. E passei a me ouvir, a ficar atenta aos
"sinais" - os pequenos grandes milagres que se operavam em minha vida
- e a me (re)descobrir... me reinventei. Me reencontrei com Deus. (Re)aprendi a
orar, a conversar com esse meu DEUS que em mim reside!
E tudo me foi revelado. E
tive as respostas que busquei a vida toda para aquilo que me era crucial.
Houve Pessoas – várias- as
tais “pontes”indiretas, anjos intercessores de Deus que viabilizaram esse
dolorido,porém libertador processo ...Michel , Tio José Honorato Fozzati.Edina,
Tere, Jorge, Soraya, Janete, Chafia, Vinícius.
E o clichê “Vc muda e o
mundo muda à sua volta” ,hoje,cabe certinho em mim.
Tudo o que hoje escrevo,
tudo o que hoje sinto, o que hoje sou - e o que supostamente tenha ficado nas
entrelinhas- eu o dedico à motivadora primordial, o resultado desse meu
entendimento , do meu conflito Maior , da minha busca que perdurou durante toda
a minha existência: Minha Mãe.
Com ela, por ela, através
dela, descobri o significado profundo do PERDÃO e da GRATIDÃO.
OBRIGADA, MÃE , POR SEU
ACOLHIMENTO. POR TER ME DOADO O MELHOR DE VC. POR SUA GENEROSIDADE, OBRIGADA POR SEU PERDÃO!
POR ME RESGATAR. POR ME
FAZER VERDADEIRAMENTE ENTENDER O ÓBVIO. TE AMO MUITO!
VALEU, DEUS!
Vocês fazem parte da nossa
história, da nossa família desde sempre. Parceiras, amigas, companheiras na
alegria, na tristeza, vocês sempre estiveram ao nosso lado, prontas para nos
ouvirem , pra nos acudirem... sábias meninas: mãe e filha. Maria e Tânia.
Muitas coisas para contar,
para recordar, para compartilhar.
Com vocês, nossa vida, nossa
rotina sempre ficou bem mais leve. A boa vontade, a disposição e a alegria de
vocês nos conforta, nos emociona, nos fazem gratos pra vida toda.
Desejo a vcs, amadíssimas,
um Feliz Natal, Um Feliz 2015! E que venham muuuitos anos juntas conosco nesta
caminhada que vocês-com competência, carinho e dedicação-, têm abrilhantado com
essa Luz que irradia de vocês!
Que Deus continue as
abençoando com muita saúde, muitas bênçãos, muitas realizações!
Obrigada por tudo o que
vocês têm feito por nós...Hoje e sempre!!!!!
Abraços carinhosos meus e de
toda a família Gimael!
E viva a Maria, viva a
Tânia! Uhuuuuuu!!!!Amamos vocês!!!!!
Para a nossa querida
Tia Chafia
Eu tenho uma tia descendente de libaneses e , como tal,
mantém certas tradições, comportamento e jeito típicos que “delatam” a sua
origem.
Voz macia, olhos miúdos, gestos delicados, postura
elegante, é uma moça com uma linda “estampa árabe”, que
hoje faz 75 anos.
Pessoa quase silenciosa, com olhos expressivos que falam por
ela, amada por todos que a conhecem em Cosmópolis.
É presença marcante em minha vida, na vida de muita gente,
especialmente na de muitos jovens, que passavam tardes e noites gostosas na
casa dela, em Cosmos, em sua companhia, na
de seu marido, tio Jorge Baracat e dos
seus filhos - Jorginho, Yara, Meiri e
Zarif - , sempre rodeados de um bom carneiro e de uma muito bem preparada comida árabe, feita
sábia e competentemente por ela.
E tudo ali era coloridamente
salpicado de uma ótima conversa, boa bebida,
boa música, ótimo astral.
É a única irmã de meu pai. É
uma amiga confidente e sempre me
tratou com carinho, com uma atenção desmedida.
Nos últimos tempos tem vivido uma saga, percorrendo uma
verdadeira via sacra, enfrentando toda a sorte de desafios e saindo vitoriosa de todos eles , com
maestria. Mesmo bastante debilitada por conta das cirurgias, tratamentos,
hemodiálise, ela mantém a fé, não enverga, tem o coração sempre transbordando
de amor, apaixonada pela vida, pela família.
