Meu caro amigo Stuart
"Brau", como está o frio por aí? Você deve estar chegando por esses
dias, mas já vou lhe adiantando as últimas - já que você deve ainda estar “em
trânsito” e bastante atribulado-, caso você não saiba ainda ou tenha outra
versão dos fatos.
Enfim, o grande dia chegou:
Copa do Mundo no Brasil sil sil sil !!!! We are One!
Na verdade, meu querido, um
dia antes do grande evento, devo-lhe dizer que nossa Presidente, em rede
nacional , fez o seu discurso, um tanto eleitoreiro, mas o fez. Com um tom um
tanto carregado, mas o fez. Criticou aqueles "que chegaram ao ridículo de
prever uma epidemia de dengue na Copa em pleno inverno no Brasil”. Ela se
esqueceu de dizer o que está acontecendo na cidade de Campinas, interior de
S.Paulo: a maior epidemia de dengue de todos os tempos.
Dilma também se referiu a
obras de mobilidade como ganhos. Citou avenidas, viadutos, pontes, metrôs, vias
de trânsito rápido e avançados sistemas de transporte público. Jornais menos
sensacionalistas rebatem-na dizendo que “todos os cinco projetos
de transporte sobre trilhos
foram excluídos do plano. Corredores de ônibus (BRTs) estão sendo entregues
incompletos”. Epa, e o trem-bala não chegou!?
Em educação e saúde, afirmou
a Presidente, as esferas federal, estadual e municipal ‘investiram’, desde
2010, cerca de R$ 1,7 trilhão. Refrescando a memória, diz um suposto sabedor
dos fatos: “Só se chega à cifra de R% 1,7 trilhão se contabilizados, além dos
investimentos, gastos com custeio e pessoal”.
Bem, mas voltando ao tal
esperado dia, querido amigo, a respeito da abertura da Copa, devo lhe dizer
que, por aqui, a coisa esquentou os ânimos dos milhões de “críticos”, de todas
as partes do país.
Houve toda a sorte de
comentários, que vieram dos anônimos aos famosos.
Reclamaram da curta aparição
– dois segundos! - do Exoesqueleto que chutou a bola na abertura ; o chute do
projeto Andar de Novo , que sabemos ser um passo enorme para nossa ciência, a
despeito da questionável (prática) pesquisa do neurocientista brasileiro Miguel
Nicolelis.
E , depois, muito se falou a
respeito do fiasco da apresentação: pobre, sem brilho, vergonhosa, indigna do
povo brasileiro!
Ora, você sabe, a
diversidade cultural do nosso país é riquíssima, vasta, variada, de norte a sul
do país e me parece que o povo se sentiu humilhado - e lá vem o tal complexo
vira-latas, tão apregoado -, ao constatar
que isso não foi explorado a contento para um evento ( e para um país!) desse
porte.
Para quem está acostumado
com "o maior espetáculo da Terra", com uma Marquês de Sapucaí, claro está
que a abertura frustrou a milhões.
Outros esperavam algo
hollywoodiano, digno de um país “rico” como o Brasil. Esperava-se ver a
exuberância das escolas de samba afamadas e brilho, muito brilho...e como dizia
Joãozinho Trinta: “Quem gosta de pobreza é intelectual; o povo gosta de luxo” ,
ao justificar a ousadia de suas criações nas escolas de samba cariocas.
Sabemos também que a
diversidade musical e as riquezas naturais de nosso país são de tirar o fôlego,
isso pra não dizer da nossa gastronomia. E todos aqui reclamam, Brau, que nada
disso foi explorado como assim, merecidamente, deveria ser!
Questionaram o porquê da
contratação de uma belga que não conhece nada do nosso país, para realizar tal
abertura e não a de profissionais brasileiros de renome, gabaritados,
capacitados pra "arrasarem" na organização do evento.
Aí, “massacraram” sobre a
aparição dos “cantores”, J.Lopez, Pitbull e Claudia Leite. Houve problemas com
o som na transmissão e as imagens exibidas para todo o mundo foram ao ar com um
vergonhoso delay - atraso no som - em relação ao que ocorria no gramado do
estádio. “A falta de sincronismo entre som
e imagem passou a impressão
de que Claudinha, Jennifer Lopez e Pitbull estariam fazendo playback, expondo
os artistas ao ridículo nas redes sociais”.
