Ah, coração, se apronta
pra recomeçar!
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ora pra lá para falar com Deus. Para pedir a Ele que a
libertasse de um amor mal-sucedido. Aiuruoca, alto das montanhas, sul de
Minas...
Pediu fervorosamente para que Ele a afastasse daquele homem tão
perigosamente sedutor, que a fizera do avesso...machucada, apaixonada,
embriagada por ele.
Se encantou com a paisagem, com as cachoeiras, com o verde, com
tudo ao seu redor.
Saíra de lá, leve, leve...flutuando mesmo. De repente mudou o
cd, não mais o cd de Marisa Monte que a fazia lembrar-se dele o tempo todo,
incessantemente...Colocou um cd da Elis
e lá veio “Atrás da porta”...descartou-o com precisão. Veio então Benjor e daí
todas as lembranças doloridas se foram...som no último, vento no rosto,
perdeu-se em um atalho...estava lá a
placa de São Thomé das Letras, um novo caminho... a curiosidade falara
mais alto, se esgueirou pelo desconhecido, pelo íngreme, queria novos caminhos,
queria se libertar do passado, queria apenas se renovar, se redescobrir.
Virou à esquerda, deu de
topo com Zeus na encruzilhada com a placa S. Thomé...perguntou ao
estranho-estátua se aquele era o caminho e se estava longe de chegar...Ele
respondera que estava a 40km dali. Levando-se em conta que a estrada era de
terra, levaria mais de uma hora pra chegar. Pediu carona, ela resistiu um pouco
dizendo que não estava habituada a dar caronas
(ainda mais para estranhos), mesmo porque ouvia som no último,
vidros abertos pro vento bater com força...mas sucumbiu, deu carona a ele, deu
carona a Zeus.
No caminho (meio contrariada com a carona, com a invasão)
desatara a falar e a falar da vida, do ex, da nova fase, tagarelava não
deixando o rapaz falar. Ele a ouvia paralisado, sob o som de Benjor, de Tetê
Spíndola...Na verdade, ficara meio que fascinado, tamanho era o furacão que
começara a invadir aquele espaço, que começava a invadir a sua vida. Mal tivera
tempo de falar, ela não dava espaço, dizia apenas que era o preço da
carona...ele tinha que ouvi-la! Riram muito, falaram depois de coisas amenas,
ela realmente o impressionara.
Despediram-se, tiraram uma foto juntos, encontraram o Ventania
em S.Thomé – um cantor pós-alternativo conhecido na região, incluíram-no na
foto...ela deixou o face pra possível contato...
Voltou sozinha, enveredando-se pelas montanhas, pelos verdes,
cantarolando feliz músicas que lhe
aqueciam a alma e, estranhamente, não pensara naquele que a machucara, não
mais...Sentia-se liberta,arrepios de uma súbita felicidade a invadiam abruptamente...magia
das Geraes¿ Presença de Deus¿
Três dias depois, abriu o Face, encontrou uma linda mensagem
dele, comovente mesmo, algo interessante que a impressionara por demais!
Já tinha chegado em casa, após 30 dias perambulando por
Minas...Não resistiu.
Pegou o carro, guiada pela intuição, pronta pra recomeçar, espírito leve, sem expectativas...voltou pra
Minas, S.T. das Letras.
Lá estava ele, de braços abertos, totalmente entregue,
disponível...veio ao seu encontro, tomara-a de beijos, rodopiando-a como se a
conhecesse há séculos.
Ela gostou. Ela realmente gostou do jeito dele, do que ele lhe
falara, dos beijos dele.
Estava liberta. Sem
expectativas. Ao sabor da vida e ao que ela poderia oferecer naquele momento:
esquecer o que passou, viver o que a vida apresentava a ela naquele momento...
Sem olhar para trás. Pronta pra recomeçar!