Não é de pregar a palavra, de demonstrar sentimentos com afetação, não faz alarde de
si mesma e dos outros. É reservada
e...sábia, extremamente sábia! Tem o seu
charme, o seu algo mais : ser discreta, falar e se calar nos momentos
certos -
na verdade, mais ouve que fala. Isso pra mim é ser elegante, é ser
chique.
Eu a admiro, eu a amo, eu desejo pra ela muitos anos de
vida...Ela é uma presença marcante, necessária, indispensável em nossas vidas.
Saudade de vc, tia , do seu jeito calmo de ser, da sua
ferrenha vontade de viver, dos seus “toques” sábios, da sua comida – ah, sua
esfiha, seu quibe de bandeja, meu Deus, é de arrasar!
Te amamos ...Feliz Aniversário, nossa querida Tia Chafia...muuuuuuitos
anos de vida, muuuuuuitas alegrias...em breve estarei aí pra te dar aquele
abraço.
Beijos carinhosos
Da sua sobrinha que muito te
admira.
Nossa grande família em passeio
Querido Dilmar...
Dilmar Martins, um dia vc chegou na loja do meu pai e, sorrindo, me entregou um liiindooo girassol ! Eu agora devolvo um montão deles pra vc...e que Deus te acolha como vc um dia me acolheu - lindamente!-, entre canções e mimos, em todas as vezes em que vc ia até nossa casa, sempre com um altíssimo astral, com muito boa conversa...siga em paz, agora liberto de todas as suas dores e sendo muito bem assessorado por muuuitos anjos! Bjos saudosos
Cosmópolis, 15 de abril de 2010.
QUERIDO AMIGO RODOLFINHO,
hoje faz um mês que você se foi, faz um mês que você se libertou das dores, do
sofrimento.
Você, com sua alma musical,
deve estar flutuando no paraíso
que lhe é cabido, cercado de anjos entoando melodias transcendentais ao som de
harpas e flautins.
Pensar em você é ter de volta o cheiro da infância. Em
“Busca do Tempo Perdido”, de Marcel Proust, o personagem protagonista do livro
viaja através dos cheiros para resgatar alegrias antigas.
Viajo agora através de você, mistura de cheiros e “sabores”
de ternura, alegria, sensibilidade, coragem, refúgio seguro onde me abriguei
centenas de vezes.
Passamos a infância toda juntos, você tentando em vão
apartar as brigas entre mim e o Zinho, você e eu com D. Estela e D. Nena entre
solfejos e acordes ao piano, tocando Chopin a quatro mãos.
Quando angústias e sonhos apontavam na adolescência e
juventude, lá estava você por perto,. E lá estávamos nós conversando por horas
a fio na esquina do Itaú ou sob o sol escaldante no Paredão...
Ouvíamos Janis Joplin, identificávamos com a intensidade da
voz dela; amávamos as letras, a melodia e o que ela representava: a ruptura com
a acomodação, com a mesmice, com a hipocrisia.
Você me deu o “bolachão” de vinil
dela e, agora, no final da sua caminhada eu lhe dei o livro autobiográfico.
Seus olhos brilharam intensamente e, mesmo sob o efeito da morfina, você sorriu
e me disse: “ A qualquer momento as dores passam e eu lerei, com certeza!”
Era 16 de dezembro, eu estava indo pra praia. Foi a nossa
despedida se é que podemos chamá-la assim.
Você foi mais que um amigo, foi um irmão. Você fez parte de
muitos momentos importantes. Você foi o primeiro a saber da minha gravidez, o
primeiro a dizer: “ Vá em frente, mulher, você é capaz, assuma seu poder,
impossível não dar tudo certo!”...
Você participou das festas de aniversário do meu filho e na
primeira delas foi você quem fez o bolo (de morango) arrasador para 150
pessoas. Ele cresceu ouvindo eu falar de você...
Comemorávamos, sempre que
podíamos , as pequenas conquistas, as grandes vitórias.
A você, confiei “segredos” que você levou consigo pra
eternidade. Com você, ri, chorei,desabafei, viajei.
Tivemos nossos “altos e baixos” parecidos,
identificávamo-nos com muitas coisas, exceto por você não curtir o lado
“natureba” da alimentação. Você não conseguia entender como eu conseguia comer
tantas maçãs (6 a 8 por dia!) com semente, casca e tudo...
