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maioria de nós busca
nos relacionamentos certa estabilidade, segurança - material e
emocional - alguém cúmplice, romântico,
leal, amigo, bom amante, generoso (em todos os sentidos!), que tenha uma aparência pelo menos razoável,
afinidades, gostos parecidos, estilos de vida compatíveis, nível emocional,
intelectual, cultural semelhante ao
nosso, dentre tantas outras coisas. Muitos se contentariam com muito menos...mas encontrar alguém “tão completo, tão perfeito pra nós” é uma dádiva divina. Ou pura sorte. Mas isso
não nos garante o caminho da felicidade.
Mesmo por que o conviver com alguém no dia a dia, por mais perfeito que
esse alguém possa
nos parecer, é tarefa árdua e
para muito poucos, muuuuito longe de possíveis
idealismos (ou devaneios!) que
alimentamos ao longo da vida.
Desde sempre nos incutiram que os opostos se atraem - não sabemos por quanto tempo -, que cada um
de nós tem a “sua cara-metade, a
sua alma gêmea, a sua metade da laranja, a sua tampa algum lugar,
em um determinado momento, de
preferência “ mágicos”, aparecerá a pessoa instituída também desse poder mágico
que nos fará reconhecê-la como alma
afim, a pessoa feita para nós, sob medida, de preferência com um caimento tipo
roupa da alta costura. Tudo bem até aí. Quem vivenciou tal situação, sabe bem sobre o que estou falando: é
indescritível a sensação de ter encontrado alguém que nos parece tão perfeito – nem que seja por pouco
tempo -, sem defeitos de” fabricação”.
E , é assim, a
despeito de tantos clichês que
nos acompanham vida afora, exercendo certa influência (ou expectativa) em nossas, digamos, escolhas, que muitos seguem (ou perseguem) em busca do impossível: uma pessoa bem
próxima da perfeição. Na iminência de
uma suposta frustração ou
desventura por não encontrar
o par perfeito, muitos de nós nos
acomodamos, nos desiludimos, nos
conformamos com a hipótese de que a sorte no amor é para
poucos, ou viver uma boa história com alguém está fora de cogitação por
inúmeros motivos (ou pretextos).
Então, nesse caso, o
amor se torna impossível de ser vivenciado na plenitude. Impossível por não
corresponder a tão exigentes expectativas, sim, porque não há
pessoas nem relacionamentos perfeitos. E ainda nos advêm
as surpresas: muitas vezes o que mais rejeitamos em uma pessoa, o que
mais nos faria afugentarmos dela, daquela com
quem em “sã consciência” não nos envolveríamos é o que o destino auspiciosamente nos coloca
no caminho: pessoas pra lá de imperfeitas.
Muito fácil nos relacionarmos com pessoas que, aos nossos
olhos, seriam perfeitas para nós. O
desafio é lidar com a imperfeição do outro. E, cá entre nós, quando se consegue
romper com as barreiras, com os
preconceitos - e os estigmas! - ao assumirmos alguém totalmente diferente do que
sonhamos um dia ter por perto, podemos nos
surpreender com o inusitado aprendizado, com a evolução dos
sentimentos, com as riquíssimas descobertas, com um novo significado de felicidade e de relacionamento. Mas dá trabalho. Demanda de nós coragem, audácia. Isso é para poucos, não é para qualquer pessoa.
É para aquelas que encontraram outro
significado de vida: as que vão muito além do óbvio, para as que conseguem
romper com quaisquer amarras do comodismo, para aquelas com olhar atento que
extrapola o das
aparências, para aquelas que não
se alimentam de falsas ou ilusórias
expectativas.
Para essas pessoas, o amor sempre é possível e os
relacionamentos muito mais acessíveis,
uma vez que são libertas de qualquer tipo de dogma e estão
compromissadas com elas mesmas em tirar
da vida um sentido muito maior. Essas
pessoas são únicas, têm um certo brilho
incomum nos olhos, uma luz que se
irradia por onde passam. São elas as mais
criticadas, já que romperam definitivamente com certas convenções arcaicas, ousando
vivenciar novas sensações, novos sentimentos.