J.Lopes, apesar da
sensualidade latina explícita, deixou a desejar com a falta de vibração; ao
contrário de Claudia Leite (emocionadíssima, como milhões de nós, claro!) que,
aliás, estava com um modelito, segundo diz a boca miúda - não tão miúda assim -
de dois milhões de reais (?!). Sim, dois milhões de reais custou o seu look
tupiniquim: um "macaquinho" cravejado de cristais swarovski, ela
devidamente montada em um sapato de quase cinco mil reais, vindo da Itália, sob
encomenda dela, especialmente para adornar seus pés. Claro, sem contar com os
acessórios, lindas e caríssimas joias. Bem, o tal Pitbull...um Pitbull mesmo
rsrsrs. Mas esse meu comentário pode soar “despeitoso”, meu amigo. Releve!
E todos se perguntavam:
“Cadê os nossos geniais e criativos músicos”?
(...)
O que se sabe é que a FIFA é
quem decidiu tudo, inclusive soube eu que a delicadeza do gramado, dentre
outras coisas, não permitiriam grandes estripulias, além do que o tal
espetáculo foi durante o dia, daí a ausência de brilhos, luzes etc e tal.
Dizem que jornais de todo o
mundo criticaram duramente o vexame do evento. Eu, particularmente, vi alguns
deles linkados pela suspeita ( duvidosa!) VEJA. Eu realmente não vi fontes
fidedignas que dão conta
disso. Não por enquanto. Vale lembrar, caro amigo Stuart, que a Net nem sempre
colabora comigo.
O que para mim, como
brasileira, pegou mal, muito mal, foi assistir ao vexame de uma elite (ou
classe emergente?) ao gritar a plenos pulmões palavras de baixo calão à
Presidente do país - não tão carismática e convincente bem sei! -, à autoridade
Dilma Rousseff, democraticamente eleita pela maioria do povo.
Ali, naquele estádio,
estavam famílias que podem pagar pelos exorbitantes ingressos, ali estavam
pessoas dessa tal “elite branca” que, com certeza, podem pagar colégios muito
bons para seus filhos. De nada adiantam diplomas, títulos, dinheiro, se não
houver educação, o tal berço, hoje esquecido e tripudiado. A calamidade do
ensino no país não se restringe só à falta de vontade , ao descaso dos políticos
desta nação, todos nós sabemos, não é Brau? Educação vem de casa, é
responsabilidade da família! Ali, naquele recinto, com certeza não havia
favelados ou a “proliferação” de pobres - e aqui nem cito negros, favelados -
para que muitos, como sabemos, justificassem tal comportamento - fala comum
entre aqueles da classe emergente ou não.
Se o descontentamento é tão
grande assim com tudo o que estamos vendo, vivenciando – e sem falar dos
protestos violentos pipocando por aí tampouco as greves – , então, que se faça
valer o maior protesto de todos os tempos em outubro, nas eleições, você não
concorda, gringo?
Apesar disso, meu caro
amigo, o Brasil se saiu bem, muito bem, no jogo contra a Croácia, mesmo com um
gol contra do nosso Marcelo.
Finalizo, dizendo a você,
meu amigo, que eu, ao ouvir o Hino Nacional, debulhei-me em lágrimas, pra
variar. É sempre de arrepiar...
E inspirada agora pelo nosso
talentoso músico Milton Nascimento ( e o parafraseando!) em uma de suas
antológicas canções, digo-lhe: Para ser brasileiro é preciso ter força, é
preciso ter raça e é preciso ter garra sempre. Essa é a marca do verdadeiro
espírito brasileiro. E ser brasileiro não é para qualquer um não, Stuart Brau!
Te espero no Posto 9, como
sempre! E iremos comemorar o seu níver, com um certo atraso...mas assim o
faremos em grande estilo, como nos velhos tempos...e já lhe desejo os Parabéns
e toda a sorte do mundo nessa sua nova fase, no Brasil!
Abraços
RÔ