Você não quis me devolver a foto 3X4 em que apareço
estrábica (vesga mesmo!). Você sempre me dizia que quando eu aprontasse alguma
você entraria com ela em cena pra “arrebentar”.
Nos últimos anos, afastada de Cosmos, encontrávamo-nos
esporadicamente ora em Paulínia ora em Cosmos em reuniões entre amigos e
familiares e aí, eram horas de papo e papo.
Você estava feliz com suas realizações, mais centrado do que
nunca, mais forte do que nunca, haja vista a luta que você travou pela vida.
Depois, mesmo debilitado, incentivava-me dando os seus
puxões de orelha, ria comigo, ríamos de tudo que tinha ficado pra trás de ruim
e comemorávamos onde havíamos chegado – a duras penas.
Falar de você é sentir você plenamente comigo, é saber que
tive o privilégio de ter por perto um guardião querido, um herói – menino que,
por onde passou, deixou luz, deixou carinho, deixou a essência maior: a
tradução plena do amor incondicional ao próximo!
E ainda conseguiu me dar de presente a possibilidade de
rever pessoas queridas em sua partida, deu-me a possibilidade de “rever” o meu
passado e a oportunidade de prosseguir com outros olhos.
É isso. Você é assim...um anjo inundando luz por onde passa.
Até a qualquer momento, meu doce, adorável e inesquecível
amigo, presentaço de Deus pra mim!!!!
Abraços cheiinhos de muuuita saudade!!
De sua eterna amiga
Rosana Cristina Gimael
Meu querido amigo e eu |
Tia Chafia, eu e minha mãe, D.Cida |
Inspirada pelas "meninas da minha terra"...
PARTE I - Cosmópolis
PESSOAS QUE MARCAM PRA SEMPRE!
BEL E LENA; LINDAS MENINAS |
Elas são irmãs, são parceiras na vida, na garra e na determinação. Essa parceria é linda de se ver, de se sentir! E é a lembrança dessas duas incríveis meninas, amigas queridas que, hoje, nesta madrugada fria, me inspira. Ambas são do elemento Terra, o que traduz senso de justiça, perseverança, solidez, resistência , disciplina e, principalmente, os “pés no chão”, arraigados a suas origens.
Eu as conheço há muito tempo, desde sempre: dos tempos de Usina Ester, na colônia, em tempos de Paredão; depois na “vila”, em Cosmópolis, em bailes e festas. E, com elas, dividi muitos bons momentos!
Eu as conheço há muito tempo, desde sempre: dos tempos de Usina Ester, na colônia, em tempos de Paredão; depois na “vila”, em Cosmópolis, em bailes e festas. E, com elas, dividi muitos bons momentos!
Elas são filhas de Domingo – por ter nascido em um domingo, fora assim batizado o pai das meninas - e de Helena, progenitores descendentes de italianos, de cujas famílias de imigrantes se fizeram em Cosmópolis.
Domingo, mais conhecido como Seu Tote, o severo pai, com uma certa rudeza nas atitudes e comportamento - um “turrão”, “um cabeça-dura” para uns; grosseiro ou “casca-dura” para outros –deixaria rastros indeléveis na educação dos filhos (elas também têm um irmão, o Juca ) pela intransigência, pela severidade, pela ausência de sutilezas no trato com os filhos, pelo jeito inflexível de ser: uma pessoa emblemática, figurinha carimbada em muitos “causos” da cidade. Chegam a ser cômicos os relatos sobre ele, tamanha a “sisudez” desse senhor. Mas, a despeito dessa não-demonstração de seu afeto para com a família , Domingo sempre foi um homem trabalhador-nesse quesito, inquestionável, muito bom profissional!
Helena, a mãe, contrapõe ao pai com sua leveza de ser, com sua doçura, com seu jeito terno de ser. Sempre engoliu seco as “má-criações” do homem que escolhera para ser seu companheiro até que a morte os separasse. Helena, de nome inspirador, que poderia nos remeter “ a mulheres de Atenas”, a Helena do Domingo- sim!-, também poderia servir de inspiração para poetas, músicos e também musa em centenas de versos de tantas canções ou protagonista de grandes histórias. Caberia muito bem a essa mulher tão querida, tão humana, tão sábia e, principalmente, batalhadora vitoriosa, todas as deferências e reverências.
Domingo, mais conhecido como Seu Tote, o severo pai, com uma certa rudeza nas atitudes e comportamento - um “turrão”, “um cabeça-dura” para uns; grosseiro ou “casca-dura” para outros –deixaria rastros indeléveis na educação dos filhos (elas também têm um irmão, o Juca ) pela intransigência, pela severidade, pela ausência de sutilezas no trato com os filhos, pelo jeito inflexível de ser: uma pessoa emblemática, figurinha carimbada em muitos “causos” da cidade. Chegam a ser cômicos os relatos sobre ele, tamanha a “sisudez” desse senhor. Mas, a despeito dessa não-demonstração de seu afeto para com a família , Domingo sempre foi um homem trabalhador-nesse quesito, inquestionável, muito bom profissional!
Helena, a mãe, contrapõe ao pai com sua leveza de ser, com sua doçura, com seu jeito terno de ser. Sempre engoliu seco as “má-criações” do homem que escolhera para ser seu companheiro até que a morte os separasse. Helena, de nome inspirador, que poderia nos remeter “ a mulheres de Atenas”, a Helena do Domingo- sim!-, também poderia servir de inspiração para poetas, músicos e também musa em centenas de versos de tantas canções ou protagonista de grandes histórias. Caberia muito bem a essa mulher tão querida, tão humana, tão sábia e, principalmente, batalhadora vitoriosa, todas as deferências e reverências.
OS PAIS DAS MENINAS: SEU TOTE E DONA HELENA |
Pois bem, então as meninas cresceram e, entre tantos espinhos e algumas certas ciladas do Destino, seguiram elas determinadas com Fé e, principalmente, alimentadas pelo Amor de Helena. Em alguns momentos foram mal interpretadas; em outros, discriminadas. Porém, seguiram elas pela vida, sendo coroadas pelo êxito de realizações inúmeras.
Tornaram-se lindas mulheres não só na aparência – elas arrancavam suspiros por onde passavam!-, mas em suas lindas essências cristalinas que, ao nosso primeiro “olhar além”, transmitem generosidade, compaixão, solidariedade e, principalmente, a sensação de meninas muuuito do bem! Estudaram, formaram-se excelentes profissionais, viajaram pelo mundo, vivenciaram situações lindas. Hoje são respeitadas, admiradas – e, por vezes, até invejadas! E o melhor de tudo: ainda preservam o mesmo jeito de ser e de sentir a vida.
Tornaram-se lindas mulheres não só na aparência – elas arrancavam suspiros por onde passavam!-, mas em suas lindas essências cristalinas que, ao nosso primeiro “olhar além”, transmitem generosidade, compaixão, solidariedade e, principalmente, a sensação de meninas muuuito do bem! Estudaram, formaram-se excelentes profissionais, viajaram pelo mundo, vivenciaram situações lindas. Hoje são respeitadas, admiradas – e, por vezes, até invejadas! E o melhor de tudo: ainda preservam o mesmo jeito de ser e de sentir a vida.
As meninas – haha – são elas, as irmãs Gagliardi, a Izabel e a Maria Helena. Pronto, falei.
A Izabel – Bel - tem um jeitinho meio turrão – ih, acho que é do Seu Tote- que funciona como escudo pra se defender de outras possíveis “ ciladas”, mas sempre foi doce, sensível demaaais da conta! E, com todos os desafios a ela impingidos, tem se saído muito bem em tudo a que se propõe fazer. O jeito dela que, às vezes, pode traduzir uma certa melancolia ou uma certa tristeza ; talvez tenha a influência maior de Saturno (o planeta que rege o seu signo) que possui a estranha mania de conduzi-la ,por vezes, a um comportamento restritivo-pessimista podendo levá-la a uma certa introversão ou isolamento. Nada que Mercúrio, o que rege o signo da Maria Helena, não possa amenizar já que esse planeta, mais próximo do sol, representa a infância com seu transbordamento de vitalidade e ação!
A verdade é que essa menina, a querida Bel, tem um poder que ela nem desconfia que tem. E o magnetismo que ela exerce sobre as pessoas ao redor dela é algo encantador! (E, a qualquer momento, quando ela estiver pronta, muitas lindas surpresas serão lançadas em seu caminho).
