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oje eu acordei com saudade de um montão de coisas...Pra variar, de tudo o que vivi em Cosmópolis, minha
cidade natal .Da cidade de Paulínia que me acolheu maravilhosamente bem em
todos os sentidos. Do Rio Branco, colégio onde aprendi muuuito, especificamente
saudade do visual dele, das cores dele...Dos meus alunos incríveis e de tudo
que vivenciei com eles.Da minha família, dos meus amigos, professores ou
não.Dos meus gatos, das minhas plantas, dos meus bolachões, dos amores antigos
e bem vividos, da infância, dos longos papos madrugada afora com meu primo
Jorginho Baracat, das mesas fartas e engordativas, das festas de arromba, dos
altos papos com o pessoal do RB e do Supla, do pão de queijo da Eli
AP.Bottcher, de sair de madrugada de carro sem destino e parar no
Guarujá...Saudade do Guaru, onde vivi muuuitos anos de temporadas deliciosas,
com um pessoal bacana, saudade até de suar (!¿)....!!!!! Do meu filho bacana,
do posto 9, das minhas andanças, das praças, dos bosques, dos clubes, dos
bailes do CFC, das cachoeiras, do café
da tarde da vó Dinorah e da Tia Tê, do
sítio do tio Emílio Tetzner, do charmoso e arrojado “saloom” da mineira de
Alfenas, d. Auxiliadora com suas balas de café, da modista de Campinas,
Mariazinha, da costureira Mafalda de Cosmos, da Neide cabeleireira, do Augusto
da farmácia, do meu amigo-irmão Rodolfinho, dos brechós descolados de Barão e
de de Sampa,da efervescência de Sampa, da Galeria do Rock, da av. Ipiranga com
São João, onde morei por uns tempos, do Largo do Pará da década de 90,da turcaiada, da
italianada, da comida da mãe, do óleo de dendê dourando a pele, dos papos com o
tio ZéNato, dos papos com a cúmplice
Rebeca, minha afilhada, das risadas do Edu,feito pipoca estourando na panela
...saudade do Eden bar, dos camarões empanados do Castelo, da padaria do Nico,
saudade de Minas, do bonde de Campinas da minha infância...de tudo, de
todos!!!!!
Aí, abri a janela...lá estava ele, o Mar anil, brilhaaaaando,
ofuscando a vista, o vento mais morninho hoje, o verde turmalina dos pinheiros,
os quarentões bem postos surfando, os
cães a minha espera, o barulho das altas ondas quebrando nos rochedos, as
montanhas impávidas...
Então, tudo ficou para trás, devidamente guardadiiiiinho,
represadiiiiinho, emolduradinho num quadro guardado no coração....Aí, a saudade
e as doces recordações deram lugar a uma
explosão de sensações de-li-ci-o-sas, a um chamado sonoro me acordando para o
hoje e nada mais!
Olho para o espelho -fiz
as pazes com ele, a duras penas-, digo-lhe bom dia, desintoxicada, muito mais
leve, de bem com a vida e “o que ela me trouxe”, “ouço” a paz se instalando, uma música de Antunes,
releio alguns versos de Neruda, Pessoa e Quintana pregados estrategicamente na parede do quarto, pra não
me esquecer nunca de que o tempo é
fugaz, de que tudo é fugaz e me detenho
apenas no que é mais sagrado...O hoje urge, o hoje me chama!
Sinto que tudo de bom que vivi, ressoa hoje em mim de forma
gratificante, me faz seguir segura, feliz, liberta, pronta pra
recomeçar, sem olhar para trás, sem me deter naquilo que poderia
ter sido e não foi...percebendo que preciso, hoje, de muuuito pouco para ser
feliz, muuuito menos do que eu imaginei um dia. Isto me faz privilegiada, isto
me faz um pouco mais sábia, mais desapegada, despojada ... e me descubro com um
certo brilho nos olhos, coberta por uma espécie de manto que me imuniza de
coisas que hoje já não me dizem mais nada e antes eram tão vitais, essenciais
mesmo.
Escancaro o portãozinho rústico, os cachorros se empoleiram em
mim, me envolvendo em abraços longos e esfuziantes, seguem comigo feliiiiizes
como eu, agora...e eu apenas quero perpetuar este momento...É o que vale, é o
que realmente importa...Seguir em frente, sem olhar para trás!
E todas as doces recordações...ficam guardadas pra sempre no meu
coração, provendo linda e docemente a
minha alma, o meu espírito!
E lá vou eu para os braços de Netuno...
Carpe Diem!