A verdade é que essa menina, a querida Bel, tem um poder que ela nem desconfia que tem. E o magnetismo que ela exerce sobre as pessoas ao redor dela é algo encantador! (E, a qualquer momento, quando ela estiver pronta, muitas lindas surpresas serão lançadas em seu caminho).
LENA E BEL: BELAS E ADMIRÁVEIS MULHERES |
A Maria Helena - Lena - é a outra menina por quem tenho grande admiração. Ela me acompanhou mais de perto em tempos áureos e, juntas, vivenciamos grandes momentos de uma época muito bem vivida.
Tem um fato que me marcou. Foi em uma ocasião em que certa forasteira, “travestida” de colunista social , disparou aos quatro ventos que ela era uma “DESLUMBRADA” – ao que ela não rebateu, apenas baixou o olhar. Sofreu calada a injúria. E o tempo provou quem era quem. Ah, o tempo, o grande senhor da verdade! E pra que rebateria Maria Helena, digna e sábia, se a vida deu a ela o que a maioria desejaria ter, tempos depois?
Hoje ela tem uma linda família-sua herança, sua bênção maior- e, a despeito de qualquer coisa que se questione, resgatou tudo o que a vida, um dia, havia lhe negado.
Tem um fato que me marcou. Foi em uma ocasião em que certa forasteira, “travestida” de colunista social , disparou aos quatro ventos que ela era uma “DESLUMBRADA” – ao que ela não rebateu, apenas baixou o olhar. Sofreu calada a injúria. E o tempo provou quem era quem. Ah, o tempo, o grande senhor da verdade! E pra que rebateria Maria Helena, digna e sábia, se a vida deu a ela o que a maioria desejaria ter, tempos depois?
Hoje ela tem uma linda família-sua herança, sua bênção maior- e, a despeito de qualquer coisa que se questione, resgatou tudo o que a vida, um dia, havia lhe negado.
A simplicidade, a humildade e a honestidade dessas meninas são tocantes. É o que me encanta , o que me inspira. Pode o tempo passar, ,ficarmos anos sem nos falarmos mas quando nos reencontramos, nós nos reconhecemos – quer sejam pelos lindos momentos ou por outros não tão lindos que vivenciamos, mas sempre por laços que nos remetem a uma certa cumplicidade e admiração. Sempre!
Ah, não posso terminar sem mencionar aqui que o Juca saiu-se uma pessoa admirável!
Não é que a “mistura” do Sr. Domingo -Seu Tote - com a D. Helena rendeu lindos e bons frutos? Ué, não é “pelos frutos que se conhece a árvore”? Pois, então, constatem vocês aí se assim não é?
E essas meninas seguem juntas, mais unidas do que nunca, solidárias a causas nobres, meninas com sutilezas de alma, meninas de atitude! Pessoas que sabem a que vieram!
Não é que a “mistura” do Sr. Domingo -Seu Tote - com a D. Helena rendeu lindos e bons frutos? Ué, não é “pelos frutos que se conhece a árvore”? Pois, então, constatem vocês aí se assim não é?
E essas meninas seguem juntas, mais unidas do que nunca, solidárias a causas nobres, meninas com sutilezas de alma, meninas de atitude! Pessoas que sabem a que vieram!
Meninas da minha terra...pessoas que, por onde passam, marcam pra sempre!
Há muitas coisas pra recordar dos tempos em Cosmópolis...aos poucos vou postando!
ResponderExcluirComo já é sabido por todos o ser humano teve sempre uma vontade especial de viajar no tempo. Mesmo com tanta tecnologia nos dias de hoje ainda não conseguimos. Não tem problema, pois existem alguns destes seres humanos com um dom incrível de, através do coração da mente e das mãos, transportarem a gente para um passado onde revivemos tantos momentos inesquecíveis e revemos pessoas que ajudaram a construir nosso caráter e personalidade. Tenho a sorte de que uma dessas "Donas da máquina do tempo" seja minha prima Rosana que adicionando seu toque de sensibilidade consegue transformar palavras no principal combustível do nosso transporte para outras épocas. Fantástico. Prima querida, parabéns pelo seu dom de valor inestimável e por, com mestria, fazer tão bom uso dele. Com amor, do seu primo Jorge Baracat (vulgo Jinho 🙂) 🌹❤️